Não é preciso nenhum estudo científico ou grande investigação para perceber que correr na praia, um hábito que tem vindo a conquistar mais adeptos, é bastante mais exigente que na estrada. No entanto, os estudos existem e alguns defendem que a corrida na areia exige 1,6 vezes mais energia do que correr numa superfície dura, devido, em grande parte, ao trabalho mecânico que o nosso corpo tem de executar para sair da mesma.

Além disso, estando no meio da natureza, também terá de lidar com alguns fatores inesperados, que podem ser atenuados se seguir os nossos conselhos. Provavelmente, ao correr na areia, sentirá que se torna mais lento, devido não só ao piso, mas também ao vento ou até a algum desconforto de luz. No entanto, não faz mal. Mesmo que o seu ritmo não seja tão rápido, a exigência é bastante superior.

A praia é, sem sombra de duvida, um cenário perfeito para uma corrida. Mas, mesmo que o faça antes das 8h00 da manhã, o mar atua como um refletor e árvores é algo que não existe em abundância. O protetor solar, juntamente com um boné, são dois dos cuidados mais importantes. Os óculos escuros também podem ser uma boa opção, devido à luz. Existem, no entanto, outros fatores a ter em conta:

- A escolha da praia

A não ser que esteja numa corrida organizada (e aqui a escolha não depende de si), tenha em atenção o tipo de praia onde vai correr. Fatores como a extensão de areia, a superfície (caso vá correr descalça procura o mínimo de conchas ou pedras) ou a frequência da praia (nunca é agradável correr a esbarrar com pessoas ou cães) são tudo detalhes cruciais para não ficar frustrada.

- O problema das marés

Mesmo que goste de lidar com o inesperado e de se autosuperar, o ideal será sempre correr com a maré-baixa, aproveitando a areia molhada que lhe oferece uma superfície mais rija. Planeie a sua corrida e consulte as marés em sites como o Hidrografico.pt/previsao-mares.php. Vai ver que, mesmo com areia molhada, a dificuldade já é interessante.

- De biquíni e traje de banho ou equipado com calções?

Percebemos que com tanto calor lhe apeteça ir o mais leve possível, mas o apoio do peito, no caso das mulheres, continua a ser crucial. Além disso, os materiais de corrida continuam a evoluir, sendo hoje mais leves. A utilização de peças que favoreçam a respiração natural da pele e o uso de calções são, assim, preferenciais.

- Descalço ou calçado?

A areia molhada pode ser ótima para correr calçada mas, o ideal mesmo, é optar por ténis de trail. Se pensar em correr uma grande distância, não será má ideia usar um lubrificante nos pés. Correr descalço pode ser uma experiência interessante na areia, se estiver já muito habituado a fazê-lo. Se o pé estiver habituado a ter um apoio extra, pode causar tornozelos, músculos da barriga da perna sobre a parte superior dos pés e tendão de Aquiles doridos.

Além disso, a areia é uma superfície abrasiva, o que pode originar alguns cortes e bolhas na planta do pé. Se quiser experimentar correr descalço, é preferível começar com tempos ou distâncias curtas e ir aumentando a partir daí. Comece com 15 a 20 minutos numa primeira corrida e vá aumentando cinco minutos de cada vez.

- O poder da música natural

Embora seja boa ideia levar o telemóvel consigo caso surja alguma dificuldade, desta vez tem música ambiente natural, proporcionado pelo som do mar. Aproveite!

As preocupações dos fabricantes

Tara Shick, product line manager da Nike, concorda com a Saber Viver. «Os pés são uma das zonas mais ativas do nosso corpo. Um bom calçado é essencial para uma performance ótima», refere. Para a product line manager, quando se fala dos Nike Free RN Motion Flyknit, os comentários são de uma «experiência de barefoot» e «liberdade de movimentos», provavelmente devido à tecnologia que está incorporada nestes ténis.

Uma entressola feita de materiais auxéticos com a forma de três estrelas geométricas que imita a reação que o corpo e o pé têm perante a força, tendo em consideração a variação de tamanho dos nossos pés, que acontece no momento da corrida, cerca de um tamanho acima em comprimento e dois em largura. Com o aumento de mobilidade que o novo modelo permitia, os designers tiveram de repensar as costuras.

As costuras e o modo de unir as diferentes camadas da sola que, no seu estado original, iriam impedir a dinâmica desta nova versão. Assim, tomaram partido da maleabilidade de uma parte superior com tecnologia Flyknit, esticando-a para baixo do pé e criando uma só camada que funciona em harmonia com as novas ferramentas deste modelo. Tira Shick assume mesmo que «este modelo foi criado para ter um desempenho diferente tendo em conta as superfícies, peso corporal e por aí fora...».

«A teoria por detrás dos materiais auxéticos é que se movem dependendo de onde se encontra o impacto», acrescenta ainda esta profissional. O conceito Nike Free nasceu em 2001 quando testemunhos de um lendário treinador inspirou designers a criarem uma modelo de calçado que replicasse a sensação de um pé descalço a treinar, mas incorporando proteção e suporte.

Texto: Ana Ferreira