A dor assenta na transmissão de impulsos nervosos que são depois mediados por aspetos psicológicos. Apesar de universal, trata-se de uma experiência subjetiva. A forma como a percecionamos varia individualmente, havendo uma atuação intensa do lado psicológico. "Aspetos da área da cognição, do comportamento, das emoções vão mediar a forma como somos capazes", sublinha Maria do Rosário Bacalhau, psicóloga.

"Vão interferir com a forma quer de nos confrontarmos com a dor quer de a sentir como mais ou menos intensa", esclarece ainda a especialista. Neste contexto, existem diversas estratrégias a nível comportamental e cognitivo que nos podem ajudar a controlar a dor de forma eficaz e que são postas em prática no campo da psicologia. Verifique-as de seguida:

- Autoverbalização

Quanto mais positivo for aquilo que dizemos a nós próprios, mais resistência temos à dor. Dizer ou pensar frases como "Eu sou capaz de ultrapassar esta situação" é uma preciosa ajuda, dando-nos maior capacidade de ter o controlo da situação.

- Planear atividades

A dor pode limitar a participação da pessoa em atividades, o que não só a leva a ter sentimentos de desespero como afeta a sua autossuficiência. A programação de atividades exequíveis, de forma progressiva, é um estímulo à sua autoestima e à sensação de que domina a sua própria vida.

- Abstração

O envolvimento em atividades que dêem prazer, ajudam a descentralizar do problema. O objetivo é que se focalize a atenção numa situação que não a dor, relegando-a para segundo plano. Esta estratégia não só permite aumentar a tolerância à dor como diminuir a sua intensidade. Ler, ver televisão ou ouvir música são algumas alternativas.

- Relaxamento

Quanto menos ansioso e tenso se estiver menor é a dor que se sente. Isto pode ser conseguido através de técnicas de relaxamento muscular ou imagéticas. Na primeira, com respiração lenta e rítmica, vai-se relaxando um grupo muscular de cada vez até atingir o relaxamento global. Na segunda imagina-se uma situação em que se está mais tenso e depois vai-se reduzindo progressivamente a tensão, diminuindo a ansiedade e consequentemente a dor.

- Registo da dor

É importante, nomeadamente para quem é mais pessimista. Existem escalas de dor que os indivíduos seguem para fazer registos diários da sua intensidade que são depois convertidos em gráficos pelo psicólogo que o acompanha, permitindo avaliar a evolução feita pelo doente e demonstrar-lhe, com dados concretos, que a sua situação, de facto, melhorou. E logo trabalhar e alterar percepções e sentimentos equívocos.

Texto: Nazaré Tocha com Maria do Rosário Bacalhau (psicóloga)