A investigação a nível das Neurociências vem dar uma ajuda preciosa a esta área, nomeadamente, os estudos de Alex Korb, da Universidade da Califórnia em Los Angeles.

Às vezes parece que por muito que gostássemos de ficar melhor, o nosso cérebro não o consegue fazer, aparecendo emoções como a culpa ou a vergonha. Estas emoções ativam o mesmo circuito no cérebro: o centro de recompensa.

Além destas, a preocupação faz com que se sinta um pouco melhor a nível cerebral, quase na lógica de “ao menos está a fazer alguma coisa com o problema: mesmo que seja simplesmente preocupar-se”. A preocupação acalma o sistema límbico, baixando a actividade da amígdala (centro emocional do cérebro) ao aumentar a atividade do córtex pré-frontal (responsável pelo raciocínio e análise). Resumindo: para alguém com ansiedade, preocupar-se é adaptativo a curto prazo, mas a longo prazo provoca bastante sofrimento.

Os neurocientistas encontraram então uma pergunta que pode mudar estes circuitos neuronais: Por que coisas na vida está grato/a?

A Gratidão afeta realmente o nosso cérebro a nível biológico, aumentando um dos neurotransmissores responsável pelo bem-estar psicológico: a dopamina. Explicando de uma forma simples, vai ter efeitos semelhantes a alguns antidepressivos. Sentir-se grato/a ativa a região do cérebro responsável pela produção de dopamina, dando-lhe uma maior sensação de bem-estar. Adicionalmente, a gratidão face a outras pessoas aumenta a actividade dopaminérgica em regiões associadas às interacções sociais, tornando as mesmas mais prazerosas.

A Gratidão aumenta também outro neurotransmissor responsável pelo bem-estar psicológico: a serotonina. Ao tentar pensar naquilo pelo qual está agradecido/a na vida, leva-o/a a focar-se nos aspetos positivos da mesma, o que promove um aumento na produção de serotonina no Córtex Anterior Cingulado, com todos os benefícios a ela associados.

Pode estar neste momento a pensar “Mas há alturas na vida em que é tão difícil pensar naquilo pelo qual somos gratos”. É verdade, há momentos em que o sofrimento é tão intenso que a única coisa que conseguimos fazer é preocupar-nos, sentirmo-nos ansiosos e tristes. Lembre-se que a curto prazo o seu cérebro se alimenta disso e vai gerar um ciclo de recompensas.

Este ciclo pode começar a ser quebrado por algo tão simples como perguntar-se pelo que está agradecido na sua vida. Na realidade, não é encontrar a resposta que mais importa, mas é sim o acto de pensar sobre isso que aumenta os neurotransmissores responsáveis pelo bem-estar.

A gratidão está igualmente presente na filosofia do Mindfulness, uma forma de meditação, cuja prática está também associada a um aumento de bem-estar generalizado.

Ana Sousa

Psicóloga Clínica

Psinove – Inovamos a Psicologia

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