A ciência anda intrigada com o yoga. De tal forma que os estudos sobre os resultados da prática desta disciplina oriental milenar (a que o ocidente aderiu especialmente a partir da década de 1960) têm-se multiplicado. Uma dessas investigações, realizadas pela Universidade de Wisconsin, demonstrou que a realização de exercícios de meditação, durante várias semanas, promove o aumento da atividade cerebral em áreas ligadas às emoções positivas. Pátañjali, sábio indiano, já tinha essa noção há milhares de anos. Dizia que o yoga é a «paragem voluntária dos turbilhões da mente».

Assim é esta disciplina que não só nos permite gerir o stress, como atingir um estado de equilíbrio entre o domínio físico e psicológico. Não é isso que quer? Para isso, há que conhecer os princípios basilares desta filosofia. A palavra yoga em sânscrito significa união e o seu principal objetivo é unir o corpo e a mente, através de posições (asanas) combinadas com exercícios de respiração (pranayamas).

Tal como na teoria da acunpuntura, segundo a qual a energia do corpo (qi) flui pelos canais, no yoga a energia (prana) flui ao longo dos canais (nadis) que, de acordo com esta disciplina, ao ficarem bloqueados afetam o correto funcionamento do nosso organismo. Assim, a prática do yoga deve estimular os pontos de energia (chakras) que se encontram no centro da testa, da garganta, da coluna, do coração e do umbigo e perto do diafragma.

O mito da religião

É a vertente espiritual ligada ao yoga que ainda provoca alguma desconfiança nalgumas pessoas mais reticentes. Firminiano Fonseca, professor desta disciplina, desmistifica qualquer ligação a uma religião, afirmando que «o yoga é completamente ateu». «Através da sua prática assídua e contínua existe um desprendimento da componente física, da qual estamos demasiado dependentes, e descobrimos a nossa espiritualidade que sempre existiu, mas à qual não damos muita relevância», sublinha.

Benefícios comprovados

Um dos principais atractivos do yoga é o facto de poder ser praticado por qualquer pessoa, pois praticamente não envolve contraindicações. Para além dos seus benefícios amplamente comprovados ao nível da redução de stresse e do estimulo da descontração, o yoga parece ter um efeito calmante em pessoas que sofrem de insónias. Também se demonstraram os seus efeitos positivos em quadros como tensão arterial elevada, dores nas costas e ansiedade crónica.

Mais recentemente, um estudo apresentado pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica, com base numa investigação, sublinha o papel do yoga na recuperação física de pacientes que se submeteram ao tratamento de cancro da mama. Em Portugal, tal prática de está longe de ser a mais recorrente, mas em muitos outros países da Europa e dos Estados Unidos da América essa tem vindo a ser uma prática comum.

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Iniciação ao yoga

O tipo de yoga mais praticado no nosso país é o hatha yoga (uma forma mais técnica e física da disciplina), o que se explica pelo facto de ser a vertente do yoga mais próxima do fitness, tendo inclusivamente dado origem a variações como o pilates ou o body balance, explicou-nos Firminiano Fonseca. O hatha yoga é considerada a variante que mais desenvolve as capacidades psicofisiológicas. «Ha» significa sol e «Ta» lua. E, juntos, representam a união entre o feminino e o masculino, a união do equilíbrio entre a mente e o corpo.

Nestas aulas, é dada atenção especial às posições, respiração e meditação e a sua prática depende do professor e da preparação do aluno. O mais importante é que escolha um instrutor experiente. Segundo Firminiano Fonseca, nessa seleção, «deve-se ter em conta o curriculum do professor, pedir a certificação do curso e o contacto da escola onde se formou, sendo esta a única maneira de se confirmar se está apto a dar aulas ou não.»

Depois passe à prática, «experimentando aulas (por exemplo num ginásio) e, se possível, em diversas escolas, para avaliar qual a abordagem que mais se adapta às suas características pessoais», recomenda o professor. Uma vez pronto para ir às aulas, deverá optar por um vestuário confortável que lhe permita mover-se com facilidade. Geralmente, as aulas de yoga são particadas com os pés descalços e idealmente pelo menos duas vezes por semana.

De acordo com Firminiano Fonseca, será essencial que tenha «disponibilidade física para aprender a libertar o corpo da tensão que vai acumulando. Na vertente psicológica, terá de investir algum esforço e persistência, visto não ser fácil criar registos novos em termos mentais. No entanto, com a prática assídua, cria-se uma maior tranquilidade que permite enfrentar as solicitações do dia a dia. E por que é que não experimenta?

Mini-dicionário

Comece a familiarizar-se com às expressões que vai ouvir se frequentar uma aula de yoga:

- Asanas: Posições que favorecem a meditação

- Chakras: Pontos de irradiação de energia que se localizam entre a base da coluna dorsal e o topo do crânio

- Mantra: Cântico de palavras sagradas

- Meditação: Técnica de atenção interior destinada a encontrar paz

- Nirvana: Estado de paz total

Om: Palavra utilizada em mantras e entoada durante a meditação

- Prana: Energia da vida ou corrente energética

- Pranayama: Controlo do sistema nervoso pela respiração

Texto: Paula Nascimento com Firminiano Fonseca (professor de yoga)