Venho falar-lhe outra vez sobre a mudança de comportamentos. É fulcral mudarmos os maus comportamentos que temos, dando lugar a comportamentos mais saudáveis e adaptativos. Claro que é difícil mudar. Como sabe, somos feitos de hábitos e a mudança (por melhor que seja) é sempre difícil. "Se eu estou bem como estou, para que vou mudar?" Mas agora pergunto: será que está mesmo bem? Será que não há nada que a incomode? Não há nada que está a fazer que poderá estar a comprometer a sua saúde?

Era aqui que queria chegar. O estado de saúde. Certamente que esse foi um dos desejos para 2016, não? Ter mais saúde? Ser mais saudável? Emagrecer? Fazer exercício físico? Deixar de fumar? Dormir mais? Ter mais calma? Trabalhar menos? Tirar mais tempo para mim e para a minha família?

Isto são tudo desejos que, de uma forma ou de outra, estão relacionados e influenciam a nossa saúde. Mas então se todos sabemos isso, à partida, porque não fazemos nada? Porque não emagrecemos (se isso poderá comprometer a nossa saúde)? Porque não deixamos de fumar (se isso aumenta a minha probabilidade de ter cancro do pulmão)? Porque não começamos a fazer mais exercício físico (se aumenta a minha esperança de vida)?

Como a vida não é feita de “ses” vou-lhe explicar porque é que não consegue mudar. Porque é que, apesar de escrever os desejos, de tentar e voltar a tentar, as coisas não correr como tinha previsto?

Prevenção

O ponto fulcral para que possa entender todo este processo é: o seu estado de saúde influencia toda a concepção que tem sobre a saúde. Ou seja, as pessoas têm comportamentos de saúde apenas para prevenir doenças. E como não se sente doente, como não tem sintomas de nenhuma doença grave não muda (porque acha que não precisa). Porque ainda não teve um fator "decisivo" para mudar.

Segundo vários estudos, a mudança dos comportamentos depende da quantidade de informação que as pessoas têm sobre o tema específico (por exemplo, sobre o tabaco ou sobre a obesidade). Também se considera que o fator medo é fundamental para a mudança comportamental. Quando aparece algo estranho no nosso corpo, ficamos com medo e isso poderá influenciar a nossa visão sobre a saúde.

Agora pergunto: não será melhor adotar comportamentos promotores de saúde, ou seja, um estilo de vida saudável? Não será melhor começar a preocupar-se mais consigo própria? Não será melhor, no fundo, pôr em prática os desejos que pediu para 2016?

Porque depois, quando chega a doença… Já não há nada a fazer!

E qual é que pode ser o impacto de ter uma doença? Primeiro que tudo, para avaliar o impacto da doença, é importante avaliar a qualidade de vida. Adoecer implica muito mais do que ficar doente. Adoecer implica uma rutura do sistema ou de um órgão; uma mudança no estilo de vida (o tratamento, o relacionamento social, nas atividades de lazer); um provável mal estar; um impacto nos próximos que estão à sua volta; um questionamento sobre o futuro e, ainda, um contacto com um sistema estranho para si, que pode não estar habituado (o sistema de saúde).

Portanto, mude! Mude para melhor, para se sentir bem consigo própria e para que a doença apareça só quando já “não houver mais nada a fazer”. Que o  início do novo ano seja também o início de uma nova fase e, quem sabe, de uma nova vida…

Mafalda Leitão, Psicóloga das Clínicas Em Forma