Imagine o leitor que vive no Porto e que é tomado pelo desejo súbito e irreprimível de umas amêijoas em modo de canjinha apaladadas com umas ervas frescas e um pingo certo de azeite. Um sabor temperado a sul. Na inversa, pense o leitor sediado em Lisboa numas tripas à moda do Porto servidas com os preceitos da Invicta. Os quilómetros que separam as duas cidades podem não ser obstáculo para uma jornada gastronómica nos dois sentidos, mas que cansam, cansam. Aquilo que o evento “Mesas Bohemias” nos propõe nos próximos meses é aproximar o Sul e o Norte do Portugal gastronómico e promover o intercâmbio de chefes de cozinha nos dois sentidos.

Um almoço de degustação na Escola de Hotelaria de Lisboa serviu para apresentar esta iniciativa que tem uma intenção primeira: “Dar a conhecer os bastiões da cozinha portuguesa”, referiu o foodie Rodrigo Meneses que dá a cara por estes jantares em torno da “cozinha de tacho”. Refeições que contam com um segundo intento, promover a maridagem entre esta cozinha de pendor mais regional e uma bebida um tanto ou quanto esquecida nas harmonizações culinárias, a cerveja, no caso vertente a gama Sagres Bohemia, constituída pelas referências “Bohemia Trigo”, “Bohemia Bock”, “Bohemia Puro Malte” e “Bohemia Original”.

“Mesas Bohemia”, os jantares onde os restaurantes vão trocar de cidade
Tapas de muxama de atum, uma das propostas da chefe Noélia.

O evento (consultar página oficial aqui) é democrático com cinco iniciativas meridionais e outras tantas setentrionais. Isto a começar entre 30 de março e 2 de abril com três jantares em Lisboa com a presença da chefe portuense Inês Diniz, do restaurante Casa da Inês. Como casa anfitriã, na capital, vamos ter o restaurante D. Afonso O Gordo. Cada jantar tem mesa aberta para 60 comensais que poderão adquirir previamente o ingresso na Ticketline. Trinta euros por cabeça garantem uma refeição de prato cheio: como entrada, uma Broa de Avintes, seguida de umas bolinhas de alheira com agridoce de abóbora e umas sardinhas de escabeche e bacalhau à Gomes de Sá. Para acompanhar, uma “Bohemia Puro Malte”, uma cerveja com corpo e com um certo amargor, ideal para limpar o palato quando o prato tem molho ou alguma gordura.

“Mesas Bohemia”, os jantares onde os restaurantes vão trocar de cidade
Filetes de polvo com arroz do mesmo, uma proposta da chefe Inês Diniz.

Nos principais, a chefe Inês propõe-se apresentar uns filetes de polvo com arroz do mesmo (do mesmo exemplar, entenda-se) e umas tripas à moda do Porto. As harmonizações fazem-se, respetivamente, com uma “Bohemia Trigo”, uma cerveja com base em maltes de trigo e cevada, leve e refrescante e com uma “Bohemia Original”, uma cerveja densa que aguenta bem a complexidade do prato. A fechar este jantar em quatro momentos, nas sobremesas, a aletria e rabanada, dois espécimes que são imagem de marca do restaurante de Inês Diniz.

“Mesas Bohemia”, os jantares onde os restaurantes vão trocar de cidade
Sardinhas de escabeche, um prato produzido pela chefe Inês Diniz.

Por sua vez, de 6 a 9 de abril é o Sul que visita o Norte. Os jantares seguem as mesmas regras a sul, no que respeita a preços e compra dos ingressos. Desta feita será o extremo meridional a ir de armas e bagagens até outras latitudes, mas concretamente o restaurante Noélia, da homónima chefe Noélia, senhora de apuro na cozinha e defensora acérrima da produção local. No restaurante BH Foz, no Porto, Noélia promete uma mesa carinhosamente algarvia, com uma entrada em torno da muxama de atum. Segue-se uma canja de amêijoas a casar com uma “Bohemia Trigo”. Ainda no mar, a sugestão seguinte recai num polvo trapalhão com batata-doce, harmonizado com uma “Bohemia Bock”, cerveja que acompanha bem estufados, dado os seus maltes torrados. Do litoral para o interior, a mesa de Noélia neste jantar de troca de cidade, continua com uma açorda de galinha serrana, uma homenagem da chefe à serra algarvia. A acompanhar uma “Bohemia Puro Malte. Fecha o jantar uma tarte de alfarroba e pudim de laranja do Algarve com amêndoa.