Antes de chegarmos aos rótulos, foquemo-nos no produto por eles anunciado. Apontemos, também, a uma história que remonta a 2007 e que, como muitas outras histórias, começa numa conversa informal entre os promotores. O cenário, os campos da Vidigueira, região vinícola alentejana; a atividade, um dia de caçada às perdizes; os protagonistas, o empresário Mário Pinheiro e o engenheiro agrário Nuno Bicó. Juntos fundaram a partir de um desejo comum uma iniciativa de desenvolvimento local. Isto “numa região deprimida, com graves problemas demográficos, carecendo de iniciativas de desenvolvimento do território. Uma região que viria a integrar o sistema de regadio de Alqueva”, sublinha Mário Pinheiro no decorrer da apresentação, em Lisboa, da nova imagem da Ribafreixo Wines.

Nas 28 parcelas de terreno que entretanto adquiriram, perfazendo 114 hectares, os dois sócios encontram vinha boa e má. Também se depararam com uma realidade recorrente, de cariz geracional, “os filhos não queriam pegar nas vinhas da família”, refere Mário Pinheiro. A Ribafreixo Wines arranca com a plantação de perto de 90 hectares de vinha nova. Peça inseparável da estratégia da empresa, a adega, começa a ser construída. A primeira colheita proveniente da vinha nova dá-se em 2012 e chega com uma assinatura de peso, a do enólogo Paulo Laureano. Antes, este produtor já levava ao mercado o vinho Pato Frio, nome fundado nas memórias de infância de Mário Pinheiro e do seu avô.

Nas quatro gamas de vinhos (com 13 referências no total) que a Ribafreixo apresenta atualmente no mercado só são usadas uvas de produção própria. É dada preponderância à produção de vinhos brancos (embora com incursões nos tintos) monovarietais. Ou, seja, vinhos concebidos a partir de uma só casta. Neste caso castas portuguesas, como a Antão Vaz (autóctone da Vidigueira), Verdelho, Alvarinho, Arinto e Síria no caso dos brancos. No que respeita aos tintos, estes contam com o contributo, entre outras, das castas Trincadeira, Tinta Miúda  e Touriga Nacional. Uma aposta das castas nacionais que é estratégica como sublinha Mário Pinheiro, “existe uma diferença muito grande entre as castas estrangeiras e as nossas, menos divulgadas e, como isso, capaz de surpreender pela positiva”.

Vinhos que beneficiam do clima da região onde são produzidos. O posicionamento das serras em torno da propriedade canaliza os ventos atlânticos para a região. Noites muito frias em contraste com dias quentes favorecem as castas brancas. Acresce um solo xistoso que concorre para vinhos com muita acidez e mineralizados.

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Atualmente o mercado nacional absorve 60% da produção, “com forte implantação no Algarve. Lisboa é um alvo muito importante. Isto para vinhos que estão disponíveis em restaurantes e garrafeiras”, adianta Mário Pinheiro. Os restantes 40% correspondem a vinhos para o mercado internacional, com forte expressão no Brasil.

Nova imagem, mais séria e para crescer no mercado

“Há perto de um ano comecei a não gostar dos rótulos. Tínhamos de procurar rótulos que conferissem uma imagem mais séria ao produto”, conta o CEO da Ribafreixo. Mário Pinheiro confidencia que foi um processo “desgastante”, mas “bem entregue”, ao designer Miguel Félix. Um processo que culminou na nova imagem para os vinhos das gamas Pato Frio, Gáudio, Barrancôa e Connections. De acordo com o responsável da empresa vinícola “a primeira referência a chegar ao mercado com o novo rótulo, o Barrancôa, assinala um crescimento de 35% nas vendas”.

A acompanhar a mudança de rótulos, os vinhos brancos passam a ser comercializados em garrafas “Mezzo Bianco”, de cor verde clara, “permitindo transmitir a frescura, delicadeza e mineralidade dos vinhos”, defende o produtor.

Um refrescar de cara que procura salientar a qualidade do produto dentro da garrafa. Para fazer prova disso mesmo, a Ribafreixo Wines deixou ao escrutínio, no decorrer da apresentação dos novos rótulos, quatro vinhos do seu portfólio. Uma prova comentada que arrancou com um Pato Frio Grande Escolha 2014, com casta Antão Vaz. Um vinho que provém de vinha velha e que faz estágio em barrica. Combina bem com carnes brancas. Um vinho que chega ao mercado com o preço de 4,45 euros.

Já no que respeita ao vinho Gáudio, estamos perante um topo de gama que chega ao mercado com o preço de 21,00 euros por garrafa. À prova um Reversa de 2012, produzido a partir de duas castas, com estágio de dois meses em barrica de madeira. Um vinho com notas de casca de laranja e frutas maduras que casa bem com pratos complexos.

Produzido a partir de três castas, o Barrancôa (2013) é um vinho tipicamente alentejano. Estagia três meses em barrica. Apresenta notas de fruta madura. Acompanha bem carnes assadas ou estufadas. Anualmente saem da adega 60 mil garrafas que chegam ao consumidor com o preço de 4,60 euros.

Também à prova o vinho Connections (2015), um monocasta francesa, a Chenin Blanc. No nariz apresenta muitas notas florais e muita mineralidade. Na boca é um vinho bastante elegante com alguma estrutura. Tem notas de fruta madura. Serve bem com pratos de peixe, marisco e sushi. Ao consumidor chega com o preço de 9,20 euros.

Acresce que todos os vinhos com a marca Ribafreixo são “vegan frendly”, ou seja, garantem que não incluem na sua produção ingredientes de origem animal, ou derivados.

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