O primeiro passo é lavar as mãos. A higiene é ponto de honra para a chef Joana, que as crianças insistem em chamar “professora” ao longo da manhã. A bancada vai ter de ser limpa várias vezes, o lixo deitado fora e os instrumentos de cozinha lavados durante esta aula. Estamos nas instalações da cozinha pedagógica do Instituto de Cardiologia Preventiva de Almada (ICPA), que estabeleceu uma parceria com a Petit Chef. A partir de Setembro, a chefe Joana Byscaia vai orientar workshops semanais regulares para incentivar os mais novos a adotar, na prática, uma alimentação saudável. Até lá, esta cozinha pedagógica vai incluir ações pontuais, também dirigidas a crianças entre os 6 e os 14 anos.

Petit Chef 1

O Sabores foi assistir à primeira aula, que decorreu em maio, mês do coração, e que começou com as crianças a formarem uma fila para apertarem os aventais uns dos outros. De barrete nas cabeças, dirigem-se em grupos de dois ou três para o posto de trabalho, onde vão ler as receitas com muita atenção antes de meter as mãos na massa. Ficam a perceber que o trabalho desse dia consiste numa receita salgada (as cenourinhas deliciosas) e outra doce (o coração saudável).

Joana Byscaia está pronta para esclarecer as dúvidas dos seus alunos. Por exemplo, ensina o que é o cebolinho, uma planta muito aromática da família do alho e da cebola. Mostra a balança onde cada equipa vai pesar os ingredientes e dá instruções para começar a primeira parte da receita: a massa.

Partir os ovos revela-se uma tarefa difícil para mãos pequenas, principalmente porque é preciso separar as gemas das claras. Algo mais do que as cascas vai parar ao lixo, mas Joana controla a situação e põe quatro máquinas a trabalhar para bater as claras em castelo.

Um dos rapazes cheira a manteiga com ar deliciado, bastante tentado a lambê-la. Outro começa a medir a farinha e todos prosseguem o trabalho em equipa. Joana recomenda genica para bater a massa e suavidade para envolver as claras, até que chega a altura de o bolo ir para o forno. A segurança é outra preocupação importante nas aulas do Petit Chef. Sempre que é preciso lidar com temperaturas altas e máquinas a trabalhar, é recomendada a ajuda de um adulto. Na segunda parte da receita, as crianças ralam a cenoura e cortam os morangos.

Quando o bolo estiver pronto, é só cortá-lo, barrar com queijo ou iogurte e decorar com os elementos vegetais. As duas receitas desta aula aproveitam a mesma base para formas e sabores diferentes, mas igualmente saudáveis, ricas em cálcio e vitaminas.

Orgulhosos, os nove meninos levam os seus pratos para a mesa para provar o resultado. Com um sumo de laranja acabado de espremer, a opinião é unânime: “está delicioso!”. Que entrem agora as mães na cozinha para admirar o trabalho dos filhos e tirar fotografias. Com alguma sorte, se sobrar, podem levar uma cenourinha ou um coração para casa, depois de bem embrulhado.

A experiência poderá ser repetida em família, tendo os pais como ajudantes. Nenhum dos candidatos a chefe achou as receitas demasiado complicadas. Uns preferiram a cenourinha, como o Jacques, de 7 anos, que não gosta muito de iogurte. Apesar de ter gostado da aula, não se vê como cozinheiro no futuro, e sim como paleontólogo.

Já a Beatriz, de 8 anos, que se manteve concentradíssima ao longo da manhã, gostou mais do coração e quer ser cozinheira quando for grande.

Para Joana BysPetit chef 2caia, ainda é cedo para vislumbrar vocações, mas reconhece que alguns meninos revelaram especial aptidão para partir ovos e para seguirem as instruções das receitas.

Um dos desafios das aulas no Petit Chef é, precisamente, encontrar receitas que possam ser feitas pelas mãos dos mais novos, sem serem demasiado fáceis e desinteressantes, nem demasiado difíceis ou longas de fazer. Cada aula traz receitas diferentes e deixa sempre a opção de provar o resultado no fim ou levar para casa.

Durante o verão de 2012, mais especificamente no mês de julho, o Petit Chef vai voltar a funcionar na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa, com programas semanais das 9h às 18h.

Ana César Costa