O vinho do Porto tem fama de ser muito apreciado lá fora, principalmente pelos ingleses, mas de ser mal conhecido em Portugal. Durante muitos anos, as melhores colheitas eram destinadas principalmente à exportação, ficando os portugueses com as sobras, por vezes demasiado doces e sem qualidade. Servido apenas como aperitivo ou digestivo, o vinho do Porto raramente acompanhava a refeição, talvez porque fosse tido como demasiado precioso para tal.

Para desmistificar estas ideias e para dar a conhecer um produto de excelência, nada como acrescentar novo ingrediente à história do vinho do Porto e colocar uma francesa como protagonista. Em março de 2015, Florence Bourguignon visitou o Douro e apaixonou-se pelos seus vinhos. Apenas um ano depois, abria L’Atelier Porto, em Lisboa. Um “bar pedagógico” que tem como objetivo “que as pessoas saiam daqui a saber distinguir os vinhos do Porto”, explica a mentora e proprietária deste espaço na Travessa da Portuguesa, 38A.

O Atelier tem porta aberta para quem passa, proporcionando a experiência “prova & flight” com 3 cl de 3 Portos diferentes, harmonizados com algumas iguarias (entre 12 a 17 euros). O horário é generoso: das 15h às 23h no inverno; das 16h às 24h no verão (fecha domingos e segundas). Mas quem pretende uma “aula” mais consistente, provas temáticas, wokshops, ações de team building ou semelhante, basta marcar (tel. 918 377 167). Florence desenvolve iniciativas à medida do cliente, para grupos de 10 a 25 pessoas.

L’Atelier Porto: 3 copos e uma aula sobre vinhos

A prova básica dá a conhecer as três famílias de Porto (Branco, Tawny e Ruby), escolhendo três de entre 100 referências disponíveis, provenientes de mais de 25 produtores durienses. Cada um deles combina com determinados petiscos, também de origem bem portuguesa. Um Quinta de Santa Eufémia Branco com 10 anos, envolvente e servido a 10ºC, por exemplo, vai bem com um queijo de pasta mole, como o Queijo da Serra. Já para um Ruby S. Pedro Vintage 2000 é aconselhado um Queijo de Azeitão e doce de pera, mas também pode combinar com chocolate. “Os Ruby jovens podem harmonizar com pratos de carne com molho; os Rubys mais velhos (1996 ou anterior) com carnes mais fortes, como pombo”, sugere Florence. “Deve ser servido entre 12 e 14ºC e pode ser guardado 30, 40 anos”. Finalmente, o São Leonardo Tawny 10 anos pede um queijo mais forte, como o de São Jorge. Pode ser servido um pouco frio para ir sendo aquecido lentamente com a mão que segura o copo.

Apesar da especialização em vinho do Porto, Florence abriu recentemente uma exceção para o vinho da Madeira, que também está disponível no espaço.

No final, há sempre a possibilidade de levar uma (ou mais) garrafa para casa, coisa que “90% dos clientes acaba por fazer”, confessa a responsável.