Sair com os amigos à noite e beber uma cerveja é o mesmo que ir a um restaurante com estrelas Michelin e pedir uma sandes de queijo. Hoje em dia, as opções são tantas e tão variadas que é mesmo preciso, obrigatório e indispensável experimentar a bebida da moda: o cocktail.

A azáfama é tal que mal saímos da Lisbon Cocktail Week, estamos prestes a entrar na Lisbon Bar Show. Recordemos que, no primeiro, houve 52 bares a oferecer dois cocktails pelo preço de um. Foi a loucura. A iniciativa também incluía um concurso em que os membros do júri eram obrigados a provar um cocktail de cada um destes bares e decidir qual seria o melhor. Não sabemos como encontraram o caminho para casa, mas pelo menos conseguiram concluir que o vencedor era o ‘Apple Lover’s’ do Arena Lounge (Casino Lisboa). Criado por Bruno Gomes, este cocktail custa €7,60 e mistura, nas doses certas, gin Beefeater, sumo de maçã verde, xarope de açúcar, sumo de limão, clara de ovo e manjericão. Para o ano haverá nova competição, dando ao júri tempo para se recompor.

A Liquid Consulting é uma das entidades que tem dado o seu contributo para a cena do cocktail ir a este ponto. Depois de trabalhar um pouco por todo o mundo, o italiano Kiko Pericoli chegou a Lisboa disposto a revolucionar o serviço de bar. Por trás da sua personalidade brincalhona, das ideias de cocktails mirabolantes e da rapidez com que passa do italiano para o português, revela-se uma visão nítida sobre como gerir um negócio e aproveitar oportunidades.

Fundador da Red Bull Bartender Academy (RBBA) e Embaixador da WFA (World Flair Association) em Portugal e Marrocos, Kiko encontrou dois sócios dispostos a arriscar e juntos criaram a Liquid, que faz consultoria, forma pessoal e organiza eventos sempre com o ar mais cool deste mundo.

Recentemente lançaram-se no Double9. Não é que se veja a duplicar, mas tudo é diferente e único neste bar do 9Mercy Hotel, no Chiado, desde a fachada coberta a azulejos pretos, ao conceito de tea bar, passando pelo facto de estar inserido num hotel que prescindiu de restaurante, apostando antes neste projeto da Liquid. É que este bar não é apenas um bar para tomar uns copos e ficar alegre (a propósito, não estranhe se de vez em quando aparecer um pato de borracha a flutuar numa bebida). É também uma sala de chá que oferece uma variedade de chás e infusões, e onde coexistem pacificamente dois tipos de bebidas, dois conceitos de vida aparentemente tão diferentes.

E como se não bastassem todos estes cocktails para beber, agora também há cocktails para comer. O espanhol Diego Cabrera, consultor no Rooftop Ático do NH Hotels, é um pioneiro nesta área. Há pelo menos três bons motivos para subir ao terraço deste edifício a meio da Avenida da Liberdade: a piscina, a vista a 360º sobre Lisboa e, claro, os cocktails inventados por Diego. Sem receio de misturar ostras com álcool ou de reduzir uma Marguerita ao estado sólido, o mestre da coquetelaria vestiu a pele de um feiticeiro de conto de fadas: substituiu as pétalas de uma rosa vermelha por finas fatias de maçã tingidas com sumo de beterraba e guardou a flor numa campânula. Tão importante como o sabor, é a apresentação artística das bebidas, colocadas num tabuleiro com se fosse uma tela emoldurada.

Para além do Guaracha Lisbon (vodka, sumo de limão, água tónica de hibiscos e hortelã verde), representante deste bar no Lisbon Cocktail Week, Diego criou para esta primavera o Ático (ginja, tequila Don Julio, sumo de limão, gengibre, ananás, hortelã-pimenta e açúcar) e o Liberdade (vinho do Porto tinto, bourbon Bulleit, licor de chocolate, sumo de limão, hortelã-pimenta e framboesa). Vamos tomar um copo?

Ana César Costa