A única coisa que era certa neste evento eram os 40 nomes que iam trocar de cozinha e apresentar a sua ementa. Só no dia 10 de novembro é que se ficou a saber o resultado desta roleta gastronómica e os destinos dos intervenientes.

Vladimir Mukhin, chef do restaurante White Rabbit, que ocupa a 18º posição na lista dos 50 melhores restaurantes do mundo, e líder da nova cozinha russa, foi aquele que teve de tomar as rédeas da cozinha do Belcanto, onde serviu um menu original de 13 momentos com inspirações portuguesas e sabores russos.

“Quando soube que vinha para Lisboa e para o Belcanto fiquei encantado”, explicou em comunicado Vladimir Mukhin, uma vez que “já tinha ouvido falar do restaurante e sabia que era excelente”.

Por sua vez, o responsável pelo Belcanto viajou até Wolfsburgo, na Alemanha, mais precisamente para o restaurante Aqua, no Ritz-Carlton, onde apresentou um menu de oito momentos inspirado na cozinha portuguesa, com ingredientes e técnicas que encontrou no local.

Gelinaz Shuffle Two
créditos: Georges Desrues

“Tudo o que é diferente torna-se inspirador”, assumiu José Avillez, que falou sobre as diferenças que encontrou à chegada. “Por exemplo, aqui cozinham muito o peixe de rio, já em Portugal estamos mais habituados ao peixe de mar. Também utilizei uma técnica local de cura de peixe, com feno e açúcar, que achei muito interessante”, explicou o chef do Belcanto que usou sabores portugueses, como os carabineiros, no seu menu.

Vladimir Mukhin também ficou positivamente surpreendido com algumas descobertas da gastronomia portuguesa. “Gostei de saber como conservam e preparam o bacalhau (no Belcanto) - a cura de sal e a demolha. E adorei os carabineiros que provei em Lisboa, no Páteo do Bairro do Avillez. Têm um sabor muito mais intenso do que os que provei em Espanha. E achei muita graça ao facto de aproveitarem a cabeça”.

Para esta experiência, o chef do Whitte Rabbit combinou “elementos e ingredientes que vi e experimentei em Lisboa, como o leitão, o bacalhau e as flores, mas com um sabor russo. Acho que as pessoas gostaram”.

Uma experiência, 40 Chefs, várias cozinhas

“Emocionante!”. É desta forma que José Avillez descreveu a sua participação no Gelinaz Shuffle Two. “Entrar neste jogo, partilhar conhecimentos e momentos é um privilégio. Foi uma grande oportunidade de divulgar a cozinha portuguesa na Alemanha”, descreveu o chef do Belcanto.

“A experiência foi ótima”, admitiu Vladimir Mukhin, acrescentando que “gostei muito da equipa do Belcanto: jovem e muito rápida”.

Gelinaz Shuffle Two
créditos: Belcanto

Os elogios são partilhados por José Avillez: “Gostei muito de trabalhar com a equipa do Aqua: muito jovem, muito interessada em aprender, com imensa abertura para experimentar coisas novas”. O chef do Belcanto não poupou também elogios ao chef do Aqua. “Só podia ser assim: a equipa reflete sempre o espírito do chef e Sven Elverfeld é extraordinário. Conheço-o pessoalmente e tenho grande admiração pelo seu trabalho”, assumiu Avillez.

Em Portugal esta não foi a única experiência. Alexandre Silva, chef do Loco cedeu o seu lugar a Bo Songvisava, do restaurante Bo.lan, em Banguecoque.

O evento de uma dupla de inconformistas

A descrição do site já deixava antever que o ia acontecer no dia 10 de novembro era algo grandioso. “Do Japão ao Chile, do Brasil à Eslovénia, França, Singapura, Rússia, Tailândia, Austrália, Alemanha, Portugal, Reino Unido, Itália, Peru, Dinamarca e pelos Estados Unidos, 40 dos melhores chefs do mundo vão trocar de vidas, identidades… e restaurantes”.

A promessa foi cumprida novamente, na sua segunda edição, num projeto pouco convencional que alarga as fronteiras da cozinha, estimula a criatividade dos chefs e amplia horizontes culturais.

Gelinaz Shuffle Two
créditos: Georges Desrues/Belcanto

A autoria deste projeto é da dupla de inconformistas Andrea Petrini, jornalista italiano e uma das personalidades mais influentes na gastronomia internacional, e Alexandra Swenden, uma realizadora belga que trocou os filmes pela paixão gastronómica. Juntos têm revolucionado as expectativas sobre o mundo culinário e este evento é disso exemplo.

Ao afastar os chefs do conforto das suas cozinhas e da sua cultura durante alguns dias, o Gelinaz Shuffle celebra a partilha de conhecimento, a exposição a novos ingredientes e a descoberta de novas técnicas culinárias.

“O Shuffle está a crescer à medida que vamos incorporando no Gelinaz! Mais alguns dos extraordinários talentos culinários a nível mundial. Esta permanente evolução faz com que cada novo projeto acabe por ser mais inovador e diferente que o último. O elemento da surpresa e os resultados infinitos que podem surgir da experiência de cada chef em cada destino tornam este evento verdadeiramente entusiasmante”, concluiu Andrea Petrini.