Portugal recebe pela primeira vez um congresso sobre turismo ligado à culinária, entre 8 e 11 de abril, no Estoril, e, uns dias antes, arranca um festival europeu dedicado ao street food, um conceito de venda de comida em veículos “cada vez mais em voga” que prolifera em capitais europeias como Berlim, Paris e Londres e que já chegou a Portugal.

O festival europeu de street food decorre entre 4 e 12 de abril, estando prevista a instalação, no concelho de Cascais, de dois quarteirões com cerca de 40 negócios deste tipo, a maioria portugueses, mas também vindos “da Europa fora”.

O objetivo é “mostrar ao mundo como o street food é parte de uma experiência gastronómica e um potencial motivo de viagem”, explicou José Borralho, presidente da APTECE – Associação Portuguesa de Turismo de Culinária e Economia, entidade que organiza o congresso e o festival.

Em Portugal, “o fenómeno tem revelado um grande crescimento e começa a captar a atenção dos especialistas na área”. Há cerca de cinco ou seis dezenas de projetos nesta área, mas enfrenta alguns entraves, nomeadamente a legislação da venda ambulante, que “não reconhece a diferença entre conceitos novos e velhos”, e a dificuldade em obter novas licenças, disse o responsável da organização.

José Borralho afasta eventuais receios dos proprietários de espaços comerciais sobre concorrência desleal pelos vendedores móveis, relatando que a experiência em outras capitais europeias provou o contrário: há dados que indicam que os restaurantes acabam por ganhar negócio, porque os turistas muitas vezes preferem sentar-se para comer e descansar.

Por outro lado, este conceito pode também servir para reabilitar zonas mais abandonadas das cidades, à semelhança do que aconteceu em Londres, com sucesso.

Durante o congresso mundial, que deverá receber entre 400 e 500 participantes, entre membros do Governo e profissionais do turismo e gastronomia, os especialistas vão debater este fenómeno, mas também o futuro do setor das viagens motivadas pela culinária.

Um dos projetos que deverá sair do encontro, que conta com o apoio da Câmara de Cascais, é a criação de uma organização mundial dedicada à promoção do turismo de gastronomia, adiantou o responsável.

A realização do congresso em Portugal foi anunciada há mais de um ano, mas nos últimos dias a World Food Travel Association (WFTA), entidade internacional que coorganizava o evento, anunciou o cancelamento do encontro, alegando “diferenças filosóficas” com os promotores portugueses, a APTECE.

A organização não-governamental norte-americana afirma que a associação portuguesa “falhou no cumprimento de obrigações contratuais” e anunciou que realizará, em abril, uma cimeira a decorrer via internet, com “oradores com reputação mundial”. O próximo congresso mundial promovido por esta entidade será em 2017, na Nova Zelândia.

O presidente da APTECE rejeitou as críticas e disse que a instituição a que preside “sempre honrou os seus compromissos e cumpriu com o que estava acordado com a WFTA”, que acusa de cometer “burla qualificada”. A associação portuguesa, que mantém a organização do congresso mundial, anunciou que o caso será entregue aos tribunais e denunciado a entidades norte-americanas, nomeadamente o Governo e as finanças.

Fonte: Lusa