Foi à perto de 250 anos que Sebastião José de Carvalho e Melo (Marquês de Pombal) introduziu em Oeiras, no seu Palácio, uma receita nascida em terras de sua majestade britânica: os “biscoitos das naus”. No século XXI os seculares Palitos do Marquês (uma adaptação dos biscoitos das naus), além de outra bolaria tradicional renascem numa casa de queijadas em Oeiras. Isto depois dos proprietários do estabelecimento, os gémeos Carlos e Rui Malato, terem conhecido uma "senhora ligada aos últimos produtores de palitos" que lhes transmitiu uma receita com cerca de 250 anos.
“Ao ver que a nossa intenção era a de fazer bolos como antigamente, a senhora disse que nos ia transmitir a receita. Combinei com ela, ela veio à Casa num dia à porta fechada e esteve a ensinar como se faziam os Palitos e os bolos de amêndoa”, lembra Carlos Malato.
“Durante o tempo que passou no Reino Unido, o Marquês habituou-se a algumas mordomias que tinha enquanto cônsul, nomeadamente aos biscoitos das naus. Eram assim conhecidos porque tinham uma grande durabilidade e eram enviados nos navios britânicos como suplemento alimentar aos marinheiros”, conta Carlos Malato, proprietário da casa de queijadas que trouxe aos dias de hoje os bolos de uma Oeiras de antigamente.
Nas cozinhas do Palácio do Conde de Oeiras, como também era conhecido, começaram então a ser confeccionados os palitos e bolinhos de amêndoa.
“Quando o Marquês cai, os cozinheiros que trabalhavam no Palácio ficam sem trabalho, mas quando chegam a casa sem trabalho, os doceiros resolvem transformar aquilo que sabiam fazer num negócio e começam a fazer Palitos”, descreve o confeiteiro.
Os Palitos do Marquês foram comercializados no centro da vila de Oeiras, num negócio familiar, até quase ao final do século XX quando o volume de vendas diminuiu e a Fábrica de Palitos e Biscoitos do Marquês teve de fechar.