Das entradas aos pratos principais, às sobremesas e aos digestivos chás, foi um menu completo, tendo sempre presente aquela planta que infesta campos, mas possuidora de grandes propriedades nutricionais e medicinais.

António Neves respondeu ao desafio da docente Leila Rodrigues, no âmbito de uma iniciativa pedagógica para a comunidade escolar, e tanto engenho e criação colocou na sua arte que os menus rapidamente se esgotaram no refeitório.

Na última semana, mostrou o modo de confeccionar uma das suas iguarias, um bacalhau assado no forno com beldroegas.

Tudo começa com a selecção das partes da planta, que tem de ser “jovem”, de preferência ainda sem floração, para evitar uma acidez acentuada com o crescimento.

Cozidas as beldroegas em água e sal, são depois salteadas em azeite e alho. A posta de bacalhau é marinada num tempero com alho, limão e leite, e depois passada por pão ralado.

Num tabuleiro com molho de azeite, alho e louro, com um pouco de vinho branco para evitar que agarre ao fundo, é colocada a posta de bacalhau. Esta é coberta com beldroegas e a broa crustada, tudo embebido em pesto de azeitona.

Depois de uma passagem pelo forno durante cerca de dez minutos à temperatura entre 150 a 180 graus, e guarnecida com batata assada a murro, a iguaria do Chefe António está pronta a ser servida.

Este bacalhau é apenas um dos muitos menus de beldroegas que já brotaram da sua imaginação.

Nas “entradas” apresentou uma sopa de beldroegas com queijo curado de cabra e uma salada de beldroegas, cebola e tomate, com a sugestão de tempero com azeite aromatizado com orégãos. No acompanhamento um esparregado de beldroegas.

Como prato principal criou uma salada fria de atum com legumes crus (pimento, cenoura, abóbora e, fundamentalmente, beldroega), um bife de peru recheado com beldroegas, cogumelos e queijo de cabra, um lombo de porco recheado com tâmaras, pimentos e beldroegas, e umas “beldroegas à Brás”.

Para a sobremesa, foi um bolo à base de beldroegas com bananas e chocolate quente, decorado com flores comestíveis, de cores lilás e amarela. E como digestivo chá simples de beldroegas ou aromatizado com lúcia-lima.

O cardápio de beldroegas criado por António Neves não se esgota neste menu. Quer continuar a juntar-lhe novas receitas.

Sente-se embalado a dar usos culinários a outras plantas “daninhas”, a aproveitar o conhecimento científico da ESAC e a flora existente nos campos de experimentação, na procura de outros sabores.

Fonte: Lusa