O Solista Touriga Nacional 2014 e o Monte Mayor Branco 2015 foram galardoados com Ouro no Mundus Vini, que decorreu recentemente na Alemanha. O Solista Verdelho 2015, o Monte Mayor Reserva Tinto 2014 e o Caiado Branco 2015 receberam uma medalha de prata. Mas este é apenas um dos concursos internacionais que reconhece a qualidade dos vinhos da Adega Mayor, projeto nascido em 1997 em Campo Maior, distrito de Portalegre. A região é tradicionalmente produtora de vinho, embora sem grande expressão devido à predominância da cultura cerealífera.  “Quando decidimos investir nesta área, o vinho fazia sentido. No Alentejo é normal encontrarmos vinhas em Estremoz, Portalegre, Borba”, explica Rita Nabeiro, diretora-geral da Adega Mayor. A vinha tinha alguma tradição a nível familiar. “Os registos relatam que os pais e avós dos meus avós já tinham o seu pedaço de vinha, tal como tinham de olival. Como tudo, o projeto começa com uma ideia” - uma ideia do avô, Rui Nabeiro, o lendário empresário que lançou a Delta e que domina o mercado português do café. “Ele oferecia sempre vinho no Natal e era desejo dele recuperar essa tradição em Campo Maior. Desde essa altura, acho que a Adega Mayor teve um efeito multiplicador na região”, adianta a empresária, calculando que existem hoje cerca de 50 produtores locais de vinho.

Adega Mayor
Alguns dos vinhos da Adega Mayor, numa apresentação em Lisboa, no verão de 2016

Da adega desenhada por Siza Vieira, um volume horizontal caiado a branco, vê-se a paisagem que se estende ao limite de Portugal, já na fronteira com Espanha. É aqui que se produzem os vinhos feitos por uma equipa dedicada, num projeto que aposta também no enoturismo como fonte de rendimento. Durante o mês de setembro, os visitantes são bem-vindos às vindimas, mas ao longo de todo o ano há passeios pedestres ou de BTT, provas de orientação, ações de team building, voos de balão ou viagens de barco pela Barragem do Caia.

Progressivamente, os vinhos assumem importância numa terra que ainda se respira o ar perfumado do café. Não é só o Solista ou o Monte Mayor (o primeiro vinho aqui produzido), acima citados, mas também os outros vinhos da Adega que ocupam lugar nos restaurantes da região. O muito especial Reserva do Comendador e o Pai Chão, dedicados à figura de Rui Nabeiro, o Caiado, “filho mais novo, mais irreverente e de perfil mais jovem”; nas palavras de Rita, e ainda as edições especiais que vão fazendo notícia e surgindo nas adegas mais exclusivas.

Adega Mayor
Rita Nabeiro acolhe um grupo que vai fazer o programa de vindimas do enoturismo da Adega Mayor

No dia-a-dia “caótico” de Rita Nabeiro, com constantes viagens e representações, há sempre tempo para estar presente na altura das vindimas. Consciente do papel da cooperação no desenvolvimento de qualquer projeto, a empresária faz também parte do Grupo D’Uva – Portugal Wine Girls que reúne Catarina Vieira (Herdade do Rocim, Alentejo); Francisca van Zeller (Quinta Vale D. Maria, Douro); Luisa Amorim (Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, Douro); Maria Manuel Poças Maia (Poças Júnior, Douro); Mafalda Guedes (Herdade do Peso, Alentejo); Rita Cardoso Pinto (Quinta do Pinto, Lisboa), Rita Fino (Monte da Penha, Portalegre).

Texto e fotos: Ana César Costa

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