Os verdadeiros apreciadores de cacau não se satisfazem com devorar uma caixa de bombons. Querem, sim, saber saborear cada quadrado de uma tablete, aprender como se cultiva a planta de cacau e conversar com quem partilha a mesma paixão. Foi por isso que Odete Estêvão teve a ideia de criar um Clube, que celebrou dois anos de existência no passado dia 15 de Março.
A data reuniu sócios e convidados no Pestana Palace, em Lisboa, aproveitando para fazer a ligação do cacau a dois produtos também muito apreciados no mundo gourmet: o café e o vinho. No primeiro caso, com a apresentação de um filme sobre a “Cláudio Corallo em São Tomé e Príncipe”, a que se juntou uma degustação da maravilhosa combinação de grãos de café arábica produzidos na plantação Nova Moca, envolvidos em chocolate produzido na plantação Terreiro Velho, ambas exploradas pela família Corallo. Antes disso, ocasião para provar três tipos de cacau produzidos na Terreiro Velho: Soft, com 75% de cacau; chocolate 80% cacau e 20% açúcar em cristal; e chocolate 100%, uma raridade no mercado que não é, de todo, recomendável em grandes doses.
Depois, para apreciar e detectar as diferenças, foi servida uma mousse de chocolate com receita Corallo e outra da Valrhona.
A palestra da noite esteve a cargo de José Mendes Ferrão, professor Catedrático Jubilado do Instituto Superior de Agronomia. Percorrendo a história de São Tomé, o especialista recordou que a planta do cacau foi introduzida na ilha como planta ornamental por João Baptista da Silva, na segunda metade do séc. XIX. Rapidamente começou a valer dinheiro – daí a expressão, ainda hoje usada, de “ter cacau” – começando a substituir o café como principal cultura do território. O professor aludiu ainda à figura singular e legado de José Constantino Dias, Marquês de Valle-Flôr, homem que fez fortuna nas roças do cacau de São Tomé. Foi ele o fundador do palácio onde hoje se encontra o Pestana Palace, cujas madeiras vinham exclusivamente daquela ilha.
A noite não acabou sem a apresentação de dois vinhos generosos de Carcavelos, feita por António Mexia. A Quinta de Cima ainda produz esta raridade, desconhecida de grande parte dos portugueses, em apenas seis hectares de terreno, espaço que pretende ver aumentado dentro em breve. A acompanhar a colheita veio, claro está, um enorme bolo de chocolate para assinalar o segundo aniversário do Clube.
O Clube ultrapassou já os 60 sócios e programa uma visita a uma plantação de cacau no Brasil, no próximo mês de Junho.
Para mais informações: Tel.: 214 534 648
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