Ser atendido por empregados vestidos de monge, almoçar numa mesa de tábua corrida ao som de cantos gregorianos e provar especialidades conventuais. Estas são as propostas da Cervejaria Trindade, em pleno centro de Lisboa. O espaço está agora decorado com um púlpito de igreja, iluminação a velas e tochas e mobiliário a condizer.

O menu conventual de grupo inclui seis doces especialidades: toucinho-do-céu, pão-de-ló do convento de Alfeizerão, natas-do-céu, gemada à cardeal e pudim Abade de Priscos. Nos pratos principais, a generosa entrada de marisco e os bifes com os famosos molhos afrancesados continuam a ser os mais pedidos.

Consciente do património histórico deste local, onde se situou o Convento da Santíssima Trindade, a Central de Cervejas está também a recuperar os painéis de azulejos, além de renovar o pátio (o antigo claustro está agora transformado em esplanada) e outras referências que foram alterando, ao longo dos séculos, o espaço original. A concessão do título de fornecedor oficial de cerveja da Casa Real, em 1754; os símbolos da Maçonaria na sala de entrada, o antigo balcão de madeira onde agora se tomam uns aperitivos e os azulejos de Maria Keil, no espaço do antigo refeitório, são marcas deixadas pelo tempo e que a Cervejaria assume com orgulho.

O ditado “cai o Carmo e a Trindade” é uma referência ao terramoto de 1755, relembra Anísio Franco, especialista do Museu Nacional de Arte Antiga, que fez a apresentação do espaço. O terramoto destruiu estes dois conventos, bem como com grande parte da cidade de Lisboa. Mas, apesar disso e de todas as outras calamidades que já abalaram o edifício ao longo dos seus 800 anos de história, e que incluem incêndios e o fim imposto às ordens religiosas, o espírito cosmopolita e a boa mesa da Trindade não parecem dispostos a cair.

Cervejaria Trindade 

Rua Nova da Trindade, 20-C

Tel. 213 423 506; e-mail trindade.chiado@cervejariatrindade.pt

Ana César Costa