A acelga, Beta vulgaris cicla na linguagem científica, é da família das Chenopodiáceas. Prima da beterraba, apresenta talos longos e firmes e folhas baças ou brilhantes, com uma coloração verde, amarela ou encarnada. Contém quantidades consideráveis de niacina, vitamina A e vitamina C. Eu desconhecia-a até vir morar para o campo pois, infelizmente, é raro encontrá-la no comércio comum. Confesso que fiquei fã, não só pelo sabor, como pela sua aparência.

As cores, o brilho e o tamanho das folhas faz com que sejam, simultâneamente, comestíveis e ornamentais. Para quem me pergunta o que são e como se comem, costumo dizer que estão entre os espinafres e a couve. São mais rijas do que o espinafre e mais tenras do que a couve. Na culinária, podem ser consumidas frescas em saladas, refogadas ou cozidas em sopas ou noutros pratos quentes, como o espinafre, com a mais-valia de os seus caules serem comestíveis.

A versatilidade e o sabor da acelga

Uma das coisas que mais me fascina nas acelgas são os seus caules. Primeiro, porque, enquanto jovens, ao contrário dos caules das couves em geral, são muito tenros e saborosos. E, depois, em segundo lugar, porque chegam a atingir proporções consideráveis, o que os torna lindos e versáteis para poderem ser usados de várias formas na culinária. No entanto, devem ser cozinhados em separado das folhas, pois os tempos de cozedura são muito diferentes.

As acelgas, ainda desconhecidas de muitos portugueses, têm, também, muita facilidade em autossemear-se, o que acaba por ser uma vantagem. Por vezes, podem mesmo tornar-se invasoras, mas a boa notícia é que, mesmo nessa situação, serão sempre comestíveis e saborosas, apesar de não terem a mesma beleza e os mesmos caules largos e coloridos que os das espécies cultivadas. Se tem uma horta ou um jardim, experimente cultiva-las em casa.

Os cuidados de cultivo a não menosprezar

A acelga gosta de boa exposição solar e aprecia uma terra fértil e bem adubada. Este ingrediente alimentar pode ser semeado no início da primavera ou no final do verão, em local definitivo ou em alvéolos, para mais tarde ser transplantado. Com estas opções, poderá gerir as suas sementeiras de modo a ter folhas durante todo o ano. Semeie com um ou dois centímetros de profundidade e com um espaçamento médio de 30 a 40 centímetros, conforme a variedade.

As acelgas gostam de humidade e são bastante resistentes a baixas temperaturas mas, em zonas muito frias, podem necessitar de proteção. As ervas espontâneas não são uma grande ameaça. Todavia, com espaço livre, poderá obter plantas maiores e mais tenras. A germinação é rápida e, passado um mês da sementeira, pode começar a colher as folhas baby, que são deliciosas em saladas, mas também pode deixar amadurecer a planta, o que pode demorar dois a três meses.

E se fizesse um esparregado de acelgas?

É de comer e chorar por mais. O esparregado de acelgas é tão bom ou melhor do que aquele que é habitualmente feito com espinafres. O arroz de talos de acelga, outra especialidade gastronómica muito apreciada, faz-se como um arroz de grelos mas são utilizados os talos cozidos e cortados aos pedaços. Quando grandes, os talos podem ser recheados com carne ou com legumes salteados, uma verdadeira iguaria. Como vê, ideias originais não faltam!

Sabia que os gregos e os romanos já as cultivavam há muito? Devido à sua beleza, as acelgas de caules coloridos têm sido, nos últimos anos, usadas em jardins como plantas ornamentais. A acelga encarnada pode ser confundida com o ruibarbo, pois são muito parecidos, mas tenha cuidado, uma vez que as folhas do ruibarbo são tóxicas. As da acelga devem ser apenas cortadas à medida que forem sendo necessárias, pois voltam a rebentar a partir do centro da planta.

Texto: José Arantes (autor do blogue Horta do Zé)