Dizia-me um perfumista amigo que não podia conceber uma fragrância sem glamour. Acrescentava que quando procurava os ingredientes para a fórmula a construir na quietude do seu laboratório, esse item estava sempre subjacente.

Não posso estar mais de acordo. O glamour faz parte dos mundo da moda e da perfumaria, das próprias imagens publicitárias que “desvendam” a mensagem aromática, dos spots televisivos criados por grandes realizadores de cinema, das roupas e cores estudadas ao milímetro.

Houve costureiros que foram mais longe e que procuraram reforçar essa ideia através do nome da própria fragrância. Não sei se isso contribui para reforçar o glamour olfactivo, aquele fascínio, charme e sedução de que fala José António Tenente. De qualquer forma, glamour…é glamour.

Deixo sugestões olfactivas que classifico de glamourosas. Na fragrância, na comunicação, no frasco e cartonagem, nos locais escolhidos, tudo nos conduz ao sonho, tudo se veste de luxo e fascínio. Tudo desperta os nossos sentidos e faz soltar emoções.

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Toujour Glamour, de Moschino
Fresco, feminino e sensual

Se começarmos pelo visível, deparamos com um frasco de cristal, quase um coração, de proporções harmoniosas. Nuances de azul-lilás e prata criam um desenho que me traz à memória sumptuosos vestidos de noite bordados com cristais e prata…

A embalagem segue a mesma linha cromática com a imagem do frasco projectada sob a tarjeta em que se inscrevem três palavras – “Moschino Toujour Glamour”.

A fragrância, floral-oriental-fresca, aposta na sensualidade, na feminilidade e frescura.

Como notas de saída, folhas de violeta, toranja e bagas de frutos vermelhos. O coração da fragrância advinha-se delicado, feminino, com um casamento perfeito de jasmim Sambac, muguet e amêndoa. Na base da pirâmide olfactiva o benjoim, o heliotrpo e o musk.

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Eau Claire des Merveilles, de HÈRMES
Um jogo de luz e aromas

Criado por Jean-Claude Helena, Eau Claires de Merveilles, traz-nos uma baforada de ar fresco, cintilante, puro, um misto de romantismo, requinte, sofisticação. Jogo de notas soltas, baunilhadas e doces, claridade fria e cintilante de um novo aldeído, um bouquet floral delicado, transformam Eau Claire de Merveilles num capítulo maravilhoso de um conto de fadas iniciado em 2004 por Ralf Schwieger e Nathalie Feisthauer, com o nome de Eau de Merveilles.

O frasco apela à imaginação, à criança que existe em cada um de nós. Inclinado, umas vezes para a direita, outras vezes para a esquerda, sem nunca perder o equilíbrio, vai criando um jogo óptico como se de uma lupa se tratasse, vai contando uma história de beleza, fantasia, prazer. Vai despertando os sentidos e a alegria de viver que conduz à harmonia.

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J’Adore, de Dior
Misteriosa e feminina

A Maison Christian Dior apresenta esta fragrância de forma inequívoca: “sumptuosa. Um frasco precioso. Um nome mágico. Uma assinatura com uma alquimia soberba: J’Adore”. Tra Perfume de luz, ícone de uma era de ouro, tal como Dior, J’Adore incarna com beleza e voluptuosidade um mito absoluto da perfumaria”.

O aroma é construído sobre notas florais de riqueza olfactiva rara – o ylang-ylang, o jasmim Sambac, a rosa Damascena a que se juntou uma pitada de pêra e a madeira de sândalo.

Em torno da J’Adore foi criada uma família de fragrâncias – Eau de Parfum., Eau de Toilette, Extrait de Parfum e L’Abslu equivalente a uma peça da Haute Couturee, declinações estivais.

Um frasco sensacional que busca inspiração múltipla – étnica, século XIX, acessórios de John Galliano – e tem assinatura de Hervé Van der Stracten, que o define como autêntico talismã. Uma homenagem ao ouro, à ânfora, usada nos primeiros perfumes Dior e ao New Look com todo seu glamour.

“O ouro guarda um mistério, simboliza a eternidade, o calor do sol e da sensualidade. O frasco revela, em simultâneo fluidez e força”, diz Hervé. Posso dizer que o aroma e o frasco de J’Adore – nas suas diversas declinações – revela elegância, sensualidade, requinte, glamour… bem ao estilo Christian Dior.

Maria Fernanda Diniz

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