Imagine uma fragrância que exclui, ou admite fugazmente, o recurso a campanhas publicitárias.

Imagine um perfume que se venda exclusivamente em espaços rigorosamente seleccionados ou em boutiques próprias – caso Guerlain, Chanel, Serge Lutens, Hermès.

Imagine um perfume cujo nome parece fugir a todas as regras, e o preço é quase um atentado às nossas bolsas.

Imagine um perfume em que o número de frascos vendidos não é importante… Imagine um perfume que é esperado com impaciência e faz correr os coleccionadores, críticos, editoras e editores de beleza.

Não tenha dúvidas, trata-se de um “ perfume de nicho”. Um perfume que se pretende divulgado de “orelha a orelha”; um perfume que cria uma certa cumplicidade entre o seu criador e o público elitista ( não me refiro a targets económicos) que se encarregará de o analisar, sentir, usufruir, divulgar...

Os “perfumes de nicho” fazem o apelo ao luxo, ao glamour, ao individualismo. Aqui lhe deixo alguns exemplos. Vou voltar ao tema. Muito em breve.

La Petite Robe Noire de Guerlain
Explosão de frutos
Lançado em 2009 foi criado por Delphine Jelk e foi classificado com um “oriental – fruité-gourmand”. Vendido exclusivamente na Maison Guerlain, La Petite Robe Noir, inspirou-se numa peça de vestuário feminino intemporal – o vestido preto . “Com um vestido preto nunca me comprometo”, diz um ditado português…como o deve ter pensado Coco Chanel.

La Petite Robe Noir, verdadeira explosão de frutos, tem como público alvo uma mulher jovem, emancipada e requintada que aprecia as boas coisas da vida e que luta por elas.

Na sua pirâmide olfactiva destacam-se as notas aromáticas do limão da Sicilia, a baunilha e o musk. O frasco vintage, copia o design de Mitsouko, o perfume criado em 1919 por Jacques Guerlain e que evoca a história de um amor impossível.

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Fourreau Noir de Serge Lutens
Apelo à elegância
Em entrevista recente, Serge Lutens, afirmava “não criar um perfume ou fragrância” mas “criar uma forma de expressão”, “ escrever uma história com as nossas memórias e vivências…mas, especialmente, com a nossa pele…porque um perfume nunca estabeliza, muda com o tempo…”

Com o perfume Fourrure Noir, Serge Lutens, conta a história de uma mulher requintada, elegante que passeia os seus casacos de pele em locais exclusivos. Local? Paris, obviamente.

Nos inícios do século XX. As notas aromáticas - fava Tonka, incenso e mirra - despertam os sentidos, num casamento perfeito em que envolvência rima com sofisticação.

Uma verdadeira jóia olfactiva e visual. O frasco, um jogo de luzes e sombras. Verdadeira obra de design.

Juliette has a Gun de Romano Ricci
Arma de sedução
Juliette Has a Gun, de Roman Ricci , apresenta-se como uma reinterpretação de Julieta de “Romeu e Julieta” de William Shakeaspeare. Trata-se de uma colecção que será composta por cinco perfumes e que pretende acompanhar a evolução ou as várias facetas da mulher e a sua relação com um “objecto” de sedução – o perfume.

Os primeiros perfumes – lançados em simultâneo e que Ricci não deseja ver dissociados – têm nomes sugestivos: Lady Charming e Lady Vengeance .

A rosa – em vários cambiantes -, tem um papel preponderante na pirâmide olfactiva, ou não seja ela o símbolo do amor e de Afrodite. Juliette Has a Gun tem venda exclusiva, em Portugal, na Sephora.

Maria Fernanda Diniz

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