O terceiro dia do Portugal Fashion fez a sua estreia no Palácio da Bolsa, um dos mais monumentais edifícios da cidade do Porto que marca um dos seis edifícios escolhidos para mostrar as tendências para o próximo outono/inverno 2016.
O primeiro a subir à passerelle foi Ricardo Preto e a sua marca Meam. Inspirada na peça que Rui Horta criou em honra do centenário de nascimento de John Cage, esta coleção é preparada para o corpo feminino como o piano é preparado para a música do John Cage. A silhueta mostrou-se esguia e fluída contraposta com volumes XL, mostrando uma mulher serena e confiante num espaço denso, numa relação criativa entre o corpo e o movimento. Uma paleta de cores invernais onde o azul, preto e o bordeaux criam contraste com os tons laranja, verde, amarelo e orquídea, trazendo calor para coleção.

A coleção de Susana Bettencourt para o período outono/inverno 15-16, foi inspirada no trabalho do fotógrafo Kai Fagerstrom, e é uma representação da forma como algumas coisas que, por norma, pertenciam às pessoas estão lentamente a ser reclamadas pela natureza. Trata-se de uma reinterpretação dos clássicos assegurada pela criadora. Como é que riscas e camuflados podem ainda ter o ID de Susana Bettencourt? Este é o desafio e o objetivo. Colocar em confronto a natureza e a arquitetura é o ponto de partida para os contrastes e Susana Bettencourt utiliza, assim, regras geométricas tecnológicas diretamente nos seus característicos jacquards e estampados com texturas, em tons de terra e cinza.

Seguiu-se o designer Estelita Mendonça, que na sua coleção trabalhou a ideia de work-wear fora do seu icónico lugar social, como uniforme para o trabalho
criativo. A paleta cromática é escura e sóbria refletindo a intemporalidade do uniforme e da ânsia de criar.

A plataforma Bloom estreou-se neste dia com o desfile da marca KLAR, constituída por Alexandre Marrafeiro, Andreia Oliveira e Tiago Carneiro, que mostraram uma coleção com um aperfeiçoamento da linha estrutural, estética e funcional da marca.

Com a coleção “Teatime", Anabela Baldaque revela uma “história de imagens”, onde sobressairam capas, casacos longos, casacos grandes, casacos volumosos e cachecóis. Estas peças foram concebidas com recurso a brocados, sedas, lurex, lã, jersey tricô, fantasias e lisas. As cores remetem para o outono: bege,verde, laranja, azul e preto. A silhueta é longa e fluida. Para Anabela Baldaque, esta coleção “é uma mistura de rock romântico com uma audácia gráfica”.

Regressado de Paris, onde a 8 de março se estreou na semana de prêt-à-porter com o apoio do Portugal Fashion, Diogo Miranda desfilou, justamente, uma coleção dedicada à cidade-luz. Chama-se “Paris n.º 1” e teve como ponto de partida “uma silhueta couture com um tom subversivo”. O “look austero, porém estilizado”, remete para os filmes de ficção científica. “Ombros acentuados, cinturas definidas e ancas exageradas denunciam os contornos do corpo. Volumes angulares, com novas proporções apresentam uma nova impressão da figura e silhueta feminina”. O criador privilegiou o bordeaux, o preto, o azul navy, o azul Riviera, o telha e o branco em materiais como a seda, o mikado, os brocados, o veludo devoré, a lã e crepe de seda.

A encerrar os desfiles no Palácio da Bolsa, Miguel Vieira trouxe “uma coleção minimalista e luxuosa, inspirada nos materiais utilizados, nos
próprios tecidos e no seu processo de implementação. De base artesanal e com corte impecável, os fatos são meticulosamente construídos por alfaiates com as melhores cachemiras, os sapatos handmade saem das mãos dos artesãos mais experientes e as gravatas e camisas de malha são como uma segunda pele”, assegura o criador. Há uma mistura de tecidos técnicos com tecidos jacquard com motivos geométricos, couro trabalhado e lantejoulas bicolor, daqui resultando “uma silhueta clean”. “As peças jogam com detalhes de décadas anteriores e detalhes desportivos, mas sempre com uma base clássica, que lhes confere um look moderno, sofisticado e elegante”. Nas cores avultam o bege café com leite, o bordeaux, o castanho licor de café, o azul Limoges e o negro
carvão vegetal.

Durante 4 dias vamos poder ver 13 desfiles individuais de criadores, dois desfiles duplos de criadores, dois desfiles coletivos de marcas (calçado e vestuário), cinco desfiles individuais de marcas de vestuário e nove desfiles do projeto Bloom. Ao todo, o evento reúne 17 criadores, nove marcas de vestuário e seis marcas de calçado, bem como seis jovens designers e quatro marcas de jovens designers.

Veja todos os desfiles no Dossier da 36ª edição do Portugal Fashion.