Quando era criança o que queria ser?

Lembro-me de quando rezava à noite com os meus pais e irmãos, pedir a Jesus para ser bailarina, professora ou até artista de cinema. Era muito eclética.

Como descreve a sua infância?

Tenho muito boas memórias da minha infância. Éramos cinco irmãos, todos seguidos em idades e divertíamo-nos muito. Tínhamos muita liberdade para explorar, ter aventuras e, como dizia a minha mãe, fazíamos a festa sozinhos.

Quais são as suas memórias mais antigas ligadas à moda?

A minha avó materna. Ela era uma senhora muito coquette que tinha sempre o maior cuidado a arranjar-se. Eu ficava encantada a vê-la colocar os chapéus com rede, que me fascinavam, e as luvas que também não dispensava usar quando saía.

Quem foi o seu primeiro style icon?

Admiro muito a personalidade da Coco Chanel, uma mulher independente, com um grande sentido estético e muito à frente no seu tempo.

Qual foi o seu primeiro trabalho?

Apesar de me ter dedicado à moda durante muitos anos, o meu curso inicial foi o de educadora de infância. Trabalhei durante oito anos nessa área mas ambicionava outras coisas e preparei-me para isso fazendo cursos de marketing e publicidade, línguas, até conseguir mudar de ramo. O meu primeiro trabalho com revistas foi na Elan onde, tendo começado como assistente de Moda da Ana Maria Lucas, passei mais tarde a editora de Moda. Fui depois convidada para trabalhar na Máxima, comecei como assistente de Moda com Assunção Avillez durante oito anos, depois passei a editora de moda outros seis anos até ser convidada para diretora da Vogue onde estive 15 anos, desde o seu lançamento.

Se pudesse mudar alguma coisa em si o que seria?

A minha impaciência que às vezes me faz ser impulsiva e não saber esperar.

Cinco coisas que encontraríamos se entrássemos no seu closet?

Vestido preto, trench-coat, saltos altos, camisa branca e pashmina.

Qual a sua obsessão?

Não considero uma obsessão mas gosto muito de carteiras e troco-as todos os dias consoante o que visto.

Quais são as suas peças preferidas de roupa?

Trench-coats e pashminas.

O que gostava de nunca ter usado?

O que nunca usei nem usarei: crocs.

Qual a pessoa que a faz realmente rir?

Alguns bons amigos que tenho. Dou muita importância à amizade.

A sua vida em seis palavras.

A sorte não vem por acaso.

Qual a sua obra de arte preferida?

Não tenho nenhuma eleita mas devo dizer que o que mais aprecio é fotografia.

Qual a sua viagem de sonho?

Tenho a sorte de ter feito viagens extraordinárias e às vezes não é preciso ir muito longe para viver um sonho. Basta apreciar cada momento e eu tento fazê-lo sempre. Por isso, ao longo da vida, acho que já tive várias.

Qual o melhor conselho que recebeu em termos profissionais?

Não devemos encontrar problemas, devemos arranjar soluções.

Qual a sua rede social preferida?

Instagram.

Quais os cuidados de beleza que não dispensa?

Serum e creme hidratante facial, uso diário de hidratante de corpo e uma drenagem corporal semanal.

O que a faz sentir bonita?

Pode soar a clichê mas é mesmo quando estou feliz.

Se tivesse que escolher um designer para vestir o resto da vida qual seria?

Seria difícil porque gosto de variar a minha forma de vestir, de misturar peças de diferentes preços e estilos e seria um pouco entediante para mim ter me que cingir a um só designer. No entanto, a escolher seria Haider Ackermann.

A Paula tem uma filha e sempre foi uma mulher com uma carreira exigente. Como é que foi possível conciliar uma carreira de sucesso com a maternidade?

É fundamental ser organizado e rodear-se das pessoas e ajudas necessárias. Tive a sorte de ter alguém ao meu lado e uma família que sempre me apoiou. Também considerei importante reservar tempo para mim e para a minha filha, viajar bastante com ela e nunca descurar as suas necessidades.

Ao longos dos anos tem conhecido personalidades incríveis não só na industria da moda mas também na música. Sei que o Bryan Adams hoje é seu amigo. Quais foram as pessoas que mais gostou de conhecer e que mais a marcaram?

Ao longo destes anos, cruzei-me com várias figuras públicas mas, para além do Bryan que é, de facto, um amigo com qualidades que muito aprecio, gostei de conhecer, por exemplo, o Alber Elbaz (um homem com uma enorme sensibilidade), a Suzy Menkes (tem um grande sentido de humor) e tive o privilégio de fazer alguns amigos em vários cantos do mundo da moda, que muitas vezes me surpreendem pela fidelidade e solidariedade que demonstram.

E quais gostaria de vir a conhecer um dia?

Talvez a Cate Blanchett.

Qual o desfile de moda que mais a marcou e porquê?

Sem dúvida os de John Galliano no início dos anos 2000 pois foram os mais espectaculares a que assisti e que mais me surpreenderam, numa época que já não existe. Hoje em dia, posso dizer que os desfiles do Lagerfeld para a Chanel são os mais bem concebidos, com meios que mais nenhum tem.

Qual o episódio mais hilariante que se lembra de ter tido durante a sua carreira na moda?

Dizem que tenho um sentido de humor apurado por isso várias situações já me levaram a rir com gosto. O meu lema é cada vez mais dar importância ao que realmente importa e alegrar-me com pequenas coisas.

Há uma fotografia, que acho impressionante, não só pelas personalidades que reúne, mas também pela logística que deve ter sido precisa para conciliar horários das 17 Editor-in-Chief das revistas Vogue espalhadas pelo mundo que estão presentes na foto. Conte-nos como foi para si essa sessão que certamente ficou para a história.

Na altura, Jonathan Newhouse, presidente da Condé Nast, solicitou a nossa presença em Tóquio para apoiar o Fashion's Night Out e assim ajudar a levantar o moral do povo japonês depois da catástrofe do terramoto de março 2011. Foi na realidade uma iniciativa poderosa que reuniu pela primeira e única vez as diretoras de todas as Vogues do mundo. Fiquei impressionada com o poder de organização de todo o staff, a gentileza do povo japonês e não esquecerei a experiência única de fazer parte deste momento icónico da história da moda.

Entrevista: Chic Every Week

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