Um osso sintético e resistente, obtido a partir de uma impressora 3D, permitiu tratar uma fratura na coluna vertebral de ratos em laboratório, potenciando a fusão das vértebras dos animais. Construído num material maleável e resistente, estimula a regeneração óssea de forma natural, assegura um estudo promissor para o setor da cirurgia reparadora, publicado nos últimos dias na revista norte-americana Science Translational Medicine.

Segundo os especialistas da Universidade de Northwestern, no Illinois, nos EUA, que também conseguiram resolver uma má formação craniana num macaco, a descoberta abre caminho ao desenvolvimento de implantes e de próteses mais baratas para resolver problemas de fraturas de dentes e de ossos e de problemas estéticos. No caso do símio, o buraco no crâneo fechou em quatro semanas, sem provocar infeções ou efeitos secundários.

O novo material tem ainda a vantagem de poder ser cortado e recortado muito facilmente, além de favorecer o crescimento do osso, quando combinado com outras substâncias num procedimento em bloco operatório. «Estes trabalhos representam o que pode ser a próxima inovação em ortopedia e em cirurgia crâneo-facial e pediátrica no que respeita à reparação e regeneração dos ossos», assegura Ramille Shah.

De acordo com a professora de ciência dos materiais e de cirurgia da universidade norte-americana, que conduziu a pesquisa que sustenta a inovação, a nova impressora 3D permite usar a hidroxiapatita, um material formado por fosfato de cálcio cristalino que corresponde a 99% do cálcio corporal e 80% do fósforo total, que é combinado como um polímero, um plástico bio-compatível e bio-degradável.

Apesar de já ter sido aprovada pela Food and Drug Administration, o regulador de saúde dos EUA, a nova tecnologia e os materiais que a sustentam ainda não foram testados em seres humanos, o que deverá acontecer nos próximos cinco anos, para que a partir de 2021 possam ter lugar as primeiras aplicações clínicas. Uma possibilidade que já está a entusiasmar muitos dos agentes do setor em várias partes do mundo.

Texto: Luis Batista Gonçalves