SANJO: os ténis da Geração X que pretendem conquistar a Z

Se perguntarmos aos jovens e adolescentes da Geração Z, nascida entre 1997 e 2012, se conhecem a marca SANJO o mais provável é que a maioria responda um ‘não’ redondo. Mas se a pergunta for colocada aos pais e avós a reação será completamente diferente.

Criada em 1933, em São João da Madeira, a SANJO foi líder de vendas e uma grande referência no setor do calçado durante o Estado Novo, mas com a Revolução dos Cravos, que permitiu a importação de marcas estrangeiras que vieram competir com a produção nacional, a marca não conseguiu acompanhar as tendências entrando em declínio e acabando por fechar as portas durante a década de 1990.

Com o fenómeno do revivalismo vintage, que se fez sentir entre 2008 e 2009, Paulo Fernandes viu aqui a oportunidade ideal para fazer renascer das cinzas a marca de ténis portuguesa. “Decidimos agarrar no produto histórico – que são os modelos K100 e K200 – e recriar um projeto para a SANJO como marca revivalista”, começa por referir sobre o objetivo traçado para a marca que, após estar vários anos fora do mercado e ter sido adquirida em hasta pública, foi relançada em 2010.

Mas ao reintroduzir no mercado uma marca que deixou saudade no consumidor, Paulo Fernandes estava longe de imaginar as dificuldades que o esperavam. Com o encerramento da fábrica de São João da Madeira, o empresário deparou-se com a inexistência de moldes que lhe permitissem iniciar o processo de produção sem desvirtuar e esquecer a identidade da SANJO.

“Criámos o projeto a comprar, em sapatarias antigas, vários modelos originais da SANJO para depois criarmos os protótipos idênticos à bota histórica. Isto demorou cerca de dois anos porque envolveu não só a pesquisa como a recriação do calçado”, explica sobre aquela que foi a sua principal dificuldade durante o processo de relançamento. Para além disso, o objetivo de reintroduzir a SANJO no mercado como uma marca portuguesa, com design português e de produção nacional também não foi possível devido ao facto da técnica de construção dos SANJO - conhecida como sistema vulcanizado - não existir em Portugal. “Na altura tínhamos duas hipóteses: ou parávamos com o projeto ou produzíamos no estrangeiro.”

Apesar de nunca ter desistido do projeto em território nacional, a solução passou por começar com a produção na China e Indonésia. Disponíveis em 15 cores diferentes, o relançamento dos modelos K100 e K200 superou todas as expectativas. “Foi um sucesso porque estávamos a tocar na saudade das pessoas que usaram os ténis durante a sua juventude. Para além disso, o nosso objetivo sempre foi direcionar a SANJO como uma marca de moda e atingir a classe mais jovem que nunca tinha ouvido falar nela.”

Sete anos após o seu relançamento, as mudanças são muitas. Para além de já produzirem em Portugal com o auxílio de Espanha, a marca criou uma loja online de forma a dar resposta a um público saudosista que queria voltar a ter um pedaço da sua juventude e começou a vender na Amazon.

“Neste momento o nosso objetivo é continuar a aumentar as vendas em Portugal, com novas coleções, e apostar cada vez mais na exportação, começando por países onde exista a comunidade portuguesa, como é o caso da Suíça, Bélgica e Luxemburgo.”

E para quando a abertura de uma loja física? “Gostávamos de abrir uma loja de rua em Lisboa que tivesse toda a coleção da SANJO”, remata.

Cantê: as arquitetas que lançaram o culto do swimwear em Portugal

O que é nacional é (muito) bom. Marcas que vieram para ficar (e dispensam apresentações)

Na altura em que se perdia a cabeça por biquínis brasileiros, que todos os anos desfilavam abundantemente pelas praias e corpos das portuguesas, as arquitetas Rita Soares e Mariana Delgado decidiram replicar a fórmula de sucesso mas com biquínis que exibissem a etiqueta Made in Portugal. Uma oportunidade de negócio que começou a tomar forma em 2009 durante uma viagem a Floripa, no Brasil.

“Quando demos por nós a comprar imensos biquínis, pensámos que realmente não existia uma marca portuguesa com uma oferta diferente. Só haviam marcas estrangeiras. Por isso achámos que fazia sentido investir em produtos exclusivos”, começa por referir Mariana Delgado sobre o nascimento da Cantê que, em 2011, começou a ser comercializada através das redes sociais e mais tarde numa loja em Belém.

Apesar das inúmeras marcas que atualmente têm o seu negócio online, a verdade é que a  marca portuguesa de biquínis e fatos de banho foi pioneira neste aspeto criando um nicho de mercado e abrindo caminho para as marcas portuguesas que se seguiram. “Na altura foi tudo muito complicado para nós, pois quando começámos não havia este conceito de negócio”, explica Mariana sobre o lançamento do projeto promissor que concebeu com Rita Soares.

Ao depositarem toda a sua confiança na marca Cantê, torcendo para que tudo corresse pelo melhor, fez sentido batizarem a marca a partir da palavra Canté, que no dicionário da Língua Portuguesa, quer dizer “oxalá!” ou “Se Deus quiser”.

E o resultado está à vista. Seis anos depois, contam com mais de 123 mil seguidores no Facebook e uma loja em pleno coração de Lisboa, que definem como a concretização precoce do sonho de uma vida.

Mas o que a distingue das outras marcas? A alma Cantê que, mais do que uma filosofia, é uma forma de estar na vida inerente a todas as clientes que se reveem na marca portuguesa que todos os anos lança mais de 40 modelos distintos que, conjugados entre si, chegam até às 180 versões. Mas para que isto aconteça são precisos seis meses de trabalho árduo.

“Somos nós que fazemos os estampados no nosso atelier. Está tudo envolvido no processo criativo da coleção. Nós escolhemos um tema e durante uma primeira fase fazemos pesquisa e procuramos inspiração até passarmos o briefing às nossas designers que desenvolvem os estampados que idealizámos. De seguida, começamos a desenhar a coleção com a cabeça: a pensar que estampado vai ficar bem em que fatos de banho e biquínis”, refere uma das fundadoras.

Para além de todos os biquínis, fatos de banho e triquínis serem confecionados em estampados diferentes do habitual, a Cantê tem o cuidado de criar diversos modelos que evidenciem e favoreçam a silhueta das suas clientes.

“Temos o cuidado de experimentar [as peças] em pessoas diferentes e tentamos perceber como funcionam em cada tipo de corpo. Claro que temos modelos que não ficam bem em todas as pessoas, mas temos uma coleção enorme e que se adapta a todos os corpos”, frisa Rita Soares sobre um dos pontos fortes da marca que se orgulha em comercializar produtos exclusivos e irrepetíveis que fazem com que, a cada ano que passa, as clientes façam fila para comprar o biquíni dos seus sonhos.

“Cada coleção tem um tema, uma inspiração e quando acabar acabou. Partimos para outra. Já nos fizeram propostas milionárias para fazermos mais modelos de coleções anteriores…”, conta.

O sucesso da Cantê tem sido tão grande que nem passou despercebido ao mercado internacional. “A nossa loja online está a crescer lá fora. Temos estrangeiros a vir de propósito à Cantê, nas redes sociais temos muitas estrangeiras a comentarem, a taggarem as amigas e a fazerem like.”

Apesar de na Cantê o produto principal ser o swimwear, cada ano tem as suas novidades. Entre saídas de praia, camisas, kimonos e toalhas, o que é que os fãs podem esperar nos meses que se avizinham? “Não podemos revelar nada, mas temos outras novidades que vamos divulgar em breve e que vão pôr as pessoas bastantes surpreendidas”, adianta.

SALSA: a empresa capaz de desenhar jeans que fazem maravilhas pelo corpo feminino

O que é nacional é (muito) bom. Marcas que vieram para ficar (e dispensam apresentações)

Em 1987, Filipe Vila Nova e os irmãos fundaram a empresa Irmãos Vila Nova, S.A. (IVN, S.A.). Após dedicaram vários anos à lavandaria e tinturaria, a família decidiu apostar no fabrico e confecção têxtil. Após receberam a sua primeira encomenda – estritamente focada no denim -, Filipe Vila Nova viu aqui uma boa oportunidade de negócio para a empresa de Ribeirão (Famalicão): criar uma marca portuguesa especializada no denim. E em 1994 nasceu a Salsa.

“Em 1998 abrimos a primeira loja Salsa no Centro Comercial Norte Shopping, em 2002 iniciámos o processo de internacionalização com a abertura da primeira loja em Espanha e, em 2004, a Salsa chegou ao Médio Oriente, com a abertura da primeira loja no Qatar”, começa por explicar Rita Calheiros, diretora de Marca e Marketing da Salsa, sobre os primeiros anos da marca portuguesa que atualmente tem disponível uma ampla e completa coleção de mais de 20 fits diferentes que se adaptam tanto à silhueta feminina como masculina.

Para além da qualidade, a Salsa sempre teve o objetivo muito definido de criar produtos que marcassem a diferença na vida dos seus clientes. Foi com isto em mente que, em 2007, decidiu apostar num produto pioneiro a nível mundial: os modelos técnicos e inovadores. “A nossa estratégia de marca sempre foi assente na diferenciação e na inovação de produto. Assim, após um profundo estudo do corpo feminino e após escutarmos as nossas clientes, identificámos a necessidade de criar modelos que favorecessem e realçassem a fisionomia do corpo. Assim criou-se o primeiro fit técnico – as Push up Wonder – que é o nosso modelo mais icónico. Trata-se de um modelo que combina na perfeição o verdadeiro efeito push up com sensualidade e conforto”, refere sobre a gama que neste momento já conta com quatro irmãos mais novos: os Push-In Secret (com efeito de barriga para dentro), os Maternity Jeans (criados para serem utilizados antes, durante e após a gravidez), os Mystery (que criam curvas femininas) e os DIVA (com efeito corpete adelgaçante, na imagem).

Com 50% da produção em território português e 50% em mercados alternativos, a Salsa está sempre a pensar em novas maneiras de surpreender o cliente. “Todos os anos procuramos lançar, em média, dois novos modelos”, adianta. É graças ao trabalho das equipas de I&D, modelismo e gestão de produto - encarregues de desenvolver todas as coleções da Salsa - que a marca tem crescido a nível internacional e conseguido colocar os seus jeans num elevado patamar de diferenciação. Com 110 lojas a nível mundial e mais de dois mil pontos multimarca, a Salsa promete não parar por aqui de forma a concretizar a sua visão: ser reconhecida mundialmente como uma marca inovadora de denim.

“Dado o nosso objetivo de expansão, pretendemos ter uma maior representatividade internacional. Para isso, a Salsa está a passar por um movimento de reposicionamento de marca onde queremos aprimorar a relação com o nosso cliente, colocando-o no centro, e envolvê-lo nos nossos valores”, explica Rita Calheiros sobre o sobre o plano estratégico que inclui a aposta num novo conceito que vai ser aplicado nas restantes lojas da marca e a disponibilização da experiência omnicanal que se assume como um modelo de compra que pretende facilitar a vida do consumidor.

“Fomos uma das marcas pioneiras do retalho de moda a operacionalizar este modelo, permitindo ao consumidor uma compra mais rápida e cómoda. Através de um smartphone ou tablet, o consumidor poderá confirmar qual a loja Salsa mais próxima que tem disponível o produto pretendido podendo ser entregue em casa ou na loja mais próxima. Para além disso, passámos a disponibilizar as recolhas das compras da loja online em qualquer loja física Salsa, bem como trocar e devolver, o que torna mais conveniente todo o processo de compra”, conclui.

Josefinas: a marca nacional que cria sapatos de fazer perder a cabeça (e a carteira)

O que é nacional é (muito) bom. Marcas que vieram para ficar (e dispensam apresentações)

Deus quer, a mulher sonha, a marca nasce. É assim que começa a história das Josefinas, uma marca portuguesa que foi concebida em pleno cenário de crise económica pela mão de Filipa Júlio e mais duas sócias. As aventuras que viveu lado da avó Josefina, que a levava às aulas de ballet, serviram de inspiração para o nome da marca e aquela que viria a ser a sua primeira coleção: as sabrinas.

“Cada par de Josefinas é criado à mão por mestres sapateiros em Portugal. Sabemos que em Portugal há artes extraordinárias, das quais temos o maior orgulho em dar nova vida”, começa por referir Sofia Oliveira, relações públicas e co-fundadora da marca digital lançada em 2013. Com produção em São João da Madeira e desenhadas para mulheres que privilegiam produtos simples mas extraordinários, desengane-me quem acha que as Josefinas são mais uma marca de calçado. A sua missão? Dar poder às mulheres através dos sapatos.

“As Josefinas são, acima de tudo, inspiradas nas viagens e aventuras de mulheres fortes com histórias inspiradoras. Porque não vincar o poder no feminino e homenagear mulheres extraordinárias dessa forma? Por exemplo, a edição limitada Rose Bold foi inspirada na coragem de Rosa Parks enquanto a coleção Thelma e Louise foi inspirada na força das personagens do icónico filme dos anos 90. Rosa é poder”, refere.

No espaço de cinco anos muito mudou na curta história de sucesso das Josefinas. Depois das sabrinas surgiram os loafers, as sapatilhas, os mules e as malas que, graças à sua ousadia e originalidade, se tornaram no objeto desejo de milhares de mulheres. “Quando criámos a Josefinas criámos um negócio para o mundo. As redes sociais, o apoio de celebridades e o passa-palavra foram importantes na cimentação da marca”, realça a RP sobre as Josefinas que se tornaram na primeira marca portuguesa a ser parceira do Instagram.

Enquanto empresa que pretende contribuir para um mundo melhor, em 2015 as Josefinas associaram-se à Women for Women International (WfWI), uma organização de mulheres, feita por mulheres, que apoia tantas outras em situação de risco. Assim criaram a Women for Women: uma edição especial de sabrinas que contempla dois pares de Josefinas iguais com as pontas cravadas com cristais. “Quando ambos os pares se unem, frente a frente, os cristais dão origem a um círculo perfeito, símbolo do universo da amizade no feminino”, refere sobre a iniciativa solidária que já vai na terceira edição e contou com uma coleção assinada pela ativista e feminista Gloria Steinem.

“Sabemos que ninguém pode alcançar o sucesso sozinho, por isso, quisemos ajudar a fazer a diferença. O nosso maior objetivo em 2017 é ajudar 100 mulheres em situação de risco e garantir-lhes meios para transformarem as suas vidas.”

No ano passado, as Josefinas saltaram do digital diretamente para Nova Iorque onde se encontra a primeira loja física da marca. Uma escolha óbvia tendo em conta que se trata “do maior mercado de luxo do mundo e 35% das nossas vendas já tinham como destino o mercado norte-americano.”

A it-girl Olivia Palermo e a blogger Chiara Ferragni são apenas algumas das figuras públicas que já se renderam aos encantos das Josefinas, que comercializa sabrinas a partir dos 149€ ou ténis a partir dos 335€.

Mas como é para uma marca ter os seus produtos nos pés de pessoas tão influentes? “Sentir o apoio destas mulheres é incrível. Valorizamos muito o carinho da Olivia e da Chiara, assim como de todas as nossas clientes. Sem elas não estaríamos onde estamos.”

Questionada sobre que personalidade um dia gostariam de ver usar a marca Josefinas, a resposta é praticamente imediata: “Michelle Obama.”

Veja também: Marcas made in Portugal