São dois anúncios visíveis nos últimos dias nas ruas de Paris, em plena Semana de Moda. Num deles uma jovem com um casaco de pele, meias rasgadas e patins surge com as pernas abertas. Noutro, a modelo - vestida com um body e patins - aparece inclinada sobre um banco naquilo que parece uma posição explicitamente sexual.

Nas redes sociais espalhou-se a hashtag "#YSL Retirem a vossa publicidade degradante", e a Autoridade Reguladora Profissional da Publicidade (ARRP) francesa disse ter recebido cerca de 50 denúncias devido a "imagens degradantes", "mulheres-objeto" e até "incita à violação".

A ARRP vai anunciar na próxima sexta-feira a decisão que vai tomar sobre o assunto. O diretor, Stéphane Martin, disse à Agência France-Presse (AFP) que a Saint Laurent parece ter "infringido claramente" as regras do setor.

"Não acredito que as clientes (da marca) queiram estar associadas a estas imagens", disse. Recorde-se que o órgão proíbe as representações "degradantes e humilhantes".

A associação feminista francesa "Osez le feminisme" também pediu a remoção dos anúncios.

"Esta publicidade tem todos os elementos sexistas: hiperssexualização, conversão da mulher em objeto, posição de submissão. Simbolicamente, é muito violento", disse a porta-voz da associação, Raphaelle Remy-Leleu.

"Como é que, hoje em dia, alguém pode pensar que vai conseguir vender com isto? Pergunto-me se não tiveram a intenção de criar um escândalo para que se fale da marca", disse.

Até ao momento, a marca Saint Laurent, contactada pela AFP, não quis falar sobre a polémica.

Recorde-se que esta não é a primeira vez que uma campanha da marca francesa gera polémica. Há dois anos, a autoridade reguladora britânica proibiu uma publicidade devido à magreza extrema de uma modelo, que chegava a mostrar suas costelas.

Na terça-feira passada, a marca desfilou na Semana de Moda parisiense de "prêt-à-porter". O belga Anthony Vaccarello, que ao assumir no ano passado a direção artística da marca prometeu um "glamour sexy", apresentou looks de inspiração nos anos 1980, com minissaias. A coleção também abusou das lantejoulas, transparências e do couro.