Atualmente Sarah Musa trabalha para a Club Monaco e sonha em criar a sua própria coleção de roupa, que descreve como recatada mas universal.

Na empresa, onde desempenha as funções de Senior Technical Design Manager, a jovem adaptou-se aos códigos do mundo da moda independentemente da roupa com que trabalhava.

"Faço roupas bonitas", diz, "e as mulheres podem vesti-las como quiserem".

No seu dia a dia, Musa sobrepõe peças de diferentes criadores para cobrir o seu corpo. "Prefiro vestir uma blusa de manga comprida da Uniqlo do que a chamada modest fashion", diz em referência a este estilo modesto também conhecido como "moda islâmica".

Quando, aos 17 anos, escolheu usar o véu, a mãe demorou três anos até aceitar a sua decisão.

Muitas vezes, durante esta altura "os jovens só querem ser aceites pelos seus pares", diz. Ao optar por cobrir o seu corpo, Sarah foi "contra a sociedade".

"Muitas marcas dizem que as mulheres devem usar maquilhagem, mostrar a pele, pintar o cabelo", diz. "A indústria transmite a mensagem de as mulheres nunca estão suficientemente bem".

"Ao cobrir-me eu faço uso do meu poder, decido quem quero ser", explica.

Trabalhar arduamente

Aos 20 anos, Sarah lançou a marca de modest fashion, Haya, mas fez uma pausa de forma a poder concluir os estudos no Fashion Institute of Technology de Nova Iorque e trabalhar no atelier de grandes marcas como Ralph Lauren, Anna Sui ou Carolina Herrera.

"A minha mensagem não é religiosa", adverte, citando como exemplo a estilista americana Ryan Roche, adepta das calças e das mangas, e The Row, a marca das irmãs Olsen, que apresenta peças muito distintas.

"São extremamente recatadas, mas as pessoas nem sempre entendem que não estão ligadas à religião", diz a estilista de 33 anos.

Há 10 anos que Sarah lida com a indústria da moda, dizendo que só teve problemas uma vez durante uma entrevista de trabalho em que foi dispensada por usar véu.

"As pessoas julgam-me sempre de maneira diferente", admite. "Sinto que preciso de trabalhar mais arduamente, mas de certa forma foi isso que pedi quando tomei esta decisão".

Sarah sente principalmente a diferença quando sai de Nova Iorque para voltar à sua cidade natal. "Desde que cheguei a Ohio, senti os olhares das pessoas centrados em mim. E não sou paranóica", diz.

Mas a verdade é que o véu também provoca reações positivas, como no dia em que uma mulher a abordou na rua para dizer que o seu véu era "magnífico", lembra. "Eu podia tirar o véu e ser igual às outras pessoas, mas os meus amigos negros não podem mudar", diz.

Sarah prefere ver este desafio como uma oportunidade. Para os muçulmanos, diz, "a moda pode ser uma forma de nos unir e encontrar os meios necessários para enfrentar o sectarismo e o ódio".