A maior parte dos sabonetes líquidos que encontramos à venda são de boa qualidade e têm até emolientes e hidratantes incorporados com bom poder hidratante e humectante. A apreciação positiva é do dermatologista Miguel Trincheiras, que considera que não é preciso ir à farmácia para comprar um bom sabonete. O especialista chama, no entanto, a atenção para alguns mitos como, por exemplo, o da glicerina.

«O sabonete de glicerina é tido como hidratante, mas é altamente desidratante e só deve ser usado em peles oleosas. A glicerina ao ser colocada na pele absorve as moléculas de água que, depois, são levadas na lavagem», explica. Também é importante ter em conta que o gel de banho que faz mais espuma tem mais detergente, remove mais sebo e tende a secar mais a pele.

Já boa parte dos sabonetes com menos poder detergente, como é o caso da aveia coloidal, lavam por arrastamento de partículas. São ideais para peles sensíveis e secas. Líquidos, em gel, tradicionais, produzidos industrialmente ou preparados artesanalmente, os sabonetes têm vindo a conquistar uma nova geração de consumidores. O especialista Miguel Trincheiras esclarece algumas das principais dúvidas:

- O uso de um sabonete requer a aplicação de um hidratante a seguir?

«Mesmo que o sabonete contenha hidratantes, tem um poder detergente e esses emolientes também são em boa parte removidos. Por outro lado, a água quente do banho liquidifica o nosso sebo e, portanto, mais o remove da nossa pele. É importante repor esse manto hidrolipídico depois do duche e depois de lavar as mãos», aconselha Miguel Trincheiras.

- Vale a pena investir num sabonete antibacteriano?

«Em localizações específicas com maior maceração e proliferação bacteriana (pregas, pés ou genitais) pode fazer sentido usar sabonetes líquidos com constituintes antisséticos ou antibacterianos. Mas não devem ser usados de forma recorrente porque, além de irritativas, estas substâncias podem selecionar estirpes bacterianas que se tornam resistentes, causando infeções secundárias ocasionais», recomenda o médico dermatologista.

- O mesmo sabonete sólido pode ser usado por toda a família?

«Os sabonetes sólidos têm, em geral, conservantes que são, também, matérias antisséticas que impedem a proliferação bacteriana. À partida, está limitada a degradação do sabonete pelas bactérias e a transmissão de uma pessoa para outra, embora o potencial seja maior do que no uso de sabonete líquido», acrescenta o especialista.

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3 aspetos a ter em conta com os sabonetes que usa

1. Os sabonetes líquidos tendem a respeitar mais o pH cutâneo do que os sólidos. Para solidificarem, os sabonetes são sujeitos a um processo que os torna mais alcalinos, aumentando seu potencial irritativo.

2. A pele do corpo tende a ser mais seca do que a da rosto, cuja área lateral é mais seca. A zona central (zona T) é mais oleosa.

3. Nas peles sensíveis, devem evitar-se sabonetes com perfumes que têm um potencial irritativo, sensibilizante e podem desencadear eczemas. O musk (almíscar), por exemplo, tem uma capacidade irritativa e de sensibilização elevada.

Texto: Catarina Madeira com Miguel Trincheiras (médico dermatologista)