Muitas vezes, ainda mal o verão começou e já nos cruzamos na rua com pessoas com um bronze de fim de estação. Até meados da década de 1970, ser moreno não tinha uma conotação muito positiva, pois estava associado ao povo trabalhador, nomeadamente a pessoas que trabalhavam no campo de sol a sol. As mulheres que faziam mais sucesso eram, por isso, as que exibiam uma tez muito clara e uma epiderme branca e alva.

Todavia, atualmente, ter uma cor dourada é a ambição de muitas pessoas. De acordo com revistas de moda e de estética, tornou-se um símbolo de beleza. Para isso, muitas pessoas recorrem a banhos de sol, outras fazem sessões de solário e/ou tratamentos de jetbronze e outras utilizam cremes autobronzeadores. Poucos sabem, no entanto, que este desejo, quando se transforma em obsessão, pode mesmo custar–lhes a vida.

A tanorexia, um problema psicológico que afeta, sobretudo, mulheres entre os 20 e os 30 anos, é uma doença que faz com que as pessoas nunca estejam satisfeitas com o seu tom de pele e façam tudo, até mesmo arriscar a vida, para ficarem mais morenas. Além de exposições prolongadas ao sol, muitas vezes sem uso de qualquer protetor solar, abusam também dos solários, ignorando ao que se expõem.

Um vício comparável ao da heroína

Para além do envelhecimento precoce da pele, sofrem, muitas vezes, de queimaduras solares e cancro de pele, o qual mata 50 mil mulheres por ano, em todo o mundo. As jovens inglesas estão a seguir à risca a moda das celebridades extremamente bronzeadas que colocam a saúde em risco. Ao tentarem ser parecidas com as estrelas que mais admiram, muitas adolescentes têm–se submetido, em clínicas de beleza, a várias sessões de bronzeamento artificial por semana.

O recomendado pelos médicos é uma. No máximo! O comportamento, fruto da necessidade de aceitação entre grupos de amigas e também à pressão crescente da imagem nas redes sociais, segundo especialistas, pode levar a casos de tanorexia. Há uns anos, a Associação Médica Britânica de Investigação Sobre Cancro solicitou às clínicas que impeçam menores de 16 anos de se submeterem a sessões de solário.

No Reino Unido, cerca de 100 pessoas morrem por ano como consequência direta dos bronzeamentos artificiais e muitas outras acabam por sofrer vários danos na pele. Em Portugal, não existem muitos dados mas, em 2015, um artigo do jornal francês L'Express alertava para a dimensão do problema aqui mesmo ao lado, em Espanha. «A minha família não gosta que eu vá ao solário mas tenho de me bronzear», justificava Macarena García.

Ao contrário da espanhola, que não referia o número de sessões mensais que fazia para exibir uma pele dourada, Jose Manuel Rodriguez, um bailarino espanhol, na altura com 36 anos, assumia sem qualquer problema as três sessões semanais de que não prescindia. «Não posso perder o meu tom bronzeado natural», justificava. Joel Hillhouse, investigador da East Tennessee University, compara os sintomas da tanorexia aos da adição de heroína.

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A importância da fotoproteção contínua

A agressão à pele por efeito acumulatório, pode com o tempo resultar num cancro de pele. Por isso, é importante a fotoproteção, insistem os especialistas. Todos os corpos emitem ou refletem energia radiante, se a terra estivesse isolada no espaço, iria emitir radiação, perder energia térmica e resfriar. Como estamos perto do sol, o que a terra perde para o espaço é compensado pela radiação solar absorvida.

Diariamente todos devem usar protetor solar, principalmente as crianças e os idosos. Também os homens devem de usar, pois a pele não tem sexo, mais o maior perigo é nas mulheres dos 15 aos 50 anos. O ideal é usar um protetor solar com um mínimo de FPS 30 e, idealmente, de FPS 50 ou FPS 50+. Só 30% da população usa protetor solar diariamente. Veja também a galeria de imagens com soluções naturais que defendem a pele dos raios UV.

Também é importante preparar a pele para esta agressão, fazendo banhos terapêuticos renovadores e aplicando esfoliantes, argilas como renovadores e clareadores e cremes nutritivos e emolientes para a pele não ser tão danificada pelo sol. Após essa exposição, devemos aplicar o mesmo banho terapêutico para renovar as células mortas, clarear as manchas e promover uma hidroumectação.

Os cuidados a ter com o sol

Preste atenção para não se queimar pois o bronzeado já é o resultado de um dano do sol à pele. E é um dano que se acumula, dia após dia, por toda a sua vida. Os seus benefícios para a saúde são inegáveis. A luz do sol promove a síntese da vitamina D, necessária para fortalecer os ossos e evitar o raquitismo. Há também evidência de uma ligação entre exposição solar e a produção aumentada de hormonas com a melhoria da disposição e do humor.

Isto parece ter um papel importante na manutenção da saúde mental e dos ritmos circadianos. A privação prolongada de luz do sol, tal como ocorre em países do extremo norte durante os meses de inverno, pode levar a distúrbios de ordem afetiva sazonal, caracterizados pela conhecida depressão nas estações mais frias. Estes são também períodos tendencialmente mais associados a estados depressivos.

No que toca a malefícios, as alterações que ocorrem na pele pela exposição ao sol são bronzeado, queimadura, sardas, reações de fotossensibilidade, imunossupressão, entre outras. Essas alterações levam anos a desenvolver-se e causam, na maioria dos casos, rugas, manchas, perda de elasticidade e fotoenvelhecimento. Alterações graves como o cancro de pele podem ser letais e a maioria deles resulta de exposição excessiva à luz do sol.

Os principais tipos são o carcinoma basocelular, o carcinoma espinocelular, epidermoide ou escamoso, e o melanoma. O cancro de pele é completamente curável quando tratado nos seus estágios mais precoces. Todas as pessoas necessitam de se proteger do sol. Não importa a idade ou cor da pele. Todos os dermatologistas, sem exceção, são unânimes quanto a esta necessidade de proteção cutânea.

Veja na página seguinte: Os cuidados que deve (mesmo) ter

Medidas para se proteger

O cuidado com a exposição solar excessiva deve ser redobrado para quem tem a pele muito branca, olhos claros, cabelo vermelho, sardas, pessoas cuja pele queima facilmente, mesmo com pouca exposição ao sol, bebés e crianças pequenas, pessoas com vitiligo, albinismo, porfirias, xeroderma pigmentoso, lupus eritematoso, eczema, rosácea e herpes simples. Quando a pele é exposta à radiação ultravioleta, tem início uma resposta da pele para se proteger.

As células chamadas de melanócitos, presentes na epiderme, produzem o pigmento melanina. Essa melanina pode absorver radiação UV e proteger a pele. Pessoas com pele mais escura têm a mesma quantidade de melanócitos do que aqueles que têm a pele clara, mas podem produzir mais melanina, o que lhes dá maior proteção. Estas são algumas das principais recomendações dos especialistas:

- Limite o tempo ao sol, apesar da hora ou estação. Evite apanhar sol entre as 10h00 e as 16h00, quando os raios de sol são mais fortes. Procure ficar à sombra.

- Cubra-se com roupas apropriadas, chapéu e óculos escuros.

- Use protector solar com FPS 30 ou mais alto ainda (idealmente FPS 50+) sempre que estiver ao ar livre, até mesmo quando estiver à espera do autocarro na rua. Ele pode reduzir a incidência da maioria dos tipos comuns de cancro de pele e diminuir o envelhecimento precoce da mesma.

- Escolha um protetor solar com ingredientes que bloqueiam tanto os raios ultravioleta B como os ultravioleta A.

- Aplique o fotoprotetor 15 a 30 minutos antes de sair de casa e se expor ao sol e reaplique-o sempre que suar ou nadar ou, em alternativa, pelo menos de duas em duas horas.

- Dê atenção particular à proteção das mãos, ombros, orelhas, pescoço, nariz, pés, lábios e a área em volta dos olhos. Evite o contacto com os olhos e as pálpebras.

- Fique bem longe de dispositivos de bronzeamento artificial como solários, refletores ou lâmpadas, a radiação ultravioleta emitida por lâmpadas artificiais é muito mais intensa do a luz do sol natural.

- Proteja-se mesmo em dias nublados. As nuvens fornecem pouca proteção contra os raios ultravioleta.

- Proteja-se se mora ou passa férias em latitudes mais perto do equador, onde o sol é mais potente.

- Quanto maior a altitude em relação ao nível do mar mais intensa a radiação ultravioleta.

- Água, areia, cimento e neve são altamente reflexivas e por isso a radiação alcança a pele até mesmo na sombra.

As possíveis reações alérgicas

Reações de fotossensibilidade são reações anormais e exageradas à exposição ao sol. Alguns medicamentos como certos antialérgicos do tipo antihistamínicos, fenotiazidas, tetraciclinas, pílula anticoncepcional e barbitúricos, entre outros, podem fazer com que a pele fique mais suscetível a queimaduras ou provocar reações como erupções, vermelhidão, inchação da pele e manchas.

Indivíduos com doenças como vitiligo, lupus eritematoso e herpes simples, ou a receber radioterapia também podem ter maiores problemas após a exposição solar. Alergias ao protetor solar são raras. Podem, contudo, acontecer devido ao agente activo do produto ou aos outros ingredientes da formulação, tais como fragrâncias e preservativos. Se desenvolver uma erupção ou vermelhidão, tente um produto diferente. Se a reação for intensa e/ou persistente, consulte seu dermatologista.