Tudo começou com as actrizes, os ícones do cinema e televisão mundial que, ano após ano, exibiam
um rosto cada vez mais esplendoroso.

Depois vieram os desafios televisivos que mudaram a vida de inúmeros norte-americanos e trouxeram a Cirurgia Plástica para o mundo real, o mundo das pessoas comuns, que ambicionam por um rosto que faça jus à sua personalidade.

Actualmente, são cada vez mais as pessoas que recorrem à cirurgia plástica, seja para corrigir pequenos traços menos estéticos da face, seja para dar nova forma à silhueta.
Tomando como ponto de partida o rosto, ex-líbris da nossa imagem, entrevistámos José Mendia, especialista em Cirurgia Plástica, sobre as principais técnicas usadas actualmente.

Como o envelhecimento
não ataca todo o rosto da mesma forma, a Cirurgia Plástica divide-o em três áreas de acção distintas, a testa, a face (maçãs do rosto) e o pescoço (que se traduzem nos tratamentos lifting frontal, facial e cervical, respectivamente).
Em certos casos pode ser feito um lifting cervico-facial, que engloba a zona da face e pescoço, e noutros, por norma em idade mais avançada, recorre-se ao lifting completo.

Já lá vai o tempo em que a palavra lifting era sinónimo de uma pele ultra-esticada. Agora, como explica José Mendia, consiste em «não só esticar a pele mas trabalhar a parte muscular, que com a gravidade vai caindo. Por exemplo, ao fazermos um lifting cervico-facial abrimos a parte cutânea, reposicionamos os músculos caídos
e laxos e que normalmente vão para a região das pomanetes e do pescoço».

«Esses músculos dão sustentação ao lifting, reduzindo a tracção da parte cutânea, e fica mais natural. A pele cai por cima dos músculos traccionados e não dá o efeito esticado que antes se via muito», acrescenta o especialista.

Novas técnicas

Surgem cada vez mais tratamentos
cujos métodos menos invasivos permitem
obter os resultados esperados reduzindo o tempo necessário para a execução e recuperação. Rejuvenescer sem deixar qualquer marca é a aposta da técnica pioneira que José Mendia trouxe dos Estados Unidos e que aplica ao tratamento do rosto.

Denominado lifting endoscópico, este procedimento
usado é menos invasivo do que o lifting comum. Trata-se de «uma técnica nova, feita interiormente
e sem cicatriz.

Através de umas pequenas
incisões na cabeça conseguimos levantar toda a região frontal, permitindo o desaparecimento das rugas e também tratar aquela região entre as sobrancelhas que às vezes está muito carregada. Tudo isso fica levantado e a pessoa fica com um aspecto mais natural».

O pós-operatório é também
simplificado: «Não implica internamento e a recuperação é mais rápida. Necessita de cerca de sete a dez dias, ao contrário do lifting frontal tradicional que ronda os 15 dias».

Soluções adaptadas

É a partir dos 50 anos que a procura, pelas mulheres, do lifting como tratamento
facial aumenta.

Contudo, como o envelhecimento
cutâneo não segue apenas os dados do BI, cada caso deve ser analisado isoladamente.

Em situações iniciais pode recorrer-se a outros procedimentos,
como a técnica que consiste na introdução
de pequenos fios no rosto, explicada por José Mendia. «Tratam-se de uns fios especiais, que entram pelo músculo, são depois puxados como se fosse uma espinha de peixe e levantam o rosto», adianta.

«Em termos iniciais, quando a mulher chega aos 45 anos e a face começa a descair (ptose) esta técnica melhora bastante. Há uma diferença em termos de durabilidade, o que é mais permanente é o lifting completo, contudo, talvez não seja necessário para uma mulher ainda na casa dos 50 anos», refere ainda.


Veja na página seguinte: O que os tratamentos não resolvem

Outros aliados

Embora o lifting possa ser a resposta para muitos problemas do rosto, não soluciona todos.

Isto porque o envelhecimento
da pele não se processa apenas a um nível.

«Há vários componentes envolvidos como a atrofia
dos tecidos, envelhecimento da pele, da parte muscular e são esses factores que podemos tratar para melhorar o aspecto da pele», explica José Mendia.

«Um lifting actua na parte cutânea e muscular mas não resolve a parte atrófica dos tecidos, a ausência de gordura ou a falta de células fibroblásticas», acrescenta ainda este especuialista.

Inúmeras técnicas ajudam a rejuvenescer o rosto a prolongar resultados, como os processos de preenchimento. «Hoje as pessoas complementam
os tratamentos com pequenas práticas da Cirurgia Plástica, como as injecções de fibroblastos
que enriquecem um lifting frontal», refere o especialista.

Outro processo recente recorre ao plasma sanguíneo para criar células nos tecidos.
«Retira-se sangue que é centrifugado para obter o plasma. Depois é adicionado a um produto
especial, estimulando a produção de tecidos adiposos, fibroblastos que a pele veio a perder.
É uma técnica com bons resultados e sem grandes complicações», esclarece. Entre as várias opções há diferenças em termos de acção, durabilidade e resultados, o que requer uma análise especializada
para encontrar a solução mais adequada.


As várias facetas do lifting

Frontal Abrange o terço superior do rosto e destina-se a corrigir situações como a testa marcada ou rugas em torno das sobrancelhas e olhos.

Facial Engloba as maçãs do rosto e face e ajuda a combater a flacidez ou marcas da idade nesta área.

Cervical Destina-se a corrigir o excesso de gordura e flacidez no pescoço. Combinado com o tratamento da face intitula-se lifting cervico-facial, uma das técnicas mais comuns.

Completo Corrige todas
as zonas do rosto
e é indicado para casos
de envelhecimento intenso.


Texto: Manuela Vasconcelos com José Mendia (especialista em Cirurgia Plástica)