Já alguma vez se questionou porque razão a sua pele fica bronzeada quando se expõe ao sol? Pois trata-se de um simples, mas espantoso, mecanismo de defesa natural. «A pele aciona uma fotoprotecção que se caracteriza pelo espessamento da camada córnea (criando uma barreira física que limita a passagem dos raios) e pelo bronzeamento que é o resultado da formação de melanina (melanogénese) nos melanócitos e a sua difusão por toda a epiderme (a melanina migra da membrana basal da epiderme até à superfície).

Estes mecanismos aplicam-se apenas às peles que sintetizam a melanina e que bronzeiam, pelo menos, ligeiramente.» A explicação é de Roger Renou, que se notabilizou enquanto diretor de investigação e desenvolvimento da Sisley. A marca introduziu no mercado uma linha de cuidados solares, cuja fórmula atua como defensora do ADN celular. Aprenda com este cientista os trunfos da proteção solar e os avanços da investigação neste campo.

A pele possui um mecanismo de defesa natural mas quando é que este se torna insuficiente?

A fotoproteção natural da pele não é suficiente para nos proteger já que não é instantânea e, em relação ao sol, não somos todos iguais. A proteção realizada pelo bronzeamento demora entre 48 a 72 horas a ter lugar, sendo o espessamento da camada córnea um processo ainda mais demorado. É, portanto, necessário proteger a pele com produtos solares eficazes e adaptados ao fototipo, à sensibilidade cutânea, ao grau de exposição.

Devem filtrar tão bem os raios UVB como os UVA que são responsáveis, respetivamente, pelos golpes de sol e o fotoenvelhecimento. Os dois geram radicais livres e a acção de um potencia a acção do outro, aumentando ambos o risco de cancro da pele.

Em que casos é a ação dos raios solares particularmente perigosa?

Em pessoas que não conseguem bronzear, bronzeiam-se muito pouco (fototipos baixos) ou têm pele sensível e nas crianças. Nestes casos deve reforçar-se a proteção solar de largo espectro com roupas, chapéus e óculos de sol de qualidade, e até mesmo evitar a exposição solar. Os fototipos baixos têm melanócitos que produzem melanina menos protetora do que a dos fototipos elevados. Já os melanócitos das crianças são imaturos e não asseguram uma proteção suficiente.

Como se desenvolve o processo de criação de um protector solar?

Na Sisley, temos uma longa experiência neste campo e, a partir do ano 2000, questionámo-nos como poderíamos abordar a protecção solar, tendo em vista beneficiar as consumidoras dos avanços da ciência neste domínio. E foi assim que, em 2006, criámos Sunleÿa que permite a proteção, mas indo mais além da que era oferecida apenas pelos filtros solares.

A nossa abordagem é sempre a mesma e assenta na formulação, na estabilização, no screening, na validação, na tolerância e na eficácia, sob o controlo dermatológico feito por um instituto de especializado e acreditado, seguida de um teste realizado junto de consumidores. Todo o processo demora, em média, para um produto, mais de três anos.

Veja na página seguinte: As maiores dificuldades dos cientistas na criação de um protetor solar

Quais as maiores dificuldades com que se depara um cientista na criação de um protetor solar?

A exposição solar é o principal fator de envelhecimento cutâneo, representando mais de 80 por cento do envelhecimento extrínseco. Para contrariar os danos do sol é preciso um sistema de filtros muito eficaz mas simultaneamente muito bem tolerado; filtros UVA+UVB com uma protecção UVA que represente pelo menos 1/3 da protecção UVB, uma panóplia de antioxidantes, armadilhas para os radicais livres, ativos anti-idade e hidratantes.

Como é que se garante a proteção do ADN da pele?

A proteção do ADN é garantida com uma ação anti-radicalar, com hidratação e com uma formulação com elevada tolerância dos filtros UVA e UVB e uma muito boa relação UVA-UVB. De forma a proteger as células cutâneas e especialmente o ADN celular (o nosso capital genético) dos radicais livres provocados pelos raios UV, utilizámos a tecnologia anti-idade (especialmente desenvolvida na gama Sisleÿa) em fórmulas muito específicas, para responder às exigências dos produtos solares. O conceito de formulação funciona como um escudo protetor de ADN celular o mais eficiente possível, associando um escudo anti-UV e um escudo anti-radicalar.

Os protetores solares de rosto devem mesmo ser usados 365 dias por ano?

É aconselhável proteger a pele, todo o ano, não apenas do sol mas igualmente de fatores como a poluição ou o stresse. O inconveniente do uso quotidiano do protetor solar é que deve ser aplicado a cada duas horas. A solução é usar um cosmético que funcione como um escudo capaz de travar os UVA e os UVB, de neutralizar os radicais livres, gerados pelos UV não bloqueados.

Esse tem também de assegurar uma fotoprotecção duradoura graças à utilização de filtros UVA e UVB encapsulados que se fixam na superfície da pele. Esse produto já desenvolvido pela Sisley em 2008, o All Day All Year, que permite proteger a pele durante pelo menos oito horas e deve ser usado como complemento de qualquer outro creme de dia.

O que ainda gostaria de investigar no campo da protecção solar?

Sabendo que o ecrã total não existe, desenvolvemos outros sistema de proteção que, associados aos filtros, vão aproximar-se da protecção total e, ao mesmo tempo, desbloquear a melanogénese sem a intervenção dos raios UVB. Estamos a investigar pistas prometedoras...

Quando é que as pessoas devem aplicar o protetor solar? Nunca é de mais repetir...

O protetor solar deve ser aplicado, pelo menos, meia hora antes da exposição. Volte a fazê-lo a cada duas horas e após cada banho ou atividade física intensa e proteja-o do sol ou calor.

Texto: Nazaré Tocha