A passagem do tempo e estilos de vida que nem sempre são os mais saudáveis deixam, por vezes, marcas difíceis de apagar. Mas o que está a tornar a sua pele flácida? A genética tem influência no aparecimento da flacidez que, geralmente, acontece por volta dos 35 anos, mas o tipo de vida que levamos também, como explica David Serra, médico dermatologista. Estas são as principais causas que o especialista aponta:

- A passagem dos anos

À medida que a idade avança, a pele perde colagénio, ácido hialurónico e elastina, «três componentes fundamentais na manutenção da firmeza. Há uma redistribuição do tecido adiposo, que resulta na perda de volume e no aparecimento da flacidez. Surgem ainda alterações na estrutura óssea que podem dar origem a pele descaída», refere.

- Fumar e expor-se demasiado ao sol

Fazê-lo acelera o envelhecimento da pele, contribuindo também para o aparecimento de flacidez. Não fumar e proteger a pele com um fator de proteção adequado (FPS 50), não só no verão mas ao longo de todo ano, são cuidados fundamentais. No verão e nos dias de maior calor, é importante evitar a exposição solar entre as 11h00 e as 16h00.

- Fazer dietas bruscas

Não há como fugir. «Ao emagrecer, perde-se volume, mas a pele não encolhe. Assim, após uma dieta, pode ser notório o excesso de pele, que confere ao rosto e pescoço, um aspeto flácido», explica o dermatologista. Se pretende emagrecer, opte por uma dieta que permita uma redução gradual do peso e aposte, precocemente, na utilização de cosméticos com ação refirmante.

- Hidratos de carbono, álcool e açúcar em excesso

Uma má alimentação envelhece a pele. «Moderar o consumo de hidratos de carbono, frequentemente em excesso na alimentação dos portugueses, é um passo fundamental. Deve ainda privilegiar-se o consumo de gorduras de origem vegetal, sobretudo ricas em ómega-3 e ómega-6, assim como manter o organismo bem hidratado», adverte David Serra.

«Deve preferir sempre a água, evitando bebidas ricas em açúcar, sobretudo refrigerantes e bebidas com elevado teor alcoólico. É importante assegurar boas fontes de vitaminas e minerais na dieta, ingerindo com regularidade fruta, legumes, frutos secos, peixes gordos, carnes magras e azeite», aconselha ainda o médico dermatologista.

- A forma como limpa o rosto

A massagem ou a manipulação repetida, vigorosa ou excessiva do rosto também favorece o desenvolvimento de flacidez. Para o evitar, o dermatologista recomenda a aplicação de cremes no rosto «com movimentos suaves, sem repuxar ou esticar a pele».

- A prática de exercício físico

Faz bem a muitas coisas mas também pode afetar outras. «Apesar dos seus benefícios para a saúde em geral, praticar exercício pode contribuir para o envelhecimento da face, pela maior exposição solar, pelo maior uso da mímica facial e, eventualmente, pelo maior stresse oxidativo», refere David Serra.

- A posição em que dorme

Nem todas são adequadas. «Quem dorme virada para baixo ou para o lado submete os tecidos moles do rosto a deformações prolongadas e à perfusão sanguínea reduzida que poderão contribuir para a flacidez e para o acentuar de rugas», descreve David Serra.

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As (várias) soluções a que pode recorrer

Além das alterações que pode (e deve) implementar ao nível do seu estilo de vida, há três estratégias a que pode recorrer para corrigir a flacidez. Pode utilizá-las de forma isolada ou, em certos casos, combinada. Estas são as soluções que o médico dermatologista David Serra e a cirurgiã plástica Luísa Magalhães Ramos recomendam:

- Aplicar cosméticos refirmantes

Os cosméticos antiflacidez estão, geralmente, «indicados para mulheres entre os 40 e os 50 anos, no entanto, podem iniciar-se mais cedo, a partir dos 30 anos, como prevenção em peles predispostas ou quando já há sinais de flacidez», refere David Serra. Os cuidados essenciais incluem a aplicação de um protetor solar e de um sérum e/ou creme hidratante.

Independentemente da escolha, é importante que tenham na sua composição princípios ativos com eficácia comprovada na prevenção da flacidez. Segundo David Serra, os mais eficazes são as vitaminas C e E, o resveratrol e/ou os retinoides. Isoflavonas de soja, cálcio, ácido ferúlico e péptidos são outros ativos úteis. Os cosméticos com vitaminas C e E devem ser aplicados preferencialmente de manhã.

As fórmulas com resveratrol e/ou os retinoides devem, idealmente, ser usados à noite. «Os séruns são, por norma, mais concentrados do que os cremes e complementam a sua ação, devendo ser aplicados antes do creme, mas também podem ser usados isoladamente», esclarece o dermatologista.

- Fazer tratamentos em consultório

O peeleing é ideal para peles claras e casos de flacidez ligeira. Também pode ser útil no caso da existência de manchas associadas à flacidez. Consiste «na aplicação de ácido(s) na pele, que obriga à renovação da epiderme», explica o especialista. «Os peelings podem ser suaves, médios ou profundos (mais raros). O efeito principal é causado na epiderme (camada mais superficial da pele), mas também tem um efeito antienvelhecimento global», sublinha.

«A fase descamativa dos peelings médios limita a atividade social/profissional durante alguns dias», descreve David Serra, médico dermatologista. Os potenciais riscos passam por «eventuais manchas, em peles mais escuras», acrescenta ainda. A duração dos resultados é de, aproximadamente, seis meses com um custo entre 100 € e 250 €.

Os fios subcutâneos são indicados para casos de flacidez ligeira a moderada e adequados a todos os fototipos de pele. Este tratamento consiste em «envolver a introdução de fios com diferentes formatos na derme ou na hipoderme com o objetivo de criar uma rede de suporte a nível subcutâneo.

Estes fios são reabsorvíveis (desfazem-se naturalmente após alguns meses) e induzem a formação de colagénio. Este tratamento é relativamente indolor», refere o dermatologista. No entanto, pode existir uma «eventual ocorrência de equimoses ou hematomas». Os resultados podem durar de um a dois anos e o custo anda entre os 300 € e os 1.000 €, dependendo da zona do rosto a tratar e do número de fios utilizados.

O laser CO2 fracionado é ideal para casos de flacidez ligeira a moderada e com pequenas rugas associadas. «O laser realiza numerosas perfurações da pele e aquece os tecidos circundantes, levando à contração da derme e induzindo a produção de colagénio. Embora esteja mais indicado para o tratamento de pequenas rugas ou rídulas, também tem mostrado a sua eficácia no combate à flacidez», sublinha o especialista.

«Atualmente, já existem equipamentos que combinam este laser e a radiofrequência, cujo efeito refirmante é superior», acrescenta. No entanto, também existem potenciais riscos. «Podem ocorrer eventuais manchas», refere ainda David Serras.

«Os resultados, o número de sessões e o tempo de recuperação dependem da intensidade do tratamento», mas no mínimo são necessárias duas a três sessões e os efeitos perduram, pelo menos, por 12 meses. O custo estima-se entre 200 € e 1.000 €, em função do número de sessões e da área a tratar.

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- Fazer uma cirurgia plástica

O lifting cervico-facial é o ideal para casos em que «a flacidez do pescoço e rosto não é tratável com outros procedimentos minimamente invasivos ou se pretende um rejuvenescimento mais acentuado e, sobretudo, se a transição do rosto para o pescoço está esbatida», refere Luísa Magalhães Ramos, cirurgiã plástica.

«Não poderá fazer quem fuma e não está disposto a parar de fumar; se tem hipertensão e não está controlada ou outras doenças», esclarece, contudo. Esta intervenção «implica incisões à frente e atrás das orelhas e, por vezes, também debaixo do queixo. A cirurgia é realizada com anestesia local e sedação e a necessidade de internamento depende de cada caso», diz ainda.

Permite remover o excesso de pele do rosto e reposicionar as estruturas mais profundas da face, como os músculos, conferindo um aspeto mais jovem, com mais definição do oval do rosto e do pescoço. O pós-operatório não é doloroso, podendo haver algumas equimoses que, geralmente, desaparecem ao fim de 15 dias», descreve a cirurgiã plástica. Mas existem potenciais riscos.

«Hematoma (que poderá necessitar de ser drenado), assim como interferência com as estruturas mais profundas da pele (nervos), que pode implicar paralisia temporária ou permanente de músculos da face ou ainda dificuldade de cicatrização com sofrimento dos tecidos», alerta. Os resultados duram, em média, entre sete e dez anos e os custos rondam os 4.500 € a 9.500 €.

A blefaroplastia «trata o excesso de pele e os papos das pálpebras superiores e inferiores. Não pode ser feito por quem tem olho muito seco, uma vez que pode agravar o problema», explica Luísa Magalhães Ramos, cirurgiã plástica. Esta intervenção é «realizada com anestesia local ou sedação, implica uma pequena incisão rente às pestanas (pálpebras inferiores) ou na prega da pálpebra (pálpebras superiores)», refere.

«A alta é dada no próprio dia e, ao fim de pouco tempo (cerca de 30 dias), as incisões são praticamente impercetíveis», diz. «O risco de hematoma pós-operatório e o de ectropium (pálpebra inferior repuxada para baixo) são os mais complicados, mas são raríssimos», refere a especialista. Esta «é uma cirurgia com uma taxa de satisfação elevadíssima e, na maioria dos casos, não há indicação para voltar a repetir».

Custa, em média, cerca de 3.750 €. Os enxertos de gordura são ideais para «preencher (dar volume em zonas atróficas do rosto) ou acentuar algumas zonas como as maçãs do rosto ou os lábios, bem como atenuar rugas. Podem ser realizados pela maioria das pessoas saudáveis», indica Luísa Magalhães Ramos. «Implica retirar gordura de uma parte do corpo e injetar noutra, neste caso, no rosto», diz.

«Uma das vantagens dos enxertos de gordura é que também melhoram a qualidade da pele. Podem ser realizados em ambulatório com alta no próprio dia. O pós-operatório não é doloroso, no entanto, está associado a bastante edema, o que pode fazer com que só seja possível reiniciar a atividade normal ao fim de cerca de 15 dias». Poderá haver «encapsulamento da gordura e poderá aumentar/diminuir com alterações ponderais», refere Luísa Magalhães Ramos.

«Cerca de 40 a 60 por cento da gordura injetada é reabsorvida, pelo que o resultado final só é possível ser avaliado ao fim de seis meses. As células adiposas que forem integradas na sua nova localização ficam para sempre e estão sujeitas aos efeitos de perda e ganho de peso». Uma intervenção cujo valor ultrapassa os 2.000 €.

Texto: Sofia Santos Cardoso com David Serra (dermatologista na Idealmed em Coimbra) e Luísa Magalhães Ramos (cirurgiã plástica na Clínica Luísa Magalhães Ramos – Cirurgia Plástica em Lisboa)