Ainda usa óculos para corrigir a miopia? Das duas uma, ou favorecem-na muito ou ainda não conhece as novas técnicas de cirurgia refrativa que acabam com a tirania dos óculos e lentes de contacto. Descubra as alternativas ao seu dispor. Miopia, hiperme tropia e astigmatismo são as patologias oculares mais conhecidas e que se denominam como problemas refrativos, já que estão diretamente relacionados com o modo como a luz chega à sua retina.

As alterações do comprimento axial do olho (grosseiramente, o seu tamanho) e da superfície da córnea são as responsáveis pela má visão, fazendo com que a imagem se forme à frente ou por trás da retina e não diretamente sobre ela, como deveria acontecer. A cirurgia refractiva corrige estes problemas de refração e, no caso da miopia, a técnica é tão eficaz que pode chegar a corrigir 15 dioptrias.

Este está, no entanto, longe de ser número muito comum. «Os especialistas portugueses não passam normalmente das sete a dez dioptrias», reconheceu, em entrevista à revista Ultimate Beauty, Nuno Campos, enquanto médico oftalmologista e diretor clínico da Clínica Microcular, em Lisboa. Um pouco por todo o mundo, milhares de homens e mulheres já se submeteram, com êxito, a este procedimento cirúrgico.

Assim são os seus olhos

O mecanismo do funcionamento da visão é muito simples. A parte fundamental do olho é o globo ocular, uma esfera que atua como se fosse uma câmara de televisão. É composto por três partes. A esclerótica, o branco do olho, que se encarrega de proteger o globo é uma delas. As outras são a coroideia e a retina, onde se projetam as imagens luminosas que o sistema ótico é capaz de formar.

Por outro lado, temos um órgão fundamental, a córnea, que é transparente e actua como uma lente. Por trás dela, encontra-se o cristalino, um corpo biconvexo e elástico que tem a missão de focar os objetos. Quando a córnea não tem a curvatura adequada, começam os problemas de visão e, com eles, muitas queixas. Nessas alturas, os mais precavidos consultam logo um especialista, em vez de adiar o problema, como fazem os mais descontraídos.

Miopia nas distâncias curtas

Ao perto, os míopes defendem-se bastante bem. O problema começa quando o objetivo se distancia. Nessas situações, a visão perde qualidade. O comprimento axial do olho é maior do que seria ideal e a curvatura da córnea é, por vezes, também mais pronunciada ou irregular. Em consequência disso, as imagens não se formam na retina mas, sim, à frente dela. Para focar bem, o míope tende a semicerrar os olhos.

Os fatores genéticos têm grande influência na miopia, como refere Nuno Campos. «Normalmente, existe uma história de miopia na família. Não é necessário que assim seja em todos os casos, mas existem mais míopes nas famílias com este problema de visão», diz. É na idade escolar que muitos dos pais se deparam pela primeira vez com a miopia.

«É a primeira altura em que a pessoa é confrontada com a necessidade de ver de forma rigorosa. Muitos dos pais descobrem que a miopia existe depois das crianças terem as primeiras dificuldades de progressão escolar», acrescenta ainda o especialista. Por isso, todas as crianças, devem fazer um exame oftalmológico por volta dos quatro ou dos cinco anos, a menos que haja alguma alteração prévia.

Veja na página seguinte: O porquê da necessidade de cirurgia

O porquê da necessidade de cirurgia

A miopia afeta, em média, um em quatro adultos, «tanto mulheres como homens», indica Nuno Campos. Em Portugal, é também essa a média. «No que respeita às raças, 90% dos doentes que nos procuram são caucasianos, mas vivemos num país de maioria caucasiana», acrescenta o especialista. Na verdade, os asiáticos são os que têm uma prevalência mais alta de miopia», explica ainda o  médico oftalmologista.

O que acontece antes da cirurgia

Antes da decisão de se avançar para a cirurgia, «é feito um estudo oftalmológico detalhado de cada caso, composto por vários exames. Posteriormente, com a certeza de que a cirurgia pode ser realizada, verificam-se quais os objectivos reais e concretos do paciente», fundamenta Nuno Campos, «já que, por vezes, as expetativas do paciente são excessivas». E qual o tipo de laser mais indicado para realizar a cirurgia refrativa?

De acordo com Nuno Campos, o mais eficaz e mais utilizado em Portugal é o Excimer. «Periodicamente, vão sendo comunicadas, mais com carácter comercial do que científico, as vantagens de outros sistemas, como o laser de Holmium e outros gerados por cristais e sistemas de radiofrequência... No entanto, o Excimer é de longe o mais utilizado», rematou, na altura da entrevista, o especialista.

Quando não recorrer à cirurgia

A cirurgia ocular é uma óptima opção quando se quer prescindir dos óculos e das lentes. Mas, antes de avançar para a cirurgia, existe um conjunto de fatores gerais a despistar no paciente, que podem adiar ou desaconselhar a sua realização, nomeadamente:

- Doenças da córnea que podem ser agravadas com a intervenção ou outras que afetem a cicatrização.

- Doentes menores de 18 anos. Por razões legais e porque as dioptrias podem não estar estabilizadas.

- Existência de doenças sistémicas e metabólicas. Como a diabetes que necessita ser controlada previamente.

- Mulheres grávidas. Devem esperar dar à luz.

- Miopias não estabilizadas. A graduação não deve variar, pelo menos, durante um ano antes da intervenção para se considerar que está estabilizada.

- Mulheres que estão a fazer tratamentos hormonais que podem influenciar a refração.

- Pessoas sob efeito de terapêuticas psicotrópicas ou antidepressivas que podem influenciar a refração.

- Doenças oftalmológicas, como o glaucoma ou doenças da retina, que precisam de ser despistadas.

Texto: Cláudia Pinto