Estamos cada vez mais expostos à radiação ultra violeta. Por isso, devemos usar um creme de dia que se adapte a esta condição. Tem esse hábito?

Todos sabemos que o sol favorece a formação de vitamina D, responsável
por fixar o cálcio nos ossos, além de bronzear a pele, proporcionando-nos uma agradável e irresistível
sensação de bem-estar.

No entanto, as alterações climáticas são um facto evidente. Não
há nada como refrescar as mais recentes constatações científicas. Os últimos dez anos
foram os mais quentes desde que se faz este tipo de medição (1850). E a temperatura está
a sofrer um aumento de 0,13º C por década. Mas, de que forma é que o aquecimento global,
a diminuição da camada de ozono e a emissão de gases nos prejudicam? É imperativo
termos consciência de que a primeira vítima destes fenómenos é a nossa pele.

Preocupações a ter em conta

O sol é mais prejudicial para
a pele durante as horas centrais
do dia (das 12 às 15 horas),
inclusive em dias enublados. O risco de queimaduras
aumenta com a altitude. Os
danos da radiação UV aumentam
a cada 300 metros. Se viajar, lembre-se que
a radiação solar é mais intensa
perto do Equador. No verão, a radiação solar
é maior, mas não se esqueça
de cuidar da pele durante
o resto do ano. A água, a neve e a areia
refletem a radiação solar,
aumentando o efeito dos
raios que incidem na pele.

Porque é que o sol nos afeta?

A camada de ozono protege-nos da radiação solar, uma
vez que é um poderoso filtro dos raios ultravioleta. Como
esta camada está a desaparecer aos poucos, devido ao seu
estreitamento progressivo e a uma velocidade de regeneração
mais lenta do que o normal, a nossa pele recebe
mais radiação UVA e UVB, o que se traduz num aumento
de casos de melanoma, um dos tipos de cancro da pele
mais agressivos.

Por cada 1% de diminuição de ozono, a radiação ultravioleta
aumenta em cerca de 1,5%, traduzindo-se num cada
vez maior número de problemas de pele. Há 20 anos atrás,
uma pessoa na praia bronzeava-se em 6 a 8 horas. Hoje, consegue-se o mesmo efeito em 1 ou 2 horas.

O aumento de temperatura, a falta de humidade e os raios
solares, para além de fazerem da pele um alvo de inúmeras
patologias, são responsáveis por 80% do envelhecimento
prematuro, que se manifesta através de rugas, manchas,
flacidez, falta de luminosidade, entre outros problemas.

Um estudo recente revelou que em apenas 30 minutos de
exposição num ambiente seco, o número de rugas cresce
significativamente. De acordo com os dermatologistas, a
incidência de problemas da pele, como a xerose (pele seca
e descamativa), dermatose de baixa humidade (pele seca
e eritematosa em zonas descobertas, com um prurido que
se intensifica à tarde se estiver calor, e desaparece se a humidade
ambiental aumentar), rugas ou alergias, aumentam
vertiginosamente com a diminuição da humidade.


Veja na página seguinte: A vulnerabilidade feminina

Mulheres estão mais expostas

Outro efeito das alterações climatéricas é o aumento dos
casos de pessoas com pele sensível, muito mais vulneráveis
e expostas aos danos das radiações solares, que
se manifesta através das rugas ou da hiperpigmentação
(manchas).

Regra geral, as mulheres têm uma pele mais sensível do
que os homens, tanto facial como corporal, pelo que estão
mais expostas a esta alteração climatérica e precisam
de mais cuidados. Cerca de 60% das mulheres e 40% dos
homens já têm a pele sensível e, no verão, o número de
casos aumenta.

Na verdade, nos últimos 20 anos, o número
de mulheres com pele sensível aumentou bastante. Felizmente,
estes efeitos do aquecimento global podem ser
prevenidos e minimizados com cuidados como a hidratação
e a fotoprotecção, e mantendo um grau adequado de
humidade em espaços fechados.

Proteção diária

Os especialistas garantem que é cada vez mais importante
protegermo-nos do sol diariamente, não só no
verão nem nos dias solarengos, mas também no inverno,
sobretudo se estivermos em zonas geográficas secas,
e também em dias enublados. Atualmente, existe um
fator a nosso favor. Temos acesso a mais informação
acerca dos riscos de uma exposição excessiva ao sol e
uma maior consciência de que não podemos sair de casa
sem proteção.

Contudo, ainda nos falta assimilar esta
informação. Teremos dado um grande passo em frente
quando começarmos a aplicar filtros solares durante
todo o ano para nos protegermos do sol. Mesmo nos dias
enublados, já que as nuvens deixam passar cerca de 90%
dos raios ultravioleta.

A solução dois em um

Tal como já dissemos, é imprescindível sair de casa
com proteção, seja a que hora, dia ou estação do
ano for. Em países como a Austrália, as pessoas
usam fotoprotecção diariamente porque está provado
que, hoje em dia, a pele não se protege do sol
sozinha. E não nos devemos esquecer disto porque
o aumento da radiação solar a que estamos expostos
diariamente prejudica cada vez mais a nossa
pele.

A radiação solar que chega à pele pode ultrapassar
a sua capacidade defensiva, pelo que precisamos da
proteção adicional proporcionada pelos filtros solares.
Estes devem possibilitar um ligeiro bronzeado, mas
controlar a radiação ultravioleta. Lamentavelmente,
nem toda a gente percebe a necessidade de usar filtros
solares diariamente, ainda que algumas pessoas já não
usem um fator de proteção solar (FPS) menor de 30
na praia, que há uma década atrás só era usado por
pessoas de peles muito claras ou sensíveis.

Quem sabe
se daqui a 10 anos não teremos assimilado que o mínimo
de proteção deve ser o fator 40? E já nem sequer
tem a desculpa da falta de tempo para aplicar mais um
produto antes de sair de casa, a somar ao hidratante,
ao contorno de olhos, ao corretor e/ou à maquilhagem.<7P>

Atentos à máxima comodidade das suas clientes, são
cada vez mais os laboratórios e marcas de cosmética a
incorporar filtros solares nos cremes de dia. Trata-se de
uma opção 2 em 1 muito cómoda, mas se não estiver
disposta a prescindir do seu creme habitual, que não inclui
filtro protetor, a solução está em aplicar antes um
fator de proteção elevada (o ideal é de 40 para cima).


Veja na página seguinte: Os prós e contras dos hidratantes com proteção solar

Os prós e contras dos hidratantes com proteção solar

São vários os fatores que deve ter permanentemente em linha de conta:

Prós

Aplica um filtro solar sem precisar de adicionar mais um passo à sua
rotina de cuidado pessoal. Basta seguir o hábito, adquirido há anos, de
colocar creme hidratante todas as manhãs. Além disso, não reduz o efeito do hidratante nem o do fator solar, aliás, estes
complementam-se.

Contras

A dificuldade em elaborar uma fórmula com ativos hidratantes e filtro
solar, impede que a proteção seja muito alta. Não será fácil encontrar
um creme de dia com mais de FPS 15. Acrescente-se que ainda não são os preferidos dos portugueses, ao contrário do que já
acontece nos países nórdicos.

O protetor diário perfeito

O mais indicado deve ter as seguintes
características:

- Deve ser seguro. Não deve
conter nenhum princípio
alergizante ou
tóxico para a pele, e é
aconselhável que seja
estável perante agentes
externos, nomeadamente luz, calor e/ou
frio.

- Deve ser eficaz. Para além de
hidratar, deve ter um
coeficiente de absorção
ativo, ou seja, proteger
de acordo com o tipo e
fototipo de pele.

- Deve ser versátil. Continua a
ser um cosmético, pelo
que deve ter uma textura
e um odor agradáveis,
que não manchem,
mas que cumpram as
suas funções protetoras
e ajudem a conservar
a saúde da pele.

Texto: Madalena Alçada Baptista