As profundas mudanças hormonais que se produzem durante a menopausa provocam, inevitavelmente, consequências no corpo feminino. A mulher tende a acumular mais depósitos de gordura e, muitas vezes, em zonas onde habitualmente nunca se havia acumulado. Na maioria dos casos, dá-se um aumento do volume do abdómen, da região lombar posterior e das zonas trocantéricas (cullote de cheval, ancas e coxas). A lipoaspiração tem, por isso, uma vantagem adicional nestes casos.

Este procedimento estético «proporciona um estímulo psicológico muito positivo e confere um aumento significativo da autoestima», afirma Biscaia Fraga, diretor da Clínica Biscaia Fraga, em Lisboa. Existem, no entanto, várias razões que justificam a recomendação médica desta cirurgia. Estas são as três mais referidas por este e outros especialistas:

1. Ajuda a não engordar mais do que deve

A lipoaspiração proporciona de forma efetiva a nova distribuição da gordura durante a menopausa. Por um lado, «a mulher não aumenta de volume mesmo que haja um maior aporte alimentar porque o tecido adiposo remanescente fica compartimentado entre septos fibrosos na zona que foi tratada», explica Biscaia Fraga. Por outro lado, «uma pessoa que está motivada para fazer uma lipoaspiração está empenhada, por si só, em ter um outro contexto de estética e assume cuidados ligados ao exercício físico e à alimentação que lhe permitem manter o seu corpo», acrescenta o cirurgião plástico.

A lipoaspiração provoca uma grande redução no número de adipócitos, as células que armazenam a gordura, e, como consequência, as zonas tratadas com esta técnica perdem a tendência de incrementar o seu volume ainda que se ganhe peso. A lipodistrofia, distribuição de gordura em locais indesejados, é particularmente relevante a partir dos 45 anos, nos flancos anteriores, no sulco submamário, nas coxas e nas costas. Por isso, se forem realizadas pequenas liposucções nestas zonas, a chegada da menopausa não terá de ser acompanhada por nenhum trauma. A chave está em não acumular gordura demais e chegar a esta fase com um corpo adequado e bem proporcionado.

2. Minimiza a flacidez

Depois de uma lipoaspiração, a pele adquire uma textura mais consistente e habitua-se a envolver um corpo mais fibroso, denotando um menor grau de flacidez. «A barriga e, particularmente, a face interna das coxas são duas zonas críticas em termos de flacidez», refere o cirurgião. «Se essa pele não sofrer grande variações de volume, que é o que acontece após uma lipoaspiração que permite estabilizar as zonas, já não há lugar para a flacidez», explica. Depois de uma  lipoaspiração, a pele fica muito mais consistente.

As remodelações corporais femininas conferem resultados espetaculares. Em duas semanas, a pele adapta-se a novos volumes e assim combatem-se melhor os problemas de flacidez associados à menopausa. A lipoaspiração ajuda a prevenir a flacidez mamária. «Foi realizado um estudo por especialistas dos Estados Unidos da América e no Canadá em que se investigaram centenas de mulheres que foram lipoaspiradas e centenas de mulheres que não. Chegou-se à conclusão que, em 60% dos casos submetidos a lipoaspiração, a mama pode aumentar em cerca de um número de copa. Habitualmente, as mulheres apreciam esta diferença», conclui Biscaia Fraga.

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3 - A redistribuição da gordura realizar-se-à de forma mais homogénea

Uma boa redistribuição da gordura é um aspeto fundamental. Segundo Biscaia Fraga, após a lipoaspiração, a distribuição de gordura corporal é mais homogénea. Os adipócitos não tendem tanto a acumular-se numa determinada zona do corpo, repartindo-se de forma mais homogénea dentro do organismo, promovendo uma imagem mais harmoniosa e proporcional. Segundo o cirurgião plástico, os adultos chegam à idade madura com um determinado número de adipócitos.

Se parte deles desaparecem (com a lipoaspiração), a capacidade de acumular gordura diminui e, portanto, a tendência de engordar também. E, caso seja necessário recorrer a esta cirurgia, deve fazer-se antes ou depois da menopausa? Antes, se possível. Os resultados são melhores e a pele é mais elástica, tendendo a recuperar mais facilmente.

Lipoaspiração e obesidade

Na realidade, as pessoas com obesidade abdominal têm um risco mais elevado de vir a sofrer de doenças cardiovasculares. Nesse sentido, Biscaia Fraga insiste que «é fundamental tratar em primeiro lugar a obesidade e modificar a conduta alimentar do paciente, promovendo estilos de vida saudáveis sobretudo no que respeita à nutrição». Trata-se, não só, de perder peso, como mantê-lo durante o tempo. Por isso, uma vez realizada a lipoaspiração, estas novas condutas de alimentação serão uma grande ajuda para manter durante anos a meta alcançada e ter um menor risco de vir a sofrer de patologias cardiovasculares, osteoarticulares e outras que podem diminuir a esperança de vida.

Texto: Cláudia Pinto com Biscaia Fraga (diretor da Clínica Biscaia Fraga)