As últimas tendências não deixam lugar para dúvidas. A febre da cirurgia estética já chegou às zonas mais recônditas! Contudo, não se trata apenas de uma necessidade de embelezamento ou de reconstrução. Muitas das técnicas empregues na chamada cirurgia íntima permitem resolver problemas que, até então, afetavam a vida sexual e afetiva. O conceito não é propriamente novo, mas ainda causa alguma consternação. «Muitas pessoas ainda questionam porque é que uma zona tão íntima e recôndita tem uma exigência estética», revela o cirurgião plástico Biscaia Fraga.

«O que é facto é que temos pacientes desde a jovem que diz que não gosta do relevo que faz no fato de banho a pessoas que ficam incomodadas com a saliência que têm na região púbica», revela o cirurgião plástico Biscaia Fraga, ex-diretor do Serviço de Cirurgia Plástica Maxilo-Facial do Hospital Egas Moniz. «A cirurgia íntima envolve a componente reconstrutiva e a vertente estética, embora muitas vezes, o limite não seja totalmente definido», acrescenta. Em termos quantitativos, a cirurgia íntima é mais procurada pelos homens.

No entanto, algumas estatísticas respeitantes ao sexo feminino definem o perfil das mulheres que procuram este tipo de intervenções, nomeadamente mulheres com filhos, com idades entre os 30 e os 40 anos, com vida sexual activa e que desejam recuperar o tónus vaginal. Estas são algumas das opções disponíveis:

Rejuvenescimento vaginal com laser

Labioplastia

Lipomodelação da púbis

Operação ao clítoris

O sexo após a intervenção

Ainda são muitas as mulheres que temem que estas cirurgias afetem a sua funcionalidade urinária e a vida sexual. «Muitas delas são muito bem informadas mas têm esta ideia preconcebida», explica Biscaia Fraga. O que podem esperar, então? É frequente notarem alguma sensibilidade fora do comum poucos dias depois da intervenção. No entanto, de acordo com o cirurgião plástico, recomenda-se o regresso às relações sexuais cerca de três semanas depois da cirurgia.

«Há situações pontuais que podem levar um pouco mais de tempo, mas a maioria, ao fim de 21 dias, de forma gradual e progressiva, deve mesmo iniciar a atividade sexual, mediante autorização médica», aconselha ainda o diretor da Clínica Biscaia Fraga, em Lisboa. «Estas mulheres facilmente notarão que as relações sexuais voltam a ser totalmente satisfatórias», garante ainda o especialista.

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As razões que justificam a procura destas cirurgias

São essencialmente dois grandes fatores que levam à procura destas intervenções, nomeadamente reconstrutivos e estéticos. «A mulher que já teve um ou dois filhos e que refere um aumento exagerado das dimensões, em particular, dos pequenos lábios, constitui a situação mais frequente», revela Biscaia Fraga. Estes casos são compostos por mulheres entre os 30 e os 50 anos. Repercutem-se não só a nível estético (a mulher não gosta do que expõe no fato de banho) mas também ao nível do seu relacionamento íntimo.

«Depois, há uma outra situação, esta mais reconstrutiva do que estética e que se relaciona com a mulher que teve dois ou três partos e refere que o relacionamento íntimo antes era completamente diferente da atividade sexual posterior», fundamenta Biscaia Fraga. O especialista explica que «os ginecologistas, habitualmente, não dão grande valor a este tipo de situação porque ao nível de observação ginecológica, tudo está normal, ainda que já tenha recebido pacientes enviadas por estes médicos».

Com estas intervenções, a paciente pode voltar a ter um relacionamento sexual muito parecido com o anterior, através da cirurgia de reconstrução. Estas pacientes cuidam-se fisicamente mas, depois de vários partos e das mudanças hormonais decorrentes do processo de envelhecimento, não se sentem satisfeitas com o aspecto estético dos seus órgãos genitais. Há ainda os casos relacionados com lesões desportivas. «Já operei jovens que atribuíam a sua assimetria à prática desportiva», revela. O ciclismo e a equitação, por exemplo, podem estar na base de alguns destes problemas.

Como é o pós-operatório?

No dia seguinte à intervenção, é feita uma revisão. Nas 48 a 72 horas seguintes, são retirados possíveis drenos que tenham sido colocados. As suturas podem ser reabsorvidas e revistas nos 8 a 10 dias subsequentes. «Os cuidados a ter passam sobretudo pela lavagem diária com um antissético ou sabão genital e pela toma de um antibiótico até três dias depois da cirurgia, por uma questão preventiva e profilática», descreve Biscaia Fraga. De acordo com este especialista, «o pós-operatório decorre bastante bem, e a cicatrização é espectacularmente rápida e muito boa».

Pode-se realizar várias técnicas de uma só vez?

É necessário estudar cada caso em particular. Se este o permitir, pode-se realizar, por exemplo, «uma lipoaspiração do púbis e uma reconstrução dos pequenos lábios, em simultâneo. Esta é uma situação relativamente frequente em que se retira a gordura de um sítio e coloca-se noutro», adianta o especialista.

Quando posso regressar ao trabalho?

Normalmente, não há paragem no trabalho. «Se a paciente for uma professora de equitação, de ténis ou uma desportista, tem de parar. No entanto, a grande maioria das pessoas não tem de interromper a sua actividade profissional». Recomenda-se uma a duas semanas de trabalho moderado. «Só nas cirurgias de anestesia geral e de internamento é que as pacientes necessitam de baixa», salienta ainda Biscaia Fraga.

Texto: Cláudia Pinto