Há muitas pessoas que exibem marcas de cesariana, cicatrizes de acidentes, sinais de queimaduras ou de outras intervenções cirúrgicas. O problema existe mas o sucesso da sua resolução depende da localização, da extensão e do tipo de cicatriz, entre outros fatores. Como refere o cirurgião Freire dos Santos, habituado a lidar com o problema, «cada caso é, evidentemente, um caso, e uma paciente com expetativas realistas é fundamental».

Para minimizar o seu impacto, um grupo de especialistas da Universidade da Pennsylvania, nos Estados Unidos da América, desenvolveu uma nova forma de tratar lesões decorrentes de cirurgias estéticas que deixam as marcas de cicatrizes praticamente impercetíveis. O método, tornado público pelo jornal Science, foi discretamente noticiado nas primeiras semanas de 2017.

«Essencialmente, conseguimos manipular as feridas, de modo a permitam a regeneração da epiderme em vez da formação de cicatrizes», esclarece George Cotsarelis, professor de dermatologia e responsável pelo departamento de dermatologia daquele estabelecimento de ensino. «O segredo passa por regenerar os folículos capilares primeiro», acrescenta o especialista.

«Depois disso, a gordura regenerar-se-à em resposta aos sinais desses folículos», refere ainda o docente e investigador. Enquanto a técnica não se massifica, a solução passa por recorrer aos procedimentos até aqui usados pela generalidade dos especialistas. Existem alguns tratamentos estéticos que podem funcionar e disfarçar as cicatrizes mas a grande solução passa por remover essa cicatriz e fazer uma nova, recorrendo a novas técnicas de sutura.

As técnicas que se podem usar

A correção de uma cicatriz pode ser feita associando várias técnicas, muitas delas estéticas, que ajudam a disfarçar a marca. Caso esses tratamentos não sejam suficientes, passa-se à excisão da cicatriz com uma nova sutura. A nível estético e, em alguns casos, recorre-se à injeção de um produto corticosteroide para melhorar a cicatriz. Esta pode também pode ser disfarçada através de dermoabrasão.

Esse é um  tratamento em que se utiliza uma broca de diamante para retirar a camada mais superficial ou com recurso a laser CO 2 fracionado. No caso de cicatrizes deprimidas pode ser necessário infiltrar gordura ou ácido hialurónico para trazê-las mais à superfície da pele. No entanto, a técnica mais eficaz, que tem maior probabilidade de apagar uma cicatriz inestética (volumosa ou mal cicatrizada), consiste na revisão cirúrgica da mesma, removendo-a e fazendo uma nova sutura.

Como se processa

A revisão de uma cicatriz deve ser feita quando esta já não está em processo inflamatório. Após a remoção da cicatriz, a nova sutura pode ser feita com recurso a várias técnicas, nomeadamente a técnica intradérmica (pontos internos), com cola, imobilização ou compressão. Segundo o cirurgião, «uma outra forma de melhorar cicatrizes é a utilização de  expansores de tecidos que duplicam ou triplicam a quantidade de pele existente, auxiliando a revisão cirúrgica».

O pós-operatório não dá mais do que um pequeno desconforto, dependendo da correção que foi feita e do tipo de anestesia. No caso de cicatrizes muito extensas e/ou no abdómen, pode ser necessário recorrer a  uma abdominoplastia e a anestesia geral. Geralmente, é utilizada apenas uma anestesia tópica por meio de um creme aplicado localmente ou anestesia local. O preço deste procedimento cirúrgico varia consoante a extensão da cicatriz, podendo custar a partir de 500 €.

Texto: Ana Catarina Alberto com Freire dos Santos (cirurgião plástico)