As rugas são sulcos ou pregas que manifestam o envelhecimento
cutâneo, um processo biológico irreversível que, ainda assim, pode atrasar.

Estas devem-se maioritariamente a processos
mímicos e à gravidade, mas também são influenciadas por fatores
hormonais, perdas repentinas de gordura e excesso de exposição solar
desprotegida.

Para corrigir estes sinais de envelhecimento pode optar
pela bem afamada toxina botulínica (mais conhecida por botox), que
promove resultados excelentes no terço superior do rosto. Para as outras
zonas existem substâncias com resultados ainda mais surpreendentes.
Falámos com o médico Francisco Carvalho Domingues, um profissional
dedicado à medicina estética, e esclarecemos todas as (suas) dúvidas.

Preenchimentos para todos os gostos

Há materiais absorvíveis de curta ou longa duração e
não reabsorvíveis. A escolha vai depender sempre das suas
expectativas e do resultado final que pretende obter. Lembre-se ainda que é essencial que, antes de consentir o tratamento, saiba
concretamente qual vai ser a substância utilizada. Vai precisar
desta informação caso haja complicações.

Hidroxiapatita cálcica (reabsorvível)

A hidroxiapatita é uma componente fundamental dos ossos,
ainda que aquela que é utilizada como material injetável
seja sintética. É usada em medicina, em particular na
odontologia, há mais de 10 anos. Não está indicada para o
tratamento de rugas finas nem aumenta o volume dos lábios
mas é deveras útil na remodelação do nariz e no preenchimento
do sulco nasogeniano.

Metacrilato e silicone (não reabsorvíveis)

O metacrilato é uma substância que está a cair em desuso
mas que pode dar bons resultados. O maior problema reside
no facto de não ser reabsorvível, pelo que, se for mal
aplicada o problema passa a ser definitivo. Quanto ao silicone,
Francisco Carvalho Domingues ressalva que «a aplicação
injetável de silicone está desde há muito proibida, já
que pode originar a formação de granulomas e violentas
reações inflamatórias de difícil resolução».

Lipo-Filling (reabsorvível)

É o nome dado à técnica em que se usa como substância de
preenchimento a própria gordura da paciente. Não deixa de
ser um procedimento semi-cirúrgico, uma espécie de autotransplante e, talvez por isso, não seja muito utilizada.

As grandes mais-valias são o facto de ser um material
pouco dispendioso e de não gerar alergias ou rejeição.
Para além disso, «pode-se obter um importante volume de
gordura que, desde que bem preservada, pode ser utilizada
em várias aplicações num prazo de cinco meses», relembra
Francisco Carvalho Domingues.

Veja na página seguinte: Os poderes do ácido hialurónico reabsorvível

Ácido hialurónico (reabsorvível)

É um componente natural dos tecidos cuja quantidade diminui
com a idade.

É injetado com o objetivo de recuperar o perfil
biológico de uma pele jovem porque potencia a hidratação interna
da pele, aumentando e reorganizando as fibras de colagénio
e elastina existentes.

Para além disso, o efeito de preenchimento
das rugas é imediato. Antes de ser aplicado, passa por um
processo de reticulação que o torna mais ou menos
denso e resistente.

O mais fluido é usado em mesoterapia, como
fator hidratante. O de média densidade, que tem resultados
mais duradouros, é usado em pontos localizados para corrigir
rugas. Mais recentemente foi produzido um novo produto de
elevada densidade e reticulação que, segundo o especialista,
está indicado para a «aplicação profunda, abaixo dos planos
musculares e mais próximo à aponevrose muscular para aumento
dos maiores volumes faciais (pómulos, queixo, arcadas
zigomáticas e linha mandibular)». Pode ser usado também «para
ligeiros aumentos mamário e de outras regiões não faciais».

Ácido polilático (reabsorvível)

É um produto utilizado em diversas técnicas médicas como próteses
ou suturas cirúrgicas. Tem demonstrado ser uma substância
muito segura. É mais indicada em casos em que se pretende
reestruturar as zonas de sustentação e tensão da pele
para que esta volte à sua posição inicial. Podem ser necessárias
várias sessões até que se obtenham os resultados pretendidos.

Colagénio (reabsorvível)

É, porventura, o produto reabsorvível mais popular e conhecido.
O colagénio pode ter origem humana, obtido através de um processo
de bioengenharia, em que se cultivam as células estaminais
do tecido celular humano. Pode também ter origem suína,
sendo submetido a um processo que elimina todo o tipo de
substâncias potencialmente alérgicas.

Texto: Ana Catarina Alberto