Imaginemos um balão: podemos enchê-lo, mas se enchermos demais ele rebenta. Pois bem, a pele comporta-se como um balão: quando se exige demais rompe-se, formando as estrias.

Por outras palavras: compare a derme a uma tira de elástico, ela possui uma determinada flexibilidade. Quando é ultrapassada, fica frouxa ou rompe-se, não conseguindo voltar ao normal. O mesmo acontece com a nossa derme. A comparação entre a pele e um balão, ou um elástico tem a sua razão de ser, a derme é sustentada por fibras elásticas – colagénio e elastina – quando essas fibras elásticas sofrem uma pressão grande, rompem-se, formando sulcos.

Apesar de ser um problema que atinge maioritariamente mulheres, ele não é exclusivo do sexo feminino, porque também há homens que não são poupados a estas marcas. E, tal como não escolhem sexo, as estrias também não diferenciam entre idades e estilos de vida, tanto marcando pessoas sedentárias como desportistas, adolescentes, adultos, mulheres grávidas ou jovens.

Os locais mais afectados são o interior das coxas, as nádegas, a anca, o abdómen, os braços, ou seja todas as zonas onde a pele pode ser distendida. As causas são várias, desde o ganho e perda de peso brusco, gravidez, hereditariedade, etc.

O melhor para evitar o aparecimento destas marcas definitivas na pele é prevenir, apesar de, uma vez instaladas, existirem actualmente alguns cuidados médicos e estéticos que permitem atenuar esta condição.

Porque aparecem

Genética
Não nos devemos esquecer deste factor de predisposição familiar sobretudo na prevenção desta patologia estética. A elasticidade e a resistência da pele dependem assim das características hereditárias. Ou seja, se a mãe ou a avó tiveram uma pele resistente e elástica, a probabilidade de se ter estrias diminui.

Factores endócrinos
O aumento da produção de estrogéneo e progesterona (normalmente na adolescência) podem fragilizar as fibras de colagénio e elastina, o que torna mais fácil o seu rompimento.

Saiba mais na próxima página

Gravidez

Durante a gravidez, sob a influência hormonal, as fibras de colagénio e de elastina rompem-se, sendo substituídas por novas fibras mais finas e desorganizadas. A pele que as recobre está igualmente mais fina, assim resulta uma cicatriz visível à superfície da pele – a estria.

Isto acontece principalmente em jovens na primeira gestação, durante o terceiro mês – na região lombar e nos seios - e após o sexto mês - nos glúteos, abdómen e coxas.

Corticóides
Apresentam um importante efeito antianabólico a nível das células epidérmicas e dérmicas com inibição na síntese de colagéneo assim como um efeito catabólico sobre as proteínas estruturais epidérmicas. Isto determina uma diminuição da resistência tensora das estruturas fibrosas da derme.

Podemos dizer que injecções, medicamentos, cremes e pomadas à base de corticóides, aumentam a retenção de líquidos provocando inchaço e diminuição de elasticidade da pele.

Musculação
As maiores vítimas são os homens, principalmente os que exageram na dose. As fibras, pressionadas pelo aumento da massa muscular, rompem-se.

Celulite
Os inchaços da celulite prejudicam a circulação diminuindo a quantidade de substâncias, que nutrem os fibroblastos, células que produzem fibras elásticas.

Tipos de estrias

Rosadas
São as estrias mais recentes, avermelhadas devido ao rompimento dos vasos sanguíneos.
Os tratamentos iniciados nessa fase têm melhores resultados, pois as células continuam vivas e com maior capacidade de resposta regenerativa.
Nacaradas
São mais antigas, de cor brancoacinzentada ou amareladas, pois a melanina (substância que dá coloração à pele) já não é produzida onde as fibras se rompem. Também apresentam uma diminuição acentuada da espessura da pele, formando uma depressão, como uma cicatriz. Os tratamentos iniciados nessa etapa conseguem estreitá-las e atenuar a depressão.

Prevenção
Para prevenir o aparecimento das estrias, o melhor é evitar o aumento e perda de peso rapidamente. Evitar exercícios físicos que fazem aumentar a massa muscular de modo acelerado como a musculação. O melhor são os exercícios aeróbicos, que queimam calorias, tais como correr, nadar, andar de bicicleta, etc.

Saiba mais na próxima página

Manter o corpo bem hidratado, por fora, utilizando cremes ricos em emolientes à base de colagénio, elastina, lipossomas, alfa-hidroxiácidos, ureia, óleos vegetais, e outros agentes hidratantes, e por dentro, bebendo cerca de dois litros de água por dia.

Este hábito tem que se transformar num ritual diário. Activar a circulação sanguínea com duches alternados com jactos de água fria e quente e evitar o uso de roupas apertadas e fumar.

È ainda muito importante ter bons hábitos alimentares. Estes, garantem ao nosso organismo a capacidade de renovação celular e consequentemente favorece o surgimento de um tecido mais firme e de maior qualidade dificultando, desta forma, o surgimento de estrias. Esta alimentação deve incluir vitamina C, pois é indispensável para a síntese de fibras de colagénio da pele.

Cuidados que atenuam

Ácidos
O uso diário de produtos à base de ácidos como o retinóico, glicólico ou outro alfa hidroxiácido provocam uma leve esfoliação na pele, o que estimula a microcirculação no local e a produção de novas fibras de colagéneo. A concentração de ácidos deve ser definida pelo dermatologista. Ideal para estrias recentes (estrias avermelhadas e finas).

Microdermoabrasão
Este método é constituído por um peeling físico, que lixa a epiderme através de um jacto de partículas de cristal ou de um aparelho de ponta de diamante. Este método remove as células mor tas, esfolia a pele e estimula a produção de colagénio e elastina. Após as sessões (pelo menos três) a pele cicatriza e as estrias ficam mais finas e menos aparentes. Ideal para estrias avermelhadas e finas.

Mesoterapia
Com uma agulha, o médico injecta na linha da estria medicamentos que reorganizam as fibras, estimulam a formação de colagéneo e melhoram a circulação sanguínea local. É aplicada uma pomada anestésica. São necessárias de oito a catorze sessões, com intervalo de dez dias entre cada uma. Para estrias avermelhadas e grossas, peroladas e finas.

Injecções de vitamina C
O método é uma variante da mesoterapia. Uma solução de vitamina C, cobre e oligoelementos que é introduzida na linha da estria através de retroinjecções (o especialista injecta a química enquanto retira a seringa da estria).

A vitamina C estimula a produção de colagénio, que ajuda a preencher o espaço onde existe afastamento das fibras, diminuindo a sua depressão. O cobre melhora a pigmentação, atenuando a diferença entre a cor da estria e da pele. Para um bom resultado, devem ser realizadas no mínimo dez sessões.

Saiba mais na próxima página

Peelings químicos
No peeling, os ácidos (em concentrações mais elevadas) são usados directamente sobre a pele, causando a queimadura química da estria. Este processo acelera a produção de colagénio e diminui ou afina o estiramento da pele. Pode ser usado em qualquer região do corpo, sendo necessárias, mais ou menos 10 sessões. Para estrias avermelhadas e finas.

Laser de Co2
Em regiões com pouca quantidade de estrias, aplicado sobre cada uma delas, o laser remove a camada cutânea superficial e atinge a derme, camada intermediária. Provoca a formação de fibras de colagéneo e a retracção da pele. A estria torna-se mais estreita e lisa.

Antes do procedimento, utiliza-se anestesia local. São necessárias uma ou duas sessões (a segunda somente três meses depois da primeira). A pele refaz-se numa semana e em dois meses aparece o resultado definitivo. Indicado para estrias peroladas e grossas.

Laser vascular
As aplicações melhoram o aspecto das estrias (as mais recentes costumam desaparecer), porque reduzem os vasos sanguíneos, eliminando a sua cor arroxeada. Também aumentam a produção de colagénio e elastina.

A queimadura provocada pela luz é superficial. Quando as marcas provocadas desaparecem, a estrias ficam bem menos aparentes. As sessões devem ser feitas com intervalo de quatro a seis semanas.

Laser Cool Touch
Este laser já utilizado para remodelação dérmica não ablativa, isto é tratamento das rugas e cicatrizes sem esfoliar a pele, prova a sua eficácia no tratamento das estrias. Este atravessa a epiderme sem queimá-la e age na derme para estimular os fibroblastos a produzir fibras elásticas e de colagénio.

A camada mais superficial da pele é protegida do calor libertado pelo laser por uma ponta resfriada. A aplicação dura 20 minutos, realiza-se uma vez por mês, num total de seis sessões.

Nestes cuidados são utilizados cremes ricos em colagénio, centelha asiática, ácidos como o glicólico e ácido retinóico (em baixa concentração e por indicação do médico).

Fotografia: Garnier
Agradecimentos: Lima Duque, dermatologista; Luís Anjinho, cirurgião plástico