A redução do perímetro abdominal é, antes
de mais, um problema de saúde.

Está provado
que a gordura nesta área do corpo é particularmente
perigosa.

Segundo a Fundação Portuguesa
de Cardiologia, «para além da pressão
que exerce sobre alguns órgãos, verifica-se a
produção de substâncias tóxicas, que agridem
o coração e as artérias, aumentando o risco de
desenvolver doença cardiovascular». Os inestéticos
pneus estão associados a uma alimentação
pouco equilibrada, ausência de exercício físico
e, em alguns casos, têm relação directa com
a herança genética.

Eliminá-los nem sempre é
fácil. Requer força de vontade para manter uma
boa educação alimentar e energia para seguir
um plano regular de actividade física. Esta
combinação pode ajudar a eliminar as gorduras
nessa zona do corpo, mas nem sempre é a única
resposta, existindo actualmente um leque de
opções cirúrgicas cada vez menos invasivas.

Tipos de gordura

Há dois tipos de gordura abdominal, a gordura
que se localiza na camada muscular (gordura
visceral) e outra, igualmente volumosa,
mas mais mole, que se encontra entre o músculo
e a pele.

«A primeira é mais fácil de ser
mobilizada através do exercício físico porque
está mais perto dos orgãos activos. Já a gordura
que está por baixo da pele é mais difícil de
eliminar pelo exercício, mas é menos perigosa
para a saúde», explica Hugo Vieira Pereira, personal
trainer.

Em primeiro lugar, para começar
a perder barriga, é essencial fortalecer a musculatura
abdominal. «Ao fazê-lo, os músculos
encurtam e fazem com que todos os orgãos e
gordura que estejam na cavidade abdominal
sejam comprimidos e o volume diminua», diz
o especialista. Os abdominais são os exercícios
mais indicados.

Cirurgia plástica

Apesar de ajudarem a perder peso, a alimentação
(ver caixa) e o exercício físico nem sempre
são suficientes para criar um ventre liso.
A cirúrgia estética é uma opção nos casos
em que a gordura na zona da barriga tem um
carácter já instituído ou genético.

Das técnicas
usadas, salienta-se a lipoaspiração clássica,
a lipoescultura e a abdominoplastia. Segundo
Zeferino Biscaia Fraga, cirurgião plástico, a
primeira «apareceu há cerca de 30 anos e consistia
em retirar a gordura acumulada através
de uma cânula, sem infiltração de produtos,
de forma manual.

Depois apareceu a cânula
já associada a uma máquina que facilitava a
extracção de gordura e, mais tarde, uma técnica
anestésica de infiltração na própria gordura
com vários produtos». Este método, conhecido
como lipoescultura, serve não só para aspirar,
como também para adicionar ou remodelar
o tecido adiposo.

Actualmente, há uma série de técnicas para realizar lipoesculturas cada vez
menos invasivas, que o cirurgião plástico escolhe
«consoante cada caso clínico».

Veja na página seguinte: A técnica mais usada para eliminar a barriga

Esculpir o o corpo

A técnica mais recente é a lipoescultura assistida
por radiofrequência, cujo objectivo é retrair
a pele que fica mais flácida, depois da aspiração
da gordura.

Também
muito utilizada, a lipoescultura tumescente
é caracterizada pela infiltração de soro fisiológico
frio «com um vasoconstritor (com anestésico
local) e, passados dez minutos, a gordura começa
a ser eliminada com um sistema vibratório que a
retira com maior velocidade e em maior quantidade,
não deixando nenhuma cicatriz perceptível».

Entre as lipoesculturas frequentes encontra-se também a realizada com laser (mais lenta e
que pode provocar queimaduras) e a lipoaspiração
com seringa que provoca vácuo e a posterior
eliminação da gordura. «Nestas cirurgias, é feita
normalmente uma abertura de três milímetros
na púbis, o que faz com que a cicatriz seja quase
imperceptível».

A fase de recuperação

Com as lipoesculturas, é possível seguir quase
sempre um regime de ambulatório, em
que a paciente sai no próprio dia. «A necessidade
de internamento representa cerca de
dois por cento e, normalmente, verifica-se só
em casos em que há outra cirurgia associada.
Em ambulatório, há muito mais segurança e
menos riscos».

A recuperação das lipoesculturas é rápida.
O organismo leva cerca de três semanas a recuperar,
sendo que o resultado estético pretendido
é alcançado ao fim de dois meses, durante
os quais não se deve apanhar sol. «No final desse
tempo, os tecidos já estão restabelecidos e os
edemas, as nódoas negras e hematomas também
desapareceram».

Esta técnica custa entre
1200 euros a 3500 euros e, quando bem efectuada,
impede que a gordura se volte a desenvolver
nessa zona, porque os adipócitos foram
retirados.

Abdominoplastia

«Em todas a técnicas em que o método menos
agressivo não dá resultado, recorre-se à abdominoplastia
», conta Zeferino Biscaia Fraga.

Nesta
cirurgia o procedimento é mais invasivo: a pele
que vai desde o umbigo até à púbis é completamente
retirada. «Como tal, tem de haver uma
incisão supra-púbica que deixa uma cicatriz mais
visível. Não é necessariamente indicada para pessoas
com mais gordura, mas antes para peles mais
flácidas, onde se pode corrigir a parede do abdómen
», salienta o cirurgião plástico.

A técnica, com
preços entre os 3500 euros e os 6500 euros, requer
anestesia geral ou epidural e exige, no mínimo
uma semana de vida muito moderada. No máximo,
pode ser feita duas vezes.

Estratégia
alimentar

Queimar calorias no
ginásio não é suficiente
para eliminar a gordura
abdominal. Siga também
as indicações de Adelina
Correia, nutricionista:

1. Da lista dos alimentos
cujo consumo deve
reduzir fazem parte
«doces, gorduras
saturadas, carnes gordas,
fast-food e bebidas
alcóolicas», refere a
especialista.

2. É essencial beber «em
média 1,5 litros de água
por dia», recomenda.

Veja na página seguinte: O tipo de alimentos que deve (mesmo) evitar

3. Evite alimentos pesados
e opte por refeições mais
leves à noite.

4. Coma várias vezes ao
dia, ingerindo pouca
quantidade de alimentos
em cada refeição.

5. «Para regular o trânsito
intestinal e evitar a dilatação
na zona da barriga
é importante ter uma alimentação
rica em fibra»,
salienta a nutricionista.

Sabia que

Segundo a Fundação Portuguesa de Cardiologia,
o perímetro da cintura é considerado normal
até 80 cm (mulheres) e até 94 cm (homens).
Valores acima de 88 cm (sexo feminino) e 102
cm (sexo masculino) potenciam o risco de se
desenvolver doenças cardiovasculares.

Texto: Mariana Correia de Barroscom Adelina Correia (nutricionista), Hugo Vieira Pereira (personal trainer) e Zeferino Biscais Fraga (cirurgião plástico)