O mundo da estética está em constante mutação. Novas técnicas de remodelação corporal através de injeções e de substâncias desenvolvidas em laboratório, inovadores protocolos de nanotecnologia para facilitar a recuperação no
pós-operatório de cirurgias plásticas, modernas abordagens de gordura e de células estaminais para alisar a pele e melhorar os contornos da silhueta, anestesias mais leves e o recurso a lasers para tratar a celulite.

Estas são algumas das novas tendências da cirurgia estética apresentadas na edição deste ano do IMCAS, o congresso internacional do envelhecimento cutâneo, que decorreu no início de fevereiro de 2013 em Paris. Em comum têm praticamente todas o facto de (já) não exigirem o recurso ao bisturi para conseguirem produzir resultados.

«O mundo hoje está dominado por técnicas não-invasivas», sublinhou mesmo o cirurgião plástico Benjamin Ascher, diretor do comité científico do evento, para quem a injeção de gordura humana do paciente processada em laboratório no rosto, nos seios e nos glúteos dos pacientes é a inovação com maior potencial.

«O lipofilling vai revolucionar não só a cirurgia estética nos próximos meses como toda a medicina», acredita. «Eu já não faço nenhuma lipossucção nos glúteos sem reinjetar a gordura noutra zona para manter os contornos femininos da silhueta», assumiu também publicamente o cirurgião plástico Ali Mojallal. Mas não são só as técnicas e os processos que estão a evoluir. Os próprios comportamentos dos consumidores também. «As pessoas querem resultados mais rápidos com um menor tempo de recuperação», refere a dermatologista Hema Sundaram.

«As pessoas, atualmente, tendem a proceder ao rejuvenescimento global do rosto e já não se limitam a intervenções pontuais», complementa Benjamin Ascher. Além de olhos mais largos, quem recorre à cirurgia estética nos dias que correm pretende bochechas mais arredondadas, um rosto em forma de coração ou de ovo invertido, a linha maxilar inferior mais definido e uma face visivelmente mais relaxada, lisa e tonificada, sem marcas, manchas ou rugas.

O número de pesssoas a querer refirmar os glúteos e a quantidade de cidadãos africanos a solicitar um nariz mais europeu também estão a aumentar consideravelmente. Apesar da evolução que o setor tem vindo a registar, nem todos os avanços dos últimos anos têm visto a sua atuação a ser validada pelos profissionais que as utilizam.

«Os fios de ouro e outros fios tensores, muitos injetáveis não reabsorvíveis e o Macrolane [um gel de ácido hialurónico que remodela o contorno corporal e aumenta o volume de forma imediata e natural] para aumentar o peito revelaram-se um verdadeiro fracasso», considera Benjamin Ascher.

Novos instrumentos e procedimentos mais rápidos

Uma das tendências do setor da cirurgia estética é o recurso a técnicas que foram sendo melhoradas para acelerar procedimentos. No caso das injeções de gordura do paciente nos seios e nos glúteos, estão a ser usadas seringas maiores para acelerar o processo. No que toca à administração de substâncias injetáveis, novos equipamentos, como o Iovera, apresentado aos profissionais neste congresso, já permitem quatro pontos de injeção, em vez de oito, reduzindo em 50% o número de picadas no paciente.

Em estudo está também a injeção de plasma nas zonas intervencionadas cirurgicamente para acelerar o processo de cicatrização. Para reconstruir um seio depois de uma remoção cirúrgica, a utilização de tecido do músculo dorsal da paciente, outra das tendências apresentadas no congresso, também tem permitido atingir melhores resultados.

Intensificadores de regeneração cutânea combinados com plasma sanguíneo

O plasma sanguíneo é rico em plaquetas e, combinado com substâncias intensificadoras da regeneração cutânea, permite melhorar a qualidade da pele e até aumentar os seus níveis de hidratação, defende uma nova corrente de especialistas. Esta técnica aumenta o volume da pele, reduzindo as rugas e outros sinais de envelhecimento, sem necessidade de recorrer a peelings ou a tratamentos de laser que incidam sobre toda a face.

O regresso do ácido hialurónico

Foi anunciado como uma revolução na última década mas, com o passar do tempo, começou a ser abandonado, uma vez que os resultados que se conseguiam não eram muito duradouros. Mais recentemente, com a descoberta de um componente que estimula a revitalização e a hidratação natural da pele, voltou a atrair a atenção dos especialistas. A injeção de ácido hialurónico é atualmente, juntamente com a injeção de toxina botulínica (botox), o procedimento estético mais praticado em todo o mundo.

Preencher em vez de injetar

Até aqui, quando um paciente queria aumentar ou corrigir uma determinada do rosto, recorria-se, em muitos casos, à injeção de substâncias como o botox. Neste momento, muitos especialistas estão a optar por substâncias de preenchimento que conferem volume a determinadas zonas do rosto, conseguindo o resultado pretendido.

Esta técnica é já a preferida da dermatologista Hema Sundaram, que, em vez de injetar botox nos lábios das suas pacientes para que estes ganhem volume, prefere aplica-las na zona em redor, para conseguir uma volumetria mais natural e uniforme, de uma forma menos invasiva.

Equipamentos aperfeiçoados e tecnologias melhoradas

Os últimos avanços tecnológicos não incidem apenas sobre novos equipamentos e aparelhos. Melhorar técnicas e sistemas de tratamentos estéticos que já existem é outra das prioridades. No caso da Syneron e da Candela, líderes mundiais em dispositivos médicos usados para fins estéticos, os bons resultados alcançados com a solução UltraShape, que recorre a ultrassons focalizados para destruir as células de gordura em pontos localizados, levaram a empresa a desenvolver o UltraShape V3.

Este novo equipamento, mais pequeno, tem como principal inovação o VDF Ultrasound Transducer, que permite fazer ajustes de precisão no tratamento, «garantindo uma maior potência com um menor número de impulsos», assegura Shimon Eckhouse, presidente da Syneron Medical, que detém as duas marcas.

Outra das inovações é o VelaShape II, equipamento que alia a utilização de raios infravermelhos e de radiofrequência bipolar à manipulação mecânica de tecidos para reduzir sinais de celulite. A nova versão inclui um software melhorado que possibilita uma maior monitorização do tratamento.

Texto: Luis Batista Gonçalves em Paris