Com a evolução da medicina antiaging na área da dermatologia, é cada vez mais fácil contrariar os efeitos do relógio biológico ao nível da pele.

Através de técnicas como laser, radiofrequência e peelings, mas também de mesoterapia ou de bioestimulação, é possível estimular os mecanismos naturais da pele e prevenir, retardar ou apagar grande parte dos sinais da idade, sem ter de se recorrer à cirurgia plástica.

Do leque de opções disponíveis, uma elite de substâncias tem vindo a ganhar a preferência dos dermatologistas. Vai perceber porquê já a seguir.

Toxina butolínica

Integrada atualmente no grupo das técnicas neuromodulares da medicina estética, começou por ser aplicada em ambiente hospitalar para tratamentos oftalmológicos e neurológicos. Usada em dermatologia nas rugas de expressão, sobretudo a partir dos 35 anos, «permite bloquear a libertação de acetilcolina, a substância responsável pela transmissão de impulsos elétricos que provocam a contração muscular e consequente formação de rugas.

Não tem um efeito de preenchimento, apenas descontrai o músculo impedindo a ruga de franzir. A expressão facial fica mais relaxada. Se for bem aplicado, o resultado é bastante natural», descreve Manuela Cochito, dermatologista. Segundo a especialista, «as substâncias aprovadas na Europa são Azzalure, Vistabel e Xeomin». Este é «um tratamento injetável cujos efeitos iniciais se tornam visíveis ao fi m de 48 horas após o tratamento».

«Os resultados máximos são atingidos em uma ou duas semanas, dependendo do paciente», conta Manuela Cochito. O efeito resiste entre três a seis meses. «O preço depende da quantidade de unidades injetadas, podendo oscilar entre 300 a 450 euros por sessão», refere ainda a especialista. No que se refere às zonas-alvo, aplica-se no terço superior do rosto, nomeadamente nos pés de galinha, na região entre as sobrancelhas e na testa.

«Pontualmente, pode ser usado nos lábios para corrigir um código de barras acentuado no lábio superior, uma situação frequente nos fumadores, mas em doses mínimas ou a pessoa não conseguirá falar corretamente», adverte. «É um tratamento seguro que terá de ser aplicado por quem sabe muito de anatomia da pele, nomeadamente os dermatologistas e alguns cirurgiões plásticos, para dosear corretamente e obter o resultado mais natural», acrescenta ainda.

Ácido hialurónico

Trata-se de uma substância que está naturalmente presente na nossa pele, concedendo-lhe estrutura e firmeza mas cuja produção, com a passagem dos anos, diminui. «Com o envelhecimento, deixamos de produzir este componente que hidrata muito a pele com água e mantém a derme rica e preenchida», esclarece Manuela Cochito. Aplicada nos tratamentos de mesoterapia, a versão criada em laboratório permite, assim, contrariar o decréscimo de produção natural.

«Já os tratamentos caseiros de roll-on são insuficientes para chegar à derme», conclui a especialista. No que se refere aos seus efeitos, este dura entre seis a oito meses e «mantém a elasticidade, a frescura e a hidratação da pele, além de ter uma função estruturante e de lifting. Quando aplicado por um especialista experiente, não existem riscos consideráveis para o doente. O número de sessões depende das características da derme e tipo de ácido hialurónico. O preço ronda os 300 euros por ampola».

«O ácido hialurónico é colocado nas rugas estáticas e profundas das linhas nasogenianas e como preenchimento dos lábios. O tratamento é feito com canetas que fazem a sua injeção, havendo várias espessuras da substância para se adaptar corretamente ao tipo de ruga que se pretende corrigir», esclarece Manuela Cochito, concluindo que «há também quem o utilize para enchimento das bochechas, mas não gosto do efeito».

Vitaminas e peptídeos

«As vitaminas A, B, C e E, e peptídeos (aminoácidos ou moléculas orgânicas formadas pela união de átomos de carbono, hidrogénio, oxigénio e nitrogénio, indispensáveis para a formação das moléculas de proteínas) são usados para estimular e melhorar a tonicidade da pele», sublina Manuela Cochito. Não existe evidência científica de que resultam quando isoladas, sendo geralmente aplicadas em associação com ácido hialurónico e antioxidantes, coenzimas, minerais e aminoácidos.

Segundo Manuela Cochito, «a eficácia exata das vitaminas na derme não está completamente estabelecida, ao passo que a do ácido hialurónico sim». Sabe-se, contudo, que «as vitaminas conferem à pele brilho e hidratação, fundamentais para uma derme lisa e com aspeto saudável», realça. Já os peptídeos «são substâncias presentes em muitos cremes e ajudam a pele a franzir menos», refere a dermatologista.

«Na mesoterapia podem, no entanto, ser injetados a um nível mais profundo e potenciar este efeito. É como se procurassem imitar o efeito da toxina butolínica», afirma. No que se referem às zonas-alvo de intervenção, com vista a melhorar a saúde e bem-estar da pele e tratar as rugas, «aplicam-se de forma injetável com uma caneta própria, em várias zonas do rosto», descreve Manuela Cochito.

Uma super molécula chamada retinol

Se está grávida ou a amamentar, não deve usar fórmulas ou recorrer a tratamentos que contenham esta substância. Se não é o seu caso, interessa-lhe saber o que se segue:

«Trata-se de uma molécula derivada da vitamina A, com efeitos benéficos comprovados no tratamento de rugas, estrias, desobstrução de poros e acne. É muito usada na medicina estética nas bioestimulações», descreve Manuela Cochito. No que se refere ao seu modo de atuação, «coloca-se uma caneta com microagulhas sobre a derme que atingem uma maior profundidade da pele», descreve a dermatologista.

Segundo a especialista, «ao irritar os fibroblastos, o retinol estimula as suas funções e favorece a produção das fibras que deixaram de existir, por exemplo no caso das estrias, e partiram a pele». No que se refere a preços, «em média, cada sessão de bioestimulação ronda os 150 euros», avança a médica especializada.

As técnicas de aplicação

Apesar de muito similares, diferem, contudo, no tipo de canetas e substâncias que se injetam:

Mesoterapia

«É uma técnica de múltiplas injeções, realizadas na derme superficial com uma agulha muito fina, de um combinado de ácido hialurónico e vitaminas A, B,C e E, aminoácidos, coenzimas, minerais, bases nucléicas e antioxidantes», descreve Manuela Cochito.

Bioestimulação

«Utiliza substâncias biológicas e sintéticas, como ácido hialurónico, vitaminas e oligoelementos para recuperar o volume, a hidratação e a tonicidade da pele. Podem ser injetadas a diferentes profundidades conforme as necessidades da pele e só se faz um tratamento», afirma a dermatologista.

Texto: Fátima Lopes Cardoso com Manuela Cochito (dermatologista)