Uma nova descoberta do corpo e da vida no feminino. Assim é hoje considerada a entrada da mulher na menopausa. No passado, vista com desconfiança e receio, uma espécie de pré-anúncio do fim da vida da mulher, a menopausa está hoje livre dos tabus e das dúvidas que remetiam o tema ao silêncio. Das várias alterações provocadas por esta nova etapa, o envelhecimento da pele é uma das maiores preocupações femininas nos dias de hoje.

Para saber como contrariá-lo, conheça as suas origens e siga os conselhos da dermatologista Paula Quirino. Para além do envelhecimento intrínseco, associado à idade e a fatores genéticos, também o sol, o tabaco e outros elementos ambientais são um passaporte para uma pele menos firme e hidratada.

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É a partir dos 45 anos que se verifica, na maioria dos casos, uma modificação das fibras de colagénio e elastina e do processo de renovação celular.

Como acrescenta Paula Quirino, a menopausa provoca efeitos ao nível do envelhecimento da pele, "quer pela redução do nível de estrogénios, quer pelo aumento relativo da testosterona livre", o que se reflete na flacidez da pele, perda da hidratação natural, redução da secreção sebácea e acentuação das rugas.

De acordo com a dermatologista, "as modificações cutâneas atribuíveis especificamente à menopausa são os episódios de flush [eritema vasomotor paroxístico da face ou calores faciais com aumento da sudação], hirsutismo [aumento da pilosidade em zonas dependentes dos androgénios nas zonas onde os homens têm pelos e as mulheres não devem ter] e queda de cabelo", esclarece Paula Quirino.

Outros efeitos

Para além destas alterações, muito comuns, a especialista refere ainda que "é frequente observar-se, nesta fase, a acentuação das rugas, também designado por golpe de envelhecimento da menopausa, bem como secura cutânea e atrofia vulvar". Situações que, regra geral, de uma maneira ou de outra, acabam por afetar o quotidiano de milhares de mulheres em diferentes partes do mundo.

"As alterações na pele provocadas pela menopausa são potencial e parcialmente reversíveis com o tratamento hormonal de substituição (THS). Este deverá ser sempre aconselhado e controlado por um especialista de ginecologia, uma vez que não há consenso quanto à sua utilização", refere a dermatologista. No que toca ao uso de produtos de limpeza e hidratação, devido à habitual secura cutânea característica desta etapa, "a pele deverá ser limpa com solução de limpeza".

Outra alternativa passa pelo uso de "um syndet [sabão sem detergentes] líquido ou sólido, seguidos de enxaguamento com água tépida", aconselha a médica. Segundo esta especialista, "é também aconselhável a aplicação de uma emulsão para pele seca com um princípio ativo [retinol, alfa-hidroxiácido e/ou anti-radicalares]. "De manhã, deverá associar uma proteção alta (FPS 30 ou 50) ou elevada (FPS 50+)", sugere ainda.

Como conseguir uma tez rejuvenescida

Os alfa-hidroxiácidos (também designados por ácidos de fruta, devido à sua obtenção a partir de fontes naturais como a maçã, uva, cana-de-açúcar e frutas cítricas) são os principais aliados no combate ao envelhecimento cronológico. Podem ser utilizados em cremes, ampolas ou peelings. Pode também associar as vitaminas C e E, o betacaroteno e alguns minerais como o selénio, zinco, cobre e magnésio.

O medicamento mais eficaz para minimizar os efeitos do fotoenvelhecimento é o retinol ou vitamina A ácida ou o retinaldéido, devendo adaptar-se as suas concentrações e apresentações ao tipo de pele. Evite limpezas frequentes e agressivas à pele com detergentes ou sabões, pois tendem a agravar a secura. Privilegie produtos de lavagem syndets, com pH baixo e cuja agressividade cutânea é muito menor.

Texto: Raquel Pires com Paula Quirino (dermatologista)