A caspa é uma designação popular para a descamação do couro cabeludo, na maioria dos casos acompanhada pela multiplicação de um fungo inofensivo existente na pele que se torna activo devido a alterações que conduzem a uma doença chamada seborreia (secreção exagerada das glândulas sebáceas). É a partir da puberdade que mais se manifesta, pois está associada ao stress e a mudanças hormonais.

Há vários tipos de caspa (mais oleosa ou seca) dependendo do tipo de pele e do género de seborreia que se desenvolve. Existem ainda casos mais complicados, associados a eczemas do couro cabeludo ou, por vezes, ligadas à psoríase. Segundo um estudo encomendado pela marca de cuidados capilares Head & Shoulders em 2007, cerca de 75% da população portuguesa adulta afirma já ter sofrido de caspa.

As causas

O stresse, a seborreia e as alterações hormonais são os principais factores que provocam a caspa. Fernando Guerra, dermatologista, aponta também o traumatismo como uma das causas mais frequentes para o seu desenvolvimento. «Ao sentir comichão a pessoa tende a coçar, o que vai traumatizar. A coceira e a própria caspa podem contribuir para a alopécia seborreica ou a alopécia androgenética que é a queda de cabelo provocada pela hormona masculina».

Também a poluição, ao propiciar a sujidade do cabelo, pode contribuir para a descamação do couro cabeludo. Curiosamente, grande parte da população tem seborreia mas, felizmente, esta nem sempre avança para o estado de caspa. A alimentação pode ser outro fator favorável, sendo de evitar alimentos muito gordurosos, como é o caso da carne de porco, das oleaginosas e dos chocolates.

Como tratar

Se notar a existência de caspa procure o dermatologista e não o cabeleireiro. A caspa não é um estado passageiro, é uma doença que deve ser tratada. Consulte-o para fazer o diagnóstico completo, siga rigorosamente a terapêutica indicada, que consistirá num tratamento tópico ou envolverá a toma de comprimidos anti-fúngicos, e visite-o de três em três meses. Existem três produtos que ajudam no tratamento da caspa: o enxofre, o piridin tionato de zinco e os anti-fúngicos.

«O enxofre mais usado era o sulfureto de selénio que, ainda hoje, se encontra em preparados modernos que estão agora a redescobrir as propriedades do sulfureto de selénio sem o cheiro do enxofre», explica o especialista. «Atualmente, só se usam alcatrões purificados ou alantoína, tendo-se deixado de usar alcatrão no couro cabeludo e na pele sob o perigo de ser cancerígeno. Dos anti-fúngicos tópicos destaca-se o cetoconazol», explica o especialista.

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Estratégias anti-caspa

Tenha em atenção que os champôs com um pH muito básico (sabões) podem ser nocivos para a seborreia. Use um champô neutro (com pH 5,5, o pH da pele). Alterne o seu champô diário com uma fórmula indicada pelo seu dermatologista que contenha substâncias anti-seborreicas. Faça-o pelo menos uma vez por semana. Também não faça intervalos de tempo excessivos entre as lavagens do cabelo.

Não é, ainda, recomendado molhá-lo mais do que uma vez por dia, para evitar o enfraquecimento. Cada caso é um caso e nem todos os produtos são adequados à sua doença. Evite usar uma escova de cabelo de alguém que tenha caspa, sob o perigo de acordar o fungo no estado não patológico que existe no seu couro cabeludo, podendo sofrer de descamação. A exposição solar e a água do mar podem ajudar a acalmar as situações de escamação.

Texto: Mariana Correia de Barros com Fernando Guerra (dermatologista)