Os nossos jovens começam desde cedo a ter que tomar decisões de carreira, decisões estas para as quais muitas vezes os seus 14 ou 15 anos não acarretam competências para o fazer. O primeiro momento surge na transição para o ensino secundário, para um curso científico-humanístico... ou para um curso profissional... ou ainda para um curso artístico especializado... ou ainda para outro tipo de cursos com planos próprios. Mas afinal o que são estes cursos todos? São para quem? Aprende-se o quê? Com que finalidade?

Diria que esta é a primeira grande dificuldade. Perante tanta variedade, há que buscar informação fidedigna acerca de cada uma das hipóteses e só depois fazer escolhas. E onde está esta informação? Um bocadinho aqui, outro ali e um pouco por toda a internet! Mas um jovem de 14 anos terá maturidade para tomar consciência da importância desta pesquisa? Saberá recorrer aos sítios certos e selecionar informação pertinente? Esta barreira será mais facilmente ultrapassada se existirem pais ou professores que podem fazer este trabalho de seleção da informação, mas não podem (ou não devem!) escolher pelo filho ou aluno. É claro que a opinião de quem conhece o jovem de perto é importante, mas é isso mesmo, uma opinião, e não uma decisão.

Surge ainda outra questão… Ora, se alguém vai fazer o “trabalho” por eles, da próxima vez que se deparem com um problema semelhante não o vão saber resolver. No final do 12º ano (ou equivalente), terão que tomar outra vez decisões deste tipo.

Por outro lado, quando fazemos estas escolhas, é importante ter um bom auto-conhecimento ou pelos menos uma boa capacidade de auto-análise. Mais uma vez, um jovem que acaba o 9º ano tem a sua personalidade em desenvolvimento, ainda vai sofrer muitas mudanças! E ainda bem que assim é! Assim, é importante tentar perceber quais são as caraterísticas que se têm mantido ao longo dos seus 14/15 anos e apostar nestas quando fazemos escolhas para o futuro. Não parece fácil, pois não? E de facto não é!

Estes processos fazem todos parte do que chamamos de maturidade vocacional. A promoção da maturidade vocacional deverá ser o cerne da questão quando pensamos num processo de orientação escolar e profissional. Devemos apostar em dotar o jovem de competências que lhe permitam fazer todo o percurso de escolha de forma autónoma, acreditando que o trabalho desenvolvido é de tal forma consistente que quando o jovem chegar a outra etapa em que tenha novamente que fazer opções de carreira, consiga ativar estes mesmos recursos sem a “bengala” do orientador.

Cabe ao orientador aquilo que o nome indica – orientar – guiar o jovem ao longo do processo, ajudando no processo de auto-conhecimento e na promoção de atitudes importantes para este tipo de processo. No limite, pode dizer-se que o orientador “ensina a escolher”, mas não escolhe.

Matilde Passanha (matilde.passanha@pin.com.pt)

Responsável pelas orientações vocacionais escolares e profissionais

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