É importante perceber que todos os nossos atos têm consequências, positivas ou negativas, e não existe uma educação perfeita. Tanto pais como crianças aprendem, com erros, experiências negativas ou acontecimentos incontroláveis.

A adolescência é uma fase em que isso é mais visível, principalmente, porque há um "desespero" profundo, por parte dos pais, em saber lidar com os filhos. Importa aqui referir que a adolescência é, efetivamente, uma fase difícil, caracterizada por momentos de definições de identidade sexual, profissional e de valores.

Constantemente, é uma fase sujeita a muitas crises e, muitas vezes, tratadas como patológicas. Efetivamente há que saber que o seu filho vai passar por crises durante a adolescência e que isso é normal. É normal ele hoje estar super bem disposto e feliz e daqui a uma hora estar desesperado, a chorar compulsivamente e a não querer nem olhar para si. Isso é normal.

Isso é uma crise de identidade, onde as emoções estão ao rubro e só existe o preto e o branco. O cinzento, nestes casos, é visto com muita dificuldade.

Agora, também temos de perceber até quando é que isto é normal e não patológico. Se os sintomas forem repetidos e constantes, associados a mais algumas características, aí convém procurar um psicólogo.

São transformações essenciais ao indivíduo e nós, como pais, temos de estar atentos mas, ao mesmo tempo, compreender e estar sempre lá para tudo o que os filhos precisem.

Parece-me que essa é a maior ajuda que os pais podem dar: ter tempo e disponibilidade emocional (também) para os filhos; ouvirem os seus problemas, angústias e tristezas e compreende-los; falarem com eles e explicarem que esta confusão de sentimentos, emoções e transformações (tanto físicas como psicológicas) é normal.

É um período em que, normalmente, as crianças querem estar fechadas no quarto, sozinhas, com amigos. Por vezes, esquecem-se da família. É normal. O grupo de amigos, nesta etapa da vida, ganha uma importância extrema. Mas, os adolescentes também precisam dos pais e da família, claramente. Talvez possa mesmo ser a fase em que mais precisam.

Uma coisa que tem de ter em atenção: colocar regras. Os adolescentes, assim como as crianças, precisam de regras. Regras essas que devem estar bem claras e definidas. Se isso é ser autoritário demais? Não, não é. É simplesmente ser democrático e saber educar de forma assertiva e compreensiva. É isso que é essencial.

Educar com regras e com muito amor. Explicar as coisas ao seu filho. Não tem de lhe esconder tudo, porque eles sabem sempre.

Mais vale aprenderem consigo e dizerem "foi a minha mãe ou o meu pai que me ensinou".

Há momentos que o podem levar ao desespero. Também é normal! Mas encare a adolescência como apenas mais uma fase (difícil) em que as coisas boas também chegam e os momentos únicos são constantes.

Por Mafalda Leitão, Psicóloga nas Clínicas Em Forma