(Não há) Famílias perfeitas, com filhos perfeitos e casas perfeitas. Famílias perfeitas com férias de sonho, filhos que são alunos exemplares e dotados de uma beleza estética impressionante, bem educados e bem comportados, altos e magros, sempre limpos e bem arranjadinhos, sorrisos colgate, retirados de um anúncio publicitário.

Não há pais perfeitos, sempre bem dispostos e com tempo, sem pressas nem correrias, com os telemóveis e computadores desligados e guardados, com dedicação extrema e sem ponta de falhas. Pais perfeitos com os cabelos perfeitos, que sabem o que dizer na hora certa, sempre prontos a ajudar nas lides da casa e com os banhos dos filhos, e que levam o lixo à rua com um sorriso na cara.

Não há mães perfeitas, altas e magras, sem dietas e sem ginásticas, sempre com a roupa certa para a ocasião e com dotes culinários que impressionam qualquer um. Mães perfeitas sempre com as suas casas perfeitas, sempre arrumadas e muito elegantes. (Não há) Mães perfeitas que nunca falam alto, que estão sempre felizes por brincar e por arrumar, que acordam com um sorriso na cara e os cabelos já muito penteados. Mães perfeitas que fazem tudo perfeito, com filhos perfeitos e maridos perfeitos. Não há.

Como também não há casamentos perfeitos, com devotação incondicional, harmonia intrínseca e felicidade omnipresente, um mar de rosas sempre e para sempre, amor eterno, e mãos dadas até ao infinito. (Não há) casamentos sem discussões nem complicações, sem dificuldades nem obstáculos, sem curvas nem turras.

Não há amigos perfeitos, prontos e dispostos para todas as ocasiões, com as palavras certas nas alturas certas, um ombro e um sorriso para oferecer.

Somos todos imperfeitos, todos com erros e defeitos. Fraquejamos quando deveríamos ter tido força, sorrimos quando era inoportuno, chegamos tarde quando deveríamos ter chegado a horas. Encontramos pontos de intersecção entre o que queríamos e que temos, o que gostaríamos e o que podemos. Fechamos os olhos a certas atitudes e ignoramos certas palavras. Deixamos passar delitos menores e temos sempre em vista um bem maior. Reajustamos expectativas e redefinimos constantemente o equilíbrio, e moderamos a velocidade.

Vamos encontrando a felicidade em pequenos momentos e instantes, e construímos a alegria aos pedaços, porque é aos poucos que a vida vai dando certo. Damos passos grandes e pequenos conforme o ventos nos sopra, e vivemos o presente, a pensar num futuro que pode ( ou não ) ser.

Marta Andrade Maia

My baby blue blog