Os jovens do 9º ano que vão agora a exame já tiveram a experiência de provas de aferição, o que quer dizer que não há novidade. Tratando-se de um exame final, a novidade  será certamente encarar as provas com outra maturidade e sentido de responsabilidade, naturalmente adquiridos com a idade. O ano já lá vai, é o finalizar de uma etapa para iniciar uma outra. Se aligeirar o estudo não é uma boa ideia, alimentar o “papão” do exame não favorece o estudo, aumenta o medo, bloqueia.

Antes de se avançar há uma nota prévia decisiva: não valerá a pena esperar que alguém vá agora compreender, interiorizar e pôr em prática alguns conteúdos não aprendidos até aqui. Lembro-me, por exemplo, de alunos que não chegaram a conseguir classificar determinadas orações, ou de frases do tipo“isto não é para mim” em conteúdos de Matemática. Há que ter a lucidez de aceitar isso e apostar no que vale a pena.

Preparar-se como deve ser é o que se deverá pedir a qualquer aluno. Eis os pontos a considerar.

1º ponto - Para começar interessa saber se o seu filho já descobriu a sua própria forma de estudar, porque  não aprendemos todos da mesma maneira, o que funciona para si pode não funcionar para ele. Trata-se de uma questão importante para qualquer estudante, pode ser uma mais valia nesta  altura de exames. Nesse sentido poderão ser  encontradas algumas achegas, com a contribuição do aluno, é claro, aqui.

2º ponto - Se o aluno já conquistou autonomia no estudo e tem apresentado resultados que são considerados adequados, esta época será pacífica para a família. Existe um clima de confiança e a expectativa é de que o estudante cumprirá. Bastará que os pais se mantenham a par de modo a garantir que a revisão sólida das matérias seja feita atempadamente.

3º ponto - Tendo as aulas terminado, é necessário criar uma rotina diária de estudo  mais ou menos combinada conforme a situação, a cumprir com rigor e sem dispersão de telemóvel ou outras. O mais certo será os pais estarem a trabalhar, pelo que será um tempo proveitoso para aumentar a responsabilização do estudante. Os pais terão os seus próprios mecanismos de acompanhamento.

4º ponto - Se o estudante ainda não chegou a um patamar desejável de autonomia, se ainda não é  suficientemente organizado, talvez precise mesmo de o ajudar para que não se perca e estude o necessário em cada dia. Será uma atitude que beneficiará os seus desempenhos e ajudará no controle da ansiedade. O ponto 5 será fundamental para o conseguir.

5º ponto - Certamente o seu filho estará por dentro da tipologia de cada prova (creio que tenha sido trabalhada na aula) mas poderão recorrer a este site e ver com algum detalhe  a natureza de cada uma das partes da prova e tornar consciente a maior ou menor facilidade em responder a cada uma delas, a cotação respetiva... fazendo-se assim o ponto da situação e um certo perfil das necessidades de estudo. Surgirá o momento da definição de prioridades e de um primeiro plano de trabalho a concretizar, e assim sucessivamente.

Aí vai um exemplo: se for entendido que é fundamental praticar a escrita de composições, e não tanto o estudo da gramática porque os resultados são geralmente bons,  há que definir quando e quais os temas, sem esquecer a necessária correção e aperfeiçoamento.

6º ponto - Estudar é sempre escrever, fazer... Estudar é muito mais do que ler. A prática de escrever (muito) e ler em voz alta é um bom exercício de estudo para o estudante se ouvir e auto corrigir. Memorizar é apenas  uma parte do estudar. Uma boa forma de acompanhar o seu filho é perguntar-lhe o que escreveu durante o estudo. Veio-lhe à cabeça a Matemática? Claro que também há que escrever quando se estuda Matemática.

7º ponto - Aproveite os recursos que existem, são imensos para além dos manuais. Temos as provas em papel, mas também recursos online. Há escolas que facultam recursos nas suas plataformas, há professores que generosamente disponibilizam os seus materiais...

E há algo notável. Os colegas e os amigos do seu filho são recursos de excelência. Está admirado? É verdade, quando os alunos se juntam responsavelmente para estudar, a forma como explicam, discutem, analisam, revelam ideias, estruturam o estudo traz um enorme conhecimento. Ensinar aos outros está provado que resulta. Há escolas públicas que já o descobriram, algumas delas já o fazem no 1º ciclo, outras em anos mais avançados.

Maria de Lurdes Monteiro

http://aescolanaoetudomasquase.blogs.sapo.pt/