Mimos, brincadeira e disciplina. Estas são algumas das bases da felicidade nos primeiros cinco anos de vida apontadas pelo mediático pediatra Mário Cordeiro, autor de vários livros sobre edução infantil. «Educar é a maior prova de amor que os pais podem dar a um filho», afirma o especialista, que considera mesmo que essa «é [uma] das tarefas mais exigentes que se pode pedir a alguém». Estas são algumas das recomendações que faz:

- O melhor médico

Independentemente de ser pediatra ou médico de família, o importante é que a saúde do seu filho seja assistida por «um médico competente, disponível, empático e conhecedor não apenas da saúde, do desenvolvimento e do comportamento da criança, como dos contextos familiar, social e ambiental em que a ela vive. Por outro lado, tem de ser um médico que esteja ciente das suas limitações e que saiba quando referenciar o paciente», refere o especialista.

- Quando a criança adoece

«A maioria das situações são virais, benignas, sendo os traumatismos, ferimentos e lesões acidentais as maiores causas de doença e internamento nesta idade», refere Mário Cordeiro. Em situações de vulnerabilidade ou doença os pais devem dar «afeto, proteção, segurança, mimo, firmeza e a certeza de que ela será cuidada e tratada, além de passar a ideia que os pais controlam a situação», aconselha.

Não deve minimizar a situação nem dizer «que não vai doer», mas pode dizer que «só vai doer um bocadinho» e que «ele vai aguentar porque é forte», recomenda ainda o especialista português.

- A hora da refeição

É a partir do primeiro ano de vida que se adquirem os bons hábitos alimentares. Aposte na qualidade dos alimentos, na harmonia na composição das refeições, de acordo com as necessidades de crescimento e de atividade do seu filho.

«É essencial evitar que as refeições se tornem um campo para batalhas, afirmações da personalidade e enfraquecimento dos pais. A alimentação das crianças deve deixar de ser uma pressão para que elas comam e concentrar-se mais na qualidade e na prevenção da obesidade», aconselha o especialista.

- As atividades pré-escolares

Existem diversos tipos de atividades, incluindo as físicas, as culturais, as artísticas e as linguísticas. «Cada família terá as suas prioridades e o que interessa é que as atividades, sejam elas quais forem, correspondam às necessidades da criança, não a fatiguem (nem a ela, nem aos pais), deem gozo (muito mesmo), sejam exequíveis, em termos de custo, deslocações e horários», aconselha Mário Cordeiro.

- A entrada na creche

Apesar de considerar que o regime ideal seria conceder uma licença de maternidade mínima de seis meses à mãe e dois ao pai, mais ano e meio de part-time sem perda de salário ou regalias Mário Cordeiro desdramatiza. «É importante que se destrua a ideia que as mães são más por deixarem os filhos nos atendimentos diurnos. Os filhos ficam melhor se tiverem mães completas, que se sentem realizadas aos vários níveis da sua vida e com sentido de utilidade social», diz.

- As brincadeiras

«Os pais são os melhores brinquedos dos filhos», refere Mário Cordeiro que aconselha os pais a brincarem com os filhos de forma espontânea e natural, sem demasiadas ordens ou regras. Quanto aos outros brinquedos, «basta meia dúzia, toscos, para exercitarem a imaginação e a criatividade», diz. «Claro que depois, há que estimular a manipulação fina e a relação corpo/mente, através do desenho, pintura, faz de conta, bonecos e puzzles», acrescenta.

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- Birras em público

Os mais pequenos tendem a usá-las, desde cedo, para tentarem obter o que querem. A melhor maneira de agir, segundo Mário Cordeiro, é «fazer como se o público não estivesse lá. Nem mais, nem menos», sublinha. «E sentir que se fica melhor na fotografia se se mantiver a ordem e o respeito do que se se ficar como capacho da criança, mesmo que a birra acabe», acrescenta ainda o especialista.

- Disciplina eficaz

Domar os mais pequenos nesta fase nem sempre é fácil. Mário Cordeiro tem a mais perfeita noção disso. «Os pais devem ter uma escala de recompensas ou de castigos, ser coerentes e consistentes, mas sobretudo vincar que adoram o filho, que ele é querido, e que é o seu comportamento ou ato que está a ser analisado», afirma o pediatra.

- Felicidade

A receita de Mário Cordeiro para fazer o seu filho feliz inclui «tudo o que lhe dê segurança, sentimento de pertença, amor, autoestima, autoimagem, rotinas e exceções, regras e educação, mas também algumas transgressões controladas». «Os pais (e restantes adultos) não devem regatear mimo, contacto físico, toque, tempo, disponibilidade, amor e dizê-lo aos filhos», acrescenta ainda o pediatra.

Texto: Vanda Oliveira