Muitas vezes esta quantidade de informação acaba por ser contraproducente, acabando por poder originar pais inseguros sobre qual a melhor atitude a ter durante as diversas fases de desenvolvimento dos filhos. Neste processo, há alguns aspectos aos quais, enquanto pai, mãe ou educador deve dar atenção:

1. Nível de ansiedade dos pais

Ser educador pode gerar muita ansiedade, pela quantidade de atenção e cuidado que a educação de uma criança implica. Se os pais tiverem muita propensão para quadros ansiosos, essa ansiedade pode passar para as crianças através da comunicação e do estabelecimento de regras e limites muito rígidos.

As crianças precisam de um equilíbrio saudável entre regras, limites e espaço para explorarem este mundo que estão agora a descobrir. Pais extremamente cuidadosos podem proteger demasiado as suas crianças. Expressões frequentes como “Não vás para aí que te magoas”, “Tem cuidado” ou “Não podes…” e “Tens de…” podem limitar as suas crianças.

Se vir que as crianças estão em risco de se magoar, intervenha directamente retirando-as da situação, sempre explicando a razão pela qual o está a fazer da forma mais tranquila possível. Se começar a sentir muita ansiedade no cuidado dos seus filhos, pode fazer sentido procurar ajuda profissional para que esses sintomas sejam compreendidos, contextualizados na sua história de vida e regulados de forma a não interferir com a educação das crianças.

2. Excesso de pressão de pessoas próximas

Este é outro dos fatores que pode interferir com a educação dos seus filhos. É natural ter pessoas na sua vida que considera terem um nível de sabedoria que o/a possam ajudar quando tem dúvidas. Se estas pessoas forem em número elevado, as opiniões podem ser tantas que o/a confundem quanto ao caminho a seguir.

É bom e saudável pedir ajuda quando tem dúvidas, mas isso não significa que tenha de seguir todas as opiniões que lhe dão. É igualmente importante fazer aquilo que considera mais correcto e que respeita os seus valores enquanto pessoa, ao mesmo tempo que respeita o ritmo de aprendizagem das crianças. Pode ser necessário ouvir-se a si mesmo/a e os seus instintos maternais/paternais na resolução dos desafios que a parentalidade lhe vai colocando.

3. Excesso de regras e limites

Se der por si a dizer muitas vezes que não aos seus filhos desde tenra idade, este pode ser um sinal ao qual deverá dar atenção. O medo que as crianças se magoem ou que tenham comportamentos que são considerados por si desadequados, pode levar ao excesso da palavra “não”. Quando as crianças ouvem muitas vezes a palavra “não” podem ter comportamentos de oposição, que traduzem o desejo de alguma liberdade pessoal.

É importante deixar as crianças escolher algumas coisas, como o brinquedo que querem levar para a escola ou a roupa que querem vestir (dentro de um leque de opções previamente seleccionado por si, se lhe for mais confortável). Este comportamento vai transmitir-lhes que a decisão deles é aceite, respeitada e valorizada. Se na sua experiência de filho teve uma educação muito rígida, poderá inconscientemente e instintivamente seguir o mesmo padrão de educação com os seus filhos.

Tome alguns minutos para perceber como a educação que recebeu pode estar a influenciar positiva ou negativamente a educação que dá aos seus filhos. Este nível de consciência é importante para que tome decisões de acordo com o que acha correcto e evitar seguir padrões automáticos e inconscientes que podem estar a influenciar a sua parentalidade.

Se tiver alguma dificuldade em entrar em contacto com isso ou achar que a educação que recebeu pode estar a influenciar de forma negativa a sua relação com os seus filhos pode fazer sentido procurar ajuda profissional.

4. Comunicação clara e elogios

Ninguém tem a capacidade para ler os pensamentos do outro e as crianças ainda menos. Para isso é importante explicar de forma clara, paciente e consciente ao seu filho ou filha os motivos pelos quais o/a deixa ou não ter determinado comportamento ou as razões pelas quais toma determinada decisão.

Torna-se também fundamental dizer-lhe que gosta dele/a ainda que não permita determinado comportamento e sempre que possível mostrar-lhe opções de comportamentos que ele pode ter e que são, na sua opinião, mais adequados ou seguros, sempre explicando as razões da sua escolha.

Podem nunca ter feito isso consigo e por isso mesmo se torna importante que tenha este nível de relação com os seus filhos. Eles podem não concordar momentaneamente com as suas decisões mas vão ver que tem razões para as decisões que toma e isso dá-lhes estrutura. Adicionalmente, tente sempre elogiar os comportamentos adequados dos seus filhos, mesmo que possam parecer irrelevantes. Isso faz com que as crianças se sintam valorizadas e direcciona-as para os comportamentos mais adequados.

5. A sua experiência enquanto filho/a

A sua história de vida e as experiências que teve na sua infância são distintas daquelas que o seu filho ou filha poderá ter. Se teve uma educação mais permissiva por parte dos seus pais, em que o/a deixavam fazer tudo o que quisesse e não tinha muitas regras ou limites não significa que o seu filho ou filha não precise de regras.

Se por outro lado teve uma educação demasiado rígida, não tendo espaço para expressar a sua opinião ou fazer algumas coisas que gostava, também não significa que tenha de ser dessa forma com o seu filho. Pense nos momentos importantes que teve enquanto criança e a que posturas parentais é que isso é atribuído. Por outro lado, pense nos momentos em que gostaria que os seus pais o/a ouvissem e coloque-se no lugar do seu filho sempre que está a colocar uma regra ou limite. A educação que dá ao seu filho pode ser diferente daquela que teve e isso significa que é alguém que pensa sobre as suas próprias experiências de vida e que aprende com elas.

Por último, gostaria que soubesse que é absolutamente natural ter dúvidas e que com certeza faz o melhor que consegue a cada instante na educação que dá aos seus filhos. Se tiver necessidade de cuidar de si para que cuide melhor e de forma mais saudável dos seus filhos, existem inúmeros profissionais que o/a podem ajudar.

Ana Sousa

Psicóloga Clínica

Psinove  - Inovamos a Psicologia