Quando os cadernos novinhos em folha deixam de ser motivação, a vida escolar transforma-se e nem sempre este processo é simples ou linear. O processo de adaptação de cada criança à escola, depois de um período mais ou menos alargado de férias ou, pelo menos, interrupção da atividade lectiva, não é automático nem tem um prazo para estar concluído. No entanto, nem sempre os ritmos, os prazos, os programas ou os afazeres do dia a dia se compadecem destas adaptações mais lentas que poderão necessitar de um pouco mais de acompanhamento ou atenção.

A famílias estão, geralmente, envolvidas na rotina das tarefas – desde as laborais às domésticas – que no dia-a-dia deixam muito pouco tempo disponível para parar e fazer um ponto da situação ou até perceber as dificuldades do seu filho neste processo de entrosamento com a escola. A escola, personificada pelos professores, está muitas vezes a lidar com turmas demasiado grandes e programas demasiado extensos para cumprir. E é fácil que, nesta sequência rápida de dias, também as dificuldades de adaptação das crianças possam permanecer despercebidas por mais tempo do que seria desejável. Poderíamos enumerar muitas mais obstáculos a ultrapassar pelas famílias e professores, justificando esta responsabilidade partilhada no acompanhamento escolar de cada criança.

A adaptação de uma criança à escola é complexa e vai depender de vários elementos, que terão uma importância também variável de criança para criança. A adaptação ao contexto de sala de aula, ao(s) professor(es), aos colegas, ao funcionamento da escola, aos conteúdos de aprendizagem. Existem múltiplas coisas a acontecer e todas elas devem ser tidas em conta quando se reflete sobre a adaptação, o bem estar da criança na escola.

A que estar atento? Como ajudar?

Não deve nunca perder de vista a importância de conversar com o seu filho sobre a escola, podendo perguntar-lhe como se sente ou quais as suas dificuldades. Tente também manter algum tempo de interação/relação desligado do tema da escola, ou seja, continue a brincar com o seu filho.

Por vezes, algumas criança poderão ter mais dificuldade em expressar o que se passa, ou o que sentem. Faça, por isso, um reflexão sobre o comportamento que observa do seu filho. Tente perceber eventuais alterações ou resistências. É também importante que esteja a par da matéria que o seu filho está a dar, podendo verificar em conjunto com ele os manuais e cadernos, monitorizando o estado do material que usa.

Se, apesar disto, mantiver dúvidas ou inquietações, não hesite em comunicar com o professor. Uma comunicação eficaz entre a família e a escola fomentará a tranquilidade de ambos os lados e permitirá sempre uma análise mais completa da situação.

Catarina Janeiro

Psicóloga Clínica

Psinove – Inovamos a Psicologia

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